Triste diagnóstico de que o desmatamento aumentou na Mata Atlântica sinaliza que, apesar de avanços, esta é uma floresta que precisa, mais do que nunca, ser protegida
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Viver na Mata Atlântica é também uma responsabilidade. Distribuída por 17 Estados - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí - a Mata Atlântica é uma das florestas mais ameaçadas do mundo.
Hoje, restam 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares (ha) do que existia originalmente. Somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de 3 hectares, temos 12,5%. E, infelizmente, depois de um período de recessão, os desmatamentos voltaram a avançar sobre essa floresta.
No último 27 de maio, Dia Nacional da Mata Atlântica, a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgaram os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, levantamento que monitora o bioma há 28 anos.
O estudo, referente ao período entre 2012 e 2013, detectou o desmatamento de 23.948 hectares, ou 239 Km², de vegetação nativa, um aumento de 9% do valor bruto se comparado ao ano anterior. A taxa anual de desmatamento é a maior desde 2008, cujo registro foi de 34.313 ha.
Minas Gerais é o estado campeão do desmatamento pelo quinto ano consecutivo, com 8.437 hectares de áreas devastadas, seguido do Piauí (6.633 ha), Bahia (4.777 ha) e Paraná (2.126 ha). Juntos, os quatro estados são responsáveis por 92% do total dos desflorestamentos, o equivalente a 21.973 ha. Confira o ranking completo.
Cerca de 118 milhões de pessoas - 69% da população brasileira - dependem diretamente da Mata Atlântica para a disponibilidade de serviços ambientais essenciais, como a regulação do clima, a produção e o abastecimento da água e a qualidade do ar. São eles os mais prejudicados a cada ano que se constata o aumento do desmatamento dessa vegetação.
Historicamente, os principais ciclos econômicos do país - exploração do pau-brasil, mineração do ouro e diamantes, plantações de café e cana, pecuária e indrustrilização - se desenvolveram ao custo da devastação da Mata Atlântica.
Daqui em diante, é preciso escrever essa história por caminhos diferentes, pelos quais o desenvolvimento e a conservação andem lado a lado, de forma sustentável. O triste diagnóstico apresentado pelo Atlas sinaliza que a realidade da Mata Atlântica, apesar de avanços, é ainda a da devastação e que esta é uma floresta que precisa, mais do que nunca, ser protegida.
*Márcia Hirota é diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica
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