Pré-candidata à reeleição, a
presidente Dilma Rousseff adotou uma tática discreta a fim de evitar vaias
nesta quinta-feira, 12, dia da abertura da Copa do Mundo no Brasil, mas acabou
sendo alvo de protestos na Arena Corinthians, em São Paulo, onde o time
brasileiro venceu a equipe croata por 3 a 1.
Por três vezes, parte dos
torcedores um coro ofensivo à presidente. A primeira após ela chegar ao
estádio, a segunda depois da execução do hino nacional e a terceira no
finalzinho do jogo. Após a partida, assessores da presidente em Brasília
afirmaram que a hostilidade contra ela no estádio já era esperada mas que a
agressividade surpreendeu.
Ainda durante a partida, quando
Neymar fez o gol de pênalti, Dilma e o vice, Michel Temer, foram mostrados no
telão do estádio comemorando bastante. Acabaram vaiados. A exibição não estava
no script. Havia uma ordem da Fifa para não mostrá-la, justamente para evitar a
saia-justa.Cerca de 61 mil pessoas
compareceram ontem à abertura da Copa. O preço pago pelos ingressos variou, no
mercado oficial, de R$ 160 a R$ 990.
A petista fez de tudo para evitar
exposição excessiva nesta quarta. Como esperado, abriu mão do tradicional
discurso presidencial de abertura dos jogos. Há algumas semanas, ela disse num
jantar com jornalistas que desistiu de falar a pedido do presidente da Fifa,
Joseph Blatter - ele também foi alvo de protesto ontem no estádio da zona leste
paulistana.
Dilma também evitou discursos
públicos nos eventos dos quais participou antes do jogo. Pela manhã, teve um encontro com
a presidente do Chile, Michelle Bachelet, no Palácio do Planalto. Abordada por
jornalistas ao final da reunião, afirmou: “Hoje eu não falo, hoje é assim...”,
fazendo sinal de positivo com as mãos. A presidente viajou em seguida para São
Paulo. Aproveitou para falar pela internet: postou tuítes exaltando a Copa.
Já na capital paulista, almoçou
num hotel com chefes de Estado que vieram ao Brasil em razão do evento e fez um
breve discurso a portas fechadas. Lá dentro, pediu para que todos cantassem
parabéns, cada um na sua língua, pelo aniversário do secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. Dilma cantou em inglês. Na saída, a presidente foi
novamente abordada por jornalistas, que queriam ao menos uma declaração sobre o
seu palpite para o jogo. “Concentração! Concentremo-nos”, respondeu ela.
A cautela de Dilma ao se expor
ontem está num contexto de queda de popularidade - a mais recente pesquisa
Ibope mostra que, pela primeira vez desde que ela tomou posse, em 2011, o
índice de pessoas que consideram seu governo ruim ou péssimo é maior do que o
índice dos que o consideram bom ou ótimo.
Em junho do ano passado, em meio
à série de manifestações que tomou o País, Dilma foi vaiada ao discursar na
abertura da Copa das Confederações, evento de preparação para o mundial.
Desde então, a mistura de
protestos, gastos públicos com a Copa e sentimento de insatisfação se tornou um
problema para o governo. O Planalto começou a investir em publicidade para
tentar promover o evento e se defender das críticas sobre o desembolso
excessivo de dinheiro.
Na terça-feira, a presidente usou
a cadeia nacional de TV para defender obras da Copa e chamar de “pessimistas”
seus opositores. A ideia foi compensar a ausência de discurso ontem no estádio
- desde 1986, os mundiais de futebol são abertos oficialmente pelo presidente
do país-sede.(Estadão)
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