Publicado: 25 de abril de 2014 às 0:00 - Diário do Poder
Jânio Quadros e João Goulart formaram
mais do que uma dobradinha vitoriosa nas eleições de 1960. Caíram pelos
mesmos erros. No caso, por tentarem enfrentar todos os problemas
nacionais de uma só vez. Poderiam ter escalonado objetivos,
concentrando-se em cada um a seu tempo e seus recursos. Imaginaram mudar
tudo de pronto.
Jânio, por julgar-se acima do país, do bem e do mal,
fruto de sua extraordinária votação e popularidade, acreditou poder
subjugar forças poderosas e conflitantes que começou a contrariar em
conjunto. Elas se uniram e o levaram à tresloucada tentativa de
tornar-se ditador. Felizmente,quebrou a cara.
Jango quis igualar-se a Getúlio Vargas, sem atentar
para o fato de que seu mentor e patrono levou quinze anos para
estabelecer novas estruturas sociais e industriais. Pensou que três anos
seriam suficientes para promover as reformas agrária, bancária,
tributária, urbana, educacional, sindical, política e até castrense. Foi
posto para fora.
Porque se recordam aqueles idos? Porque o Lula,
faça-se justiça, chegou ao poder sem ideia de repetir os antecessores
longínquos e mudar tudo. Ao contrário, manteve a política econômica de
Fernando Henrique, ainda que no plano social empreendesse avanços
significativos. Dilma Rousseff seguiu na mesma linha e, pelo jeito, não
pretende alterar seu modo de governar.
O diabo é que o Brasil precisa mudar. As reformas de
Jango e as contradições de Jânio começam a fazer-se lembradas, dada a
prevalência dos vícios acumulados nas últimas décadas, com peso bem
superior aos benefícios verificados.
Existe algum candidato a mudar tudo? Nem pensar.
Dilma, ainda favorita, pretende no segundo um video-tape do primeiro
mandato. Aécio Neves e Eduardo Campos fogem como o diabo da cruz de
qualquer alteração profunda nas instituições. Propõem apenas correções.
É aqui que as coisas enrolam, porque mal ou bem,
certo ou errado, o sentimento nacional clama por mudanças. E se não
aparece quem possa promovê-las eleitoralmente, serão as ruas a
reivindicar a iniciativa.
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