SÃO
PAULO - As vaias à presidente Dilma Rousseff e à Fifa durante o jogo de
abertura da Copa do Mundo nesta quinta-feira entre Brasil e Croácia
repercutiram nos jornais internacionais. A governante e o presidente da
Fifa, Joseph Blatter, evitaram discursar durante a estreia, depois que
foram hostilizados na Copa das Confederações no ano passado. No entanto,
a torcida não deixou de mostrar o descontentamento durante a partida em
que o anfitrião derrotou o adversário por 3 a 1.
As manifestações de ruas pelo país também foram destaque no "Washington Post". Para o jornal americano, os protestos foram motivados pela irritação dos brasileiros com os custos da Copa - entre US$ 11 e US$ 14 bilhões - enquanto o país ainda têm muitas deficiências em áreas como habitação, educação e saúde. "A raiva era evidente no estádio, dirigida tanto à Fifa como ao governo brasileiro. Cerca de uma hora antes do apito inicial, os fãs no estádio gritavam o nome da presidente com um palavrão", ressaltou a reportagem.
O espanhol "El País" afirmou que a presidente não discursou na abertura para não correr o risco de ser vaiada, como ocorreu na Copa dos Confederações no ano passado. No entanto, o jornal ressalta que mesmo com a manobra, ela não conseguiu evitar o grito contrário dos torcedores minutos antes do jogo começar.
O misto de vaias e cantos no primeiro dia do torneio é apontado pela "Bloomberg", como o reflexo do "sentimento contraditório de muitos brasileiros sobre o Brasil sediar o evento que teve os preparativos marcados por atrasos e estouros de orçamento". A agência inglesa relaciona as críticas da torcida com a queda de Dilma nas pesquisas de intenção de voto. A "Reuters" comentou que a presidente tem defendido a Copa já pensando na tentativa de reeleição no pleito presidencial deste ano.
O "La Nación" ressaltou que as reações hostis foram maneira que os torcedores encontraram para expressar a raiva com o governo brasileiro. O jornal argentino destacou que as as vaias não foram esquecidas pelos espectadores durante a partida e voltaram em alguns momentos do jogo, apesar da alegria presente no estádio.
"A Copa do Mundo no Brasil começou e o futebol é percebido em cada esquina. Mas não se engane: ele também respira política".
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