sexta-feira, 25 de abril de 2014

Carlos Chagas A HORA DAS MUDANÇAS


Publicado: 25 de abril de 2014 às 0:00 - Diário do Poder

Jânio Quadros e João Goulart formaram mais do que uma dobradinha vitoriosa nas eleições de 1960. Caíram pelos mesmos erros. No caso, por tentarem enfrentar todos os problemas nacionais de uma só vez. Poderiam ter escalonado objetivos, concentrando-se em cada um a seu tempo e seus recursos. Imaginaram mudar tudo de pronto.

Jânio, por julgar-se acima do país, do bem e do mal, fruto de sua extraordinária votação e popularidade, acreditou poder subjugar forças poderosas e conflitantes que começou a contrariar em conjunto. Elas se uniram e o levaram à tresloucada tentativa de tornar-se ditador. Felizmente,quebrou a cara.

Jango quis igualar-se a Getúlio Vargas, sem atentar para o fato de que seu mentor e patrono levou quinze anos para estabelecer novas estruturas sociais e industriais. Pensou que três anos seriam suficientes para promover as reformas agrária, bancária, tributária, urbana, educacional, sindical, política e até castrense. Foi posto para fora.

Porque se recordam aqueles idos? Porque o Lula, faça-se justiça, chegou ao poder sem ideia de repetir os antecessores longínquos e mudar tudo. Ao contrário, manteve a política econômica de Fernando Henrique, ainda que no plano social empreendesse avanços significativos. Dilma Rousseff seguiu na mesma linha e, pelo jeito, não pretende alterar seu modo de governar.

O diabo é que o Brasil precisa mudar. As reformas de Jango e as contradições de Jânio começam a fazer-se lembradas, dada a prevalência dos vícios acumulados nas últimas décadas, com peso bem superior aos benefícios verificados.

Existe algum candidato a mudar tudo? Nem pensar. Dilma, ainda favorita, pretende no segundo um video-tape do primeiro mandato. Aécio Neves e Eduardo Campos fogem como o diabo da cruz de qualquer alteração profunda nas instituições. Propõem apenas correções.

É aqui que as coisas enrolam, porque mal ou bem, certo ou errado, o sentimento nacional clama por mudanças. E se não aparece quem possa promovê-las eleitoralmente, serão as ruas a reivindicar a iniciativa.

Nenhum comentário: