Por Giancarlo Lepiani, na VEJA.com:
Foi suado e difícil, mas o Brasil passou no último teste antes do início da Copa do Mundo. Num amistoso truncado e com poucos lances bonitos, a seleção do técnico Luiz Felipe Scolari derrotou a Sérvia por 1 a 0, gol de Fred, no Estádio do Morumbi, em São Paulo.
A equipe mostrou um
futebol pouco empolgante, com muitos erros – e, desta vez, Neymar pouco
conseguiu fazer. Mas o time soube lidar com as dificuldades, aguentou
bem a pressão e não se abateu quando o público paulistano, famoso por
ser sempre exigente, chiou com as falhas da seleção.
O grupo de Felipão
parece suficientemente maduro para lidar com a ansiedade e o nervosismo
do primeiro jogo, na semana que vem. Felipão, entretanto, terá de
aproveitar bem os últimos dias de preparativos para o começo da
competição: seu time ainda mostra problemas no setor de marcação e tem
tido pouca inspiração na armação das jogadas.
A seleção viaja de volta
ao Rio de Janeiro ainda na noite desta sexta, em voo fretado, mas a
equipe só volta a trabalhar na Granja Comary no domingo: os jogadores
ganham folga no sábado. Depois dos treinamentos do início da semana, a
delegação retorna a São Paulo, aí para o jogo que realmente importa: a
tão aguardada estreia na Copa, na quinta-feira, contra a Croácia, no
Itaquerão.
A Sérvia deixou claro logo de cara que
seria um jogo duro para o Brasil: poucos segundos depois do pontapé
inicial, Tadic fez falta feia em Neymar. A seleção de Felipão evitou
repetir os mesmos erros do início da partida contra o Panamá, quando
custou a entrar em sintonia.
Apesar de mostrar atitude e de entrar
ligado na partida, o time tinha problemas para encontrar espaços e criar
jogadas. Tanto que a melhor chance foi dos visitantes: aos 8 minutos,
Kolarov chutou forte, acertando a rede pelo lado de fora. Neymar voltou a
ser atingido duramente aos 14 minutos, por Petrovic, que levou o
amarelo pela falta.
Em seguida, aos 17, o camisa 10 aproveitou uma rara
brecha na defesa sérvia e entrou na área para finalizar, mas acabou
sendo bloqueado na hora do chute. O Brasil só voltou a levar perigo aos
24 minutos, quando Fred arriscou.
Mas o problema que mais tem preocupado
Felipão nos treinos na Granja Comary – a vulnerabilidade da equipe aos
contra-ataques dos adversários – voltou a ser exposto aos 29: em uma
jogada rápida pela esquerda, David Luiz cortou um cruzamento perigoso na
pequena área.
A seleção levou outro susto apenas dois minutos depois,
desta vez numa jogada pela direita: Mitrovic recebeu o cruzamento mas
cabeceou para fora.
O Brasil tentou reagir, com Hulk puxando
o ataque pelo lado direito e Daniel Alves arriscando de fora da área,
mas sem perigo para o goleiro Stojkovic. Aos 40, num dos poucos momentos
em que Neymar teve espaço para se movimentar à vontade, a arrancada do
craque parou na falta de Matic, na entrada da área.
Se em Goiânia o
próprio Neymar bateu a falta e abriu o placar, desta vez foi David Luiz
que se apresentou para a cobrança, que saiu pelo alto.
O Brasil errava
muito tanto no ataque, com passes com defeito (principalmente de Oscar,
muito mal no jogo, e Hulk), como na defesa – até David Luiz e Thiago
Silva, cujas falhas são raras, trombaram e possibilitaram um ataque
sérvio (a jogada foi interrompida por impedimento).
Logo no lance
seguinte, a defesa brasileira se atrapalhou na saída de bola, deixando o
torcedor paulistano inquieto. E no minuto final da primeira etapa,
surgiam as primeiras vaias à seleção – até aquele momento, os cerca de
67.000 presentes ao Morumbi apoiavam a equipe e gritavam os nomes de
Neymar, Felipão e David Luiz.
Por Reinaldo Azevedo
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