O que sobrou para a esquerda governista e parte da imprensa chapa-branca
que suportam Dilma Rousseff e o governo do PT justificarem um protesto
espontâneo contra a presidente, entoado por 60.000 pessoas na abertura
da Copa? O de sempre. A velha pregação da luta de classes. Agora dizem
que não havia negros no Itaquerão, que lá estava apenas a elite
paulistana e a direita raivosa. E que por isso houve quatro ou cinco
vaias contra a presidente. A mentira não para em pé.
O mesmo xingamento de ontem foi ouvido há duas semanas num show gratuito
de rock, realizado em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Lá estava o
rapper Falcão, um negro, band leader do Rappa. Antes do início do show,
Falcão, um negro, fez uma crítica equilibrada e sensata sobre a Copa do
Mundo. Espontânea e surpreendentemente 40.000 jovens endossaram as
palavras de Falcão e passaram a entoar a mesma vaia repetida ontem por
60.000 pessoas no jogo da abertura.
O que fica claro é a indignação dos brasileiros, indiferente de idade,
raça ou posição social, contra a Copa do Mundo fora do campo. Não é
contra o país. Não é contra a seleção brasileira. Não é contra o nosso
Hino Nacional, maravilhosamente cantado à capela. É contra o governo do
PT, ali representado pela Presidente da República. Uma indignação que
está presa na garganta. Uma revolta. Um prenúncio. Só não vê quem não
quer.
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