"Vamos ter a missão de encontrar o novo Martin Scorsese". A afirmação do produtor brasileiro Rodrigo Teixeira à Folha, neste sábado (17), em Cannes, pode parecer pretensiosa, mas existe uma diferença: ele terá o próprio Martin Scorsese ao seu lado na missão de encontrar jovens talento do cinema.
O diretor de "Taxi Driver" (1976), "Touro Indomável" (1980), entre outros filmes clássicos, será parceiro de Teixeira em uma joint venture com a missão de encontrar, ajudar e produzir filmes de cinco novos cineastas, com um ou dois filmes no currículo, e de baixo orçamento - no máximo US$ 5 milhões.
"Estou entusiasmado e energizado de trabalhar com Rodrigo Teixeira e a RT Features nesta iniciativa", declarou Scorsese em um comunicado oficial. "Está ficando cada vez mais difícil para jovens diretores fazerem seus filmes. Este fundo fornecerá suporte real onde tanto se precisa."
O produtor Rodrigo Teixeira encontrou o seu parceiro no fundo em outubro do ano passado, mas apenas nesta semana o contrato foi finalmente assinado. Inicialmente, sua produtora, a RT Features, com sede em São Paulo, ficará responsável pela primeira seleção dos nomes a serem apresentados para Martin Scorsese. "Ele aprovará tudo, do nome à edição final. Nossos nomes estarão juntos nos créditos de produtores, o que é um sonho para mim", conta o brasileiro.
A procura já está acontecendo neste momento no Festival de Cannes. "Temos uma pessoa destacada vendo tudo o que é possível de novos cineastas", diz Teixeira, que pretende filmar os cinco longas da parceria com a Sikelia Prods., de Scorsese, em um espaço de três anos -com o primeiro já em 2014. "Não há um número específico de projetos que precisamos passar, mas devemos ser seletivos.
Scorsese é um homem que ama cinema e vive de sua preservação, então ele decide qual projeto passa para a etapa seguinte."
Apesar do foco da joint venture ser majoritariamente em filmes de língua inglesa, isso não significa que o Brasil não tem chances de revelar seu "novo Martin Scorsese". "Acho que temos bons nomes em nosso país e o fato da RT Features ser brasileira deve gerar um espaço importante para nossos diretores no começo da carreira. Já estamos de olho em alguns", revela, adiantando uma grande característica que esse novo cineasta precisa ter se quiser ser analisado e apoiado por Scorsese.
"Precisa possuir uma visão universal. Por causa de nossa grande produção local, os diretores brasileiros tendem a olhar muito para dentro, ao contrário do Chile e da Argentina. Mas nada impede que o novo Scorsese saia do Brasil."
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