Um evento organizado pelo governo federal, Diálogos Governo-Sociedade Civil, cujo objetivo era mostrar os benefícios trazidos pela Copa à população e desestimular manifestações, virou palco de protestos de manifestantes.
Cerca de trezentas pessoas, representantes de 70 instituições, como sindicatos, movimentos sociais, como os dos sem-teto, entre outras lideranças locais, lotaram hoje um salão na Casa de Portugal, no centro de São Paulo.
Enquanto o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, fazia uma apresentação sobre "o que o Brasil ganhou com a Copa", uma faixa estendida por manifestantes por trás dele informava: "Não vai ter Copa".
Faixas variadas criticavam a Fifa, outras traziam xingamentos sem alvo específico.
Ministro Gilberto Carvalho fala enquanto manifestantes estendem faixa de protesto |
Gritos interrompiam a todo momento os palestrantes, que incluíam a vice-prefeita Nádia Campeão, o secretário estadual de planejamento Julio Semeghini e o professor da FGV Pedro Trengrouse.
Um grupo que vestia camisetas que traziam a inscrição "O povo de rua é o primeiro eliminado da Copa" ironizava todas as informações divulgadas pelos palestrantes.
Em um dos momentos em que foi pedido silêncio na sala, um homem, que se recusou a se identificar, desafiou: "Aqui não tem como mandar a polícia bater na gente ou então jogar bombas, não é?".
Até um dos membros da mesa, Trengrouse, aproveitou para fazer um protesto. Reclamou da falta de apoio do governo federal aos eventos populares para a Copa.
"Se o [ex-presidente] Lula estivesse no lugar da Dilma [Rousseff], acho que o clima não teria esfriado tanto. Mas antes tarde do que nunca."
Carvalho ressaltou não crer que tornar mais duras as penas contra os manifestantes solucionará o problema, mas afirmou acreditar no diálogo.
"O governo federal está determinado a romper a desinformação, ou meias verdades, que fazem os manifestantes acreditarem que a Copa é o paraíso dos ladrões e que a Fifa impôs o que quis", justificou Carvalho, sobre o objetivo da série de eventos programados para todas as sedes da Copa do Mundo-14.
Seu principal argumento foi o de que o Mundial serviu como um tipo de catalisador para obras de infraestrutura.
Mesmo após todas as explanações, o morador de rua Joel da Cruz Santos, 38, deixou a reunião com uma dúvida, das mais singelas. "Além das melhorias em saúde, educação e moradia, sera que de uma hora para a outra vão dar ingressos [para as partidas da Copa] para o povo?"
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Grupo vestia camisetas com a mensagem, em inglês, "O povo de rua é o primeiro eliminado da Copa" |
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