Leonardo Sakamoto
Quem
está acostumado a ir em estádios em jogos da série A e B do campeonato
brasileiro (sou palmeirense, não desisto nunca), em caneladas de campos
de várzea com esquadras de brasileiros e bolivianos ou se lembra
do saudoso Desafio ao Galo, estranha quando vê as arquibancadas
praticamente monocromáticas da Copa do Mundo.
Por favor, não me leve a mal. Todos têm direito a se divertir.
Mas como temos mais brancos ricos do que negros ricos por aqui (fato totalmente aleatório uma vez que não somos racistas) era de se esperar que isso acontecesse.
Ainda mais, considerando-se a facada que pode ser um ingresso diretamente com a Fifa ou via a sagrada instituição do camelô.
Ouvindo o rádio, o locutor cravou: “Olha que maravilha! É a família brasileira voltando para os estádios''. Na verdade, um tipo específico de família, a de comercial de margarina.
Pois os jogos de Copa são um momento em que o tecido espaço-tempo se rasga e tudo ganha caras de universo paralelo – regado a muito dinheiro público e ação pesada para manter as “classes perigosas'' longe.
Na dúvida, bomba nelas.
Particularmente acho que a consequência imediata mais nefasta da presença de uma torcida que não frequenta estádios regularmente é que ela não empurra o time como necessário.
“Leleô, leleô, lelêo'', “Brasil, Brasil, Brasil'' e “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooor!'' (#vergonhalheia) intercalados com grandes momentos de silêncio é algo estranho de se ver.
Não estou defendendo que o estádio seja dividido entre a Mancha, a Gaviões e a Independente (essas, sim, capazes de empurrar qualquer coisa e que não param nunca – mas que vêm com a contrapartida de alguns dodóis que não sabem brincar sem bater).
Apenas afirmando que aquela, no estádio, não era a “torcida brasileira''. Nem de longe!
A torcida que, faça chuva ou faça sol, ganhando ou perdendo, está lá apoiando seu time, ao vivo, por mais medíocre que ele seja. Esse pessoal, que ajuda nosso futebol a ser o que é, mereceria estar melhor representado nas arquibancadas do Itaquerão.
Fico imaginando como seria se o preço fosse acessível e o acesso aos ingressos viesse pelas mais democrática das práticas: o sorteio de interessados cadastrados. Talvez mais gente que assistiu a partir do telão no Anhangabaú estivesse em Itaquera.
Pessoal que não tira selfie no trem, a caminho do jogo, e posta nas redes sociais pois já pega o mesmo trem todos os dias para ir ao trabalho.
Galera para a qual, esta quinta (12), não foi sua primeira, nem sua última vez na periferia da cidade.
Turma que trabalhou nas obras que tornaram o circo possível. Mas, agora, vão assistir tudo a uma distância considerada segura pelos donos da festa.
Por favor, não me leve a mal. Todos têm direito a se divertir.
Mas como temos mais brancos ricos do que negros ricos por aqui (fato totalmente aleatório uma vez que não somos racistas) era de se esperar que isso acontecesse.
Ainda mais, considerando-se a facada que pode ser um ingresso diretamente com a Fifa ou via a sagrada instituição do camelô.
Ouvindo o rádio, o locutor cravou: “Olha que maravilha! É a família brasileira voltando para os estádios''. Na verdade, um tipo específico de família, a de comercial de margarina.
Pois os jogos de Copa são um momento em que o tecido espaço-tempo se rasga e tudo ganha caras de universo paralelo – regado a muito dinheiro público e ação pesada para manter as “classes perigosas'' longe.
Na dúvida, bomba nelas.
Particularmente acho que a consequência imediata mais nefasta da presença de uma torcida que não frequenta estádios regularmente é que ela não empurra o time como necessário.
“Leleô, leleô, lelêo'', “Brasil, Brasil, Brasil'' e “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooor!'' (#vergonhalheia) intercalados com grandes momentos de silêncio é algo estranho de se ver.
Não estou defendendo que o estádio seja dividido entre a Mancha, a Gaviões e a Independente (essas, sim, capazes de empurrar qualquer coisa e que não param nunca – mas que vêm com a contrapartida de alguns dodóis que não sabem brincar sem bater).
Apenas afirmando que aquela, no estádio, não era a “torcida brasileira''. Nem de longe!
A torcida que, faça chuva ou faça sol, ganhando ou perdendo, está lá apoiando seu time, ao vivo, por mais medíocre que ele seja. Esse pessoal, que ajuda nosso futebol a ser o que é, mereceria estar melhor representado nas arquibancadas do Itaquerão.
Fico imaginando como seria se o preço fosse acessível e o acesso aos ingressos viesse pelas mais democrática das práticas: o sorteio de interessados cadastrados. Talvez mais gente que assistiu a partir do telão no Anhangabaú estivesse em Itaquera.
Pessoal que não tira selfie no trem, a caminho do jogo, e posta nas redes sociais pois já pega o mesmo trem todos os dias para ir ao trabalho.
Galera para a qual, esta quinta (12), não foi sua primeira, nem sua última vez na periferia da cidade.
Turma que trabalhou nas obras que tornaram o circo possível. Mas, agora, vão assistir tudo a uma distância considerada segura pelos donos da festa.
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