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Por Hélio Duque
O Festival de Besteiras que assola o País,
genial criação do saudoso Sérgio Porto, acaba de ganhar notável porta voz:
Dilma Rousseff. Em Pernambuco, fantasiada com o macacão dos trabalhadores da
Petrobrás, a presidente da República, incorporando o realismo fantástico de
Gabriel García Marquez, acusou: os críticos da Petrobrás são seus inimigos.
O Brasil não é Macondo. Subestimou a
inteligência nacional, agrediu os brasileiros conscientes e implicitamente
defendeu o programa de aceleração da corrupção que invadiu e violentou a
história da estatal brasileira. Ignorou a força moral que é condição primária e
fundamental para governantes sérios e comprometidos com o seu povo, tentando
nocautear a verdade.
Na sua tresloucada acusação, tentou inibir
os críticos e a oposição brasileira, em um jogo dialético primário, onde amigos
e inimigos da Petrobrás se confrontariam. Tenta se eximir das
responsabilidades, desprezando a verdade, omitindo o fato da empresa ter sido
aparelhada pela incompetência geradora do “ciclo de corrupção” que vem vitimando
a sua marca histórica.
Orgulho nacional, os seus qualificados
profissionais de carreira sentem-se agredidos pelos fatos surrealistas que vem
colocando a empresa em roteiro perigoso. Enfraquecer a Petrobrás é crime de
lesa pátria, daí em boa hora o Ministério Público, a Polícia Federal e o
Tribunal de Contas da União iniciarem investigações de transações suspeitas,
com superfaturamento e evasão de divisas que vem levando a empresa a frequentar
as páginas policiais dos órgãos de imprensa.
Usando o primarismo dialético, criado pelo
realismo fantástico da Sra. Dilma Rousseff,
apontaremos os verdadeiros inimigos da empresa. São eles:
1. Quem desvalorizou a Petrobrás em 101
bilhões e 500 milhões de dólares, rebaixando-a de 12ª maior empresa do mundo em
valor de mercado, para a posição 120ª, afetando os programas de investimentos
fundamentais para o futuro do desenvolvimento nacional.
2. Quem nomeou e manteve por oito anos o
diretor Paulo Roberto Costa, na estratégica área de abastecimento e refino.
Pela primeira vez na história, um seu dirigente foi preso pela Polícia Federal
como integrante de quadrilha de lavagem de dinheiro.
3. Quem patrocinou a compra da Refinaria de
Pasadena, a um preço astronômico de 1 bilhão e 200 milhões de dólares.
Anteriormente comprada pelo grupo belga do Barão Albert Frére, por 42 milhões
de dólares.
4. Quem lançou a pedra inaugural da
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, com custo projetado de 3 bilhões de dólares. Seria associada com a estatal
venezuelana, que em tempo caiu fora. Hoje a previsão do custo final da unidade
de refino está próxima dos 20 bilhões de dólares. Fica demonstrado o superfaturamento
caviloso e nocivo às finanças da Petrobrás.
5. Quem promove o desalinhamento dos preços
dos combustíveis, em função da demagogia populista, obrigando a empresa a
importar derivados de petróleo a preços de mercado e vender internamente a
preço menor. A cada 30 dias a Petrobrás tem prejuízo de 1 bilhão de dólares.
6. Quem não respeita o padrão de excelência
em tecnologias inovadoras construídas pelos seus quadros técnicos, ignorando
que a Petrobrás responde por 12% do PIB brasileiro, sendo responsável, apesar
de tudo, por programa de investimento maior do que o da União.
7. Quem levou o valor das suas ações a um
recorde de desvalorização. Em janeiro de 2003, o seu valor era de R$ 46,56.
Hoje o seu teto vem sendo R$ 16,00. Para atingir seu valor real teria de ter
uma correção de 223%. Os seus acionistas minoritários, donos de 48% do seu
capital, tiveram as suas finanças confiscadas e deterioradas.
São fatos chocantes e indesmentíveis, e tem
um único responsável: os governos Lula e Dilma Rousseff. Querer inverter a
equação traduzida em inflação de escândalos e traficâncias patrimonialistas,
atribuindo as revelações de delitos a inimigos da Petrobrás é achar que os
brasileiros são tolos, idiotas assumidos e ignorantes parvos.
Hélio Duque é doutor em Ciências, área
econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi Deputado Federal
(1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.
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