- 07/06/2014 10h55
- Brasília
Agência Brasil
A menos de uma semana da Copa do Mundo, o sentimento dos brasilienses está dividido em relação ao Mundial. Muitos sentem uma mistura de ansiedade e animação com a proximidade dos jogos e com a Copa em território brasileiro. Entretanto, a indignação e a insatisfação com os gastos feitos pelo governo para realização do evento não são ignoradas.
Em Brasília, algumas ruas estão enfeitadas e há quadras comerciais "vestidas" de verde e amarelo. No trânsito também é possível ver a animação de alguns torcedores. Há carros adesivados com bandeiras do Brasil, com bandeirinhas e fitas nas janelas. Há quem ache que a cidade - que vai sediar sete partidas do Mundial - ainda não está no clima de Copa como em anos anteriores.
As quadras residenciais estão enfeitadas de forma tímida - umas mais, outras menos, mas nada comparado a edições anteriores. O estudante Marco Rezende, 21 anos, disse que gosta de futebol, mas que o entusiasmo é outro.
"Eu vou assistir aos jogos. Eu gosto, mas não estou muito animado. Eu acho que Copa sempre foi uma coisa que todos assistimos juntos e torcemos para o Brasil. Hoje está um pouco dividido. Minha quadra, por exemplo, já foi mais enfeitada em outras Copas”, disse o morador da 412 sul.
“Achei que, por ser no Brasil, as pessoas ainda não acordaram, é como se a ficha não tivesse caído ainda. Não vejo os carros enfeitados, não estou vendo tudo decorado e a mobilização que esperava por causa da Copa ser país. Acho que ainda há muita tensão por causa das manifestações”, disse a servidora Paloma Figueirôa, 24 anos.
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“A desanimação que eu percebo tem a ver com as pessoas acharem que o governo gastou e errou ao ter trazido a Copa para o país. Mas temos o futebol como paixão. Eu também apoiei as manifestações quando achei que ainda dava para fazer algo. Agora, o que pode ser feito é depois. Os jogadores e o campeonato não têm culpa. Podemos nos manifestar de outras formas, sem revolta e baderna. Os olhos do mundo estarão voltados para nós”, destacou.
Integrante do Comitê Popular da Copa do Distrito Federal, Vinícius Lobão acredita que a população esteja mais revoltada do que acomodada ou satisfeita com a Copa.
“Mesmo os que compraram ingressos para assistir aos jogos estão por dentro das diversas violações que foram cometidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), pelos seus patrocinadores e pelo Estado por conta da realização desse evento”, explicou Lobão, em referência às denúncias de remoção de famílias dos locais onde foram construídos estádios, sem planejamento ou as indenizações devidas.
De acordo com ele, a mobilização e a insatisfação das pessoas - como consequência de informações sobre irregularidades - foi uma conquista dos comitês populares e de diversos outros movimentos sociais desde junho do ano passado.
“Antigamente, pouco se debatia ou conversava sobre política em geral - saúde, mobilidade urbana, educação, modelo de cidade -, hoje, independentemente da opinião, ao menos se debate. Acreditamos que esse é um primeiro passo para uma transformação, para uma sociedade mais justa e para que a população se conscientize”, destacou.
Para ele, os questionamentos e as manifestações não serão esquecidos com o início dos jogos. “Estaremos nas ruas, seja em protestos pacíficos, com rodas de debate e ações de panfletagem. Já temos um calendário montado para todos os dias de jogos que acontecerão aqui em Brasília, cada um com um tema diferente, para que possamos debater e informar a população sobre diversos assuntos”, disse.
Apesar de achar que os recursos destinados à competição foram mal gastos, a publicitária Marja de Sá, 29 anos, acredita que a hora de fazer protestos passou e que, agora, o momento é de torcer.
“Eu adoro a Copa, sempre acompanho e estou muito animada em poder ir aos jogos. Consegui [ingressos para] todos [os jogos] de Brasília”, disse Marja.
Para ela, ainda há muita desinformação em torno do assunto. “Há muita publicação falando que o país deixou de investir em educação e saúde para fazer a Copa, quando, na verdade, não falta dinheiro para nenhuma área.
O que falta é a gestão adequada dos recursos. O problema é que escolhemos maus gestores”, explicou.
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