Fernando
Francischini (PR), líder do Solidariedade na Câmara, já afirmou que vai
pedir a expulsão do deputado Luiz Argôlo (BA), singelamente tratado
pelo doleiro Alberto Youssef como “Bebê Johnson”. Que coisa mais fofa!
Sinto daqui o cheiro dos cosméticos infantis… Ah, tenham paciência!
Saímos da esfera da crônica policial para a de costumes. Nesta sexta,
ele já perdeu o cargo de vice-líder do partido na Casa.
O que este
tal Argôlo — de quem, confesso, nunca tinha ouvido falar — ainda faz na
Câmara? Vai ser cassado mesmo! O processo já foi aceito pelo Conselho
de Ética. Por que não tem o bom senso de renunciar para evitar maiores
constrangimentos a si mesmo e ao Parlamento brasileiro.
Alguém
dirá que isso tudo tem a ver com financiamento privado de campanha; que,
se fosse público, coisas assim não aconteceriam. Besteira! Essas coisas
têm outra natureza. Quem quer manter esse tipo de promiscuidade não
precisa de lei a orientá-lo; o seu negócio é justamente desrespeitar as
leis.
Aliás, o Solidariedade não tem de anunciar nada! Expulse e pronto! Ou imagina ainda alguma defesa possível para Luiz Argôlo, aquele que saltou direto da obscuridade para o Conselho de Ética e, dali, certamente para a cassação?
Argôlo tem
o direito de ser amigo de quem quiser e de ser chamado, por esses
amigos, de Bebê Johnson. Só não pode ser com dinheiro público.
Argôlo usou passagens da Câmara para encontrar doleiro
Por Laryssa Borges, na VEJA.com. Volto no próximo post:
A Operação Lava-Jato da Polícia Federal apontou que o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) mantinha uma estreita relação com o doleiro Alberto Youssef, pivô de um megaesquema de lavagem de dinheiro. Agora, os desdobramentos das investigações indicam que o deputado não só participou da trama criminosa do doleiro, como o fez com dinheiro público. Segundo a PF, Argôlo usou passagens aéreas pagas pela Câmara para se reunir com Youssef. O político baiano responde a processo de cassação no Conselho de Ética da Casa.
Apelidado
pelo doleiro de “bebê Johnson”, Argôlo utilizou 18.188,85 reais de sua
cota parlamentar da Câmara para emitir bilhetes aéreos em novembro do
ano passado. A emissão de passagens é permitida em lei, mas os altos
valores declarados em apenas um mês levantaram suspeitas da Polícia
Federal, que há tempos monitorava as atividades de uma rede de doleiros
no país. As investigações apontam que Alberto Youssef tinha um telefone
exclusivo para falar com Argôlo.
No dia 26
de novembro do ano passado, o deputado comprou com dinheiro público um
bilhete de Brasília para o Aeroporto de Congonhas (SP), no valor de
1.624,55 reais, para conversar pessoalmente com Youssef na capital
paulista. O bilhete número 9572480.419740, da TAM, foi utilizado dias
após Argôlo reclamar, em uma conversa no dia 19 de novembro, das
dificuldades na entrega de dinheiro movimentado pelo esquema. Um
interlocutor registrado como “LA”, que a Polícia Federal diz ser Argôlo,
se queixa da quantidade de dinheiro: “Impossível eu ter errado. É
aquele [sic] ‘num’ mesmo que te falei”. Na sequência, Youssef avisa que
tentará resolver a situação: “Nao vou ficar doido agora, tranquilo,
amanhã falo com ele e vemos entre nós. Não tem erro. Confere direito
para não dar mais para alguém, só isso. E olhe lá de novo”.
Em março
deste ano, Argôlo utilizou novamente os recursos da Câmara para comprar
passagens e se encontrar com o doleiro. No dia 10 de março, um bilhete
no valor de 826,57 reais foi emitido pela Avianca para o trecho entre
Salvador e Brasília. Nos dias que antecedem a emissão do bilhete, o
deputado cobra de Youssef o pagamento de 200.000 reais. Nas mensagens
trocadas entre Argôlo e Youssef, monitoradas pela Polícia Federal, o
parlamentar exige o pagamento: “200 hoje resolve”. Depois de novas
cobranças, o doleiro diz que vai resolver: “Calma que eu estou
resolvendo. Sei o que você está passando”.
No dia
seguinte, 7 de março, nova pressão do parlamentar: “Me dá notícia, o que
você tem para depositar hoje. Tenho vários compromissos”, diz em
mensagem enviada a Youssef. No mesmo dia, o deputado volta a reclamar
que o doleiro não enviou o dinheiro prometido e afirma que os recursos
ainda não estão na conta bancária indicada por ele. “Não entrou ainda.
Zero”, reclama. Na sequência, manda uma foto que a Polícia Federal
acredita ser de um extrato bancário da conta que deveria ter recebido o
depósito. A baixa qualidade da imagem não permitiu que os policiais
identificassem os dados inseridos.
Argôlo
continua com as cobranças até que, em 10 de março deste ano, parece
perder a paciência. Nas mensagens, reclama que viajou exclusivamente
para se encontrar com Youssef e que o doleiro, chamado de última hora
para uma reunião com o presidente da UTC/Constran, Ricardo Pessôa, não
pode recebê-lo. Argôlo também tinha um encontro agendado com Pessôa,
cujo nome já aparecia nas anotações do ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa, também preso na Operação Lava-Jato. A passagem, paga pela
Câmara, foi emitida pela Avianca. De acordo com a PF, as cobranças de
Argôlo poderiam ocorrer porque “frequentemente Youssef mentia para seus
clientes sobre as datas de entrega, de depósitos e de remessas de
dinheiro.
Além das
passagens aéreas, Argôlo também utilizou um telefone celular da Câmara
para o envio das mensagens ao doleiro. Entre 14 de setembro de 2013 e 17
de Março de 2014, foram 1.411 mensagens trocadas entre os dois. A
operadora Vivo confirmou à PF que o aparelho Black Berry utilizado por
“LA” está registrado em nome da Câmara dos Deputados.
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