Candidato a governador do Ceará
em coligação com o PSDB do ex-senador e ex-governador Tasso Jereissati, o líder
do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, tem dito que vai pedir voto para a
presidente Dilma Rousseff e manter seu palanque aberto. Mas aliados do próprio
partido defendem que ele garanta palanque exclusivo ao candidato tucano à
Presidência da República, senador Aécio Neves.
"Palanque aberto é conversa
para boi dormir. Ele tem que fechar com o Aécio. Cachorro que tem dois donos
morre de fome", diz o deputado estadual Carlomano Marques (PMDB). Para
ele, a candidatura de Dilma "vai derreter como picolé no sol" e a
hora de Eunício aderir à campanha presidencial tucana é agora, "para não
parecer oportunista".
Afinado ao governo federal como
líder do PMDB no Senado, Eunício foi isolado pelo governador Cid Gomes (Pros),
que reuniu as forças governistas em torno do seu candidato ao governo, Camilo
Santana (PT). Isso forçou o senador do PMDB a se coligar com o PSDB e outros
partidos de oposição, como DEM e PPS.
Por sua formação, a chapa tem o
carimbo de oposição. O candidato a vice-governador é do PR, Roberto Pessoa,
ex-prefeito de Maracanaú, desafeto de Cid. Tasso disputa o Senado tendo como
seu primeiro suplente o vice-presidente estadual do DEM, Chiquinho Feitosa.
Mesmo encurralado, mantém o
discurso de apoio à reeleição de Dilma e do vice-presidente Michel Temer,
presidente licenciado do PMDB. Além disso, Eunício diz aguardar o cumprimento
de compromisso que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria assumido com
ele, de fazer gesto de apoio à sua candidatura.
Mas os aliados são céticos quanto
a esse suposto apoio e acham que as chances eleitorais do líder do PMDB estão
atreladas às de Aécio. "Ele está sendo solenemente enrolado tanto por Lula
quanto pela presidente Dilma. Eles não vão apoiá-lo, porque o PT tem candidato
a governador", argumenta Marques. Na sua opinião, o líder está sendo
"exagerado" na lealdade a Temer.
Para o deputado federal Danilo
Forte (PMDB-CE), Eunício será definitivamente visto pelo eleitor como candidato
da oposição - não só ao governo estadual, como também ao federal - nos
primeiros dias da propaganda eleitoral na televisão, quando Dilma aparecer no
horário destinado à campanha do candidato a governador do seu partido.
Esse quadro pode levar o PMDB do
Ceará a ser mais um a apoiar Aécio Neves. O candidato tucano tem apoio de todo
o partido ou parte dele em vários Estados, como Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro, Bahia, Espírito Santo e Piauí.
"O que vai definir o senador
Eunício no campo da oposição é a vinculação do 13 [número do PT] da campanha
presidencial com o 13 da eleição estadual", diz Forte. Ele afirma que
Eunício ainda não reuniu as bancadas estadual e federal do PMDB para discutir o
assunto. Por enquanto, o partido está dividido com relação à eleição
presidencial.
Cid Gomes reuniu a maior parte
dos partidos da base de Dilma em torno de Camilo Santana. Embora filiado ao PT,
ele é tido como político ligado ao governador. A coligação do petista - chamada
Para o Ceará seguir mudando - tem 18 partidos (PT, PRB, PP, PDT, PTB, PSL,
PRTB, PHS, PMN, PTC, PV, PEN, PPL, PSD, PCdoB, PTdoB, SD e Pros).
Eunício alegava ter compromisso
com Cid de lançá-lo candidato a governador e se diz traído. Sem alternativa no
campo governista, aliou-se a Tasso, com o objetivo de formar uma chapa
majoritária para disputar a eleição. O tucano está sem mandato desde 2011,
dedicando-se à atividade empresarial e não pretendia disputar outra eleição.
Acabou cedendo aos apelos de Aécio para concorrer ao Senado, dando à campanha
presidencial tucana um palanque no Estado.
Aécio participou diretamente dos
entendimentos para a formação da coligação do PSDB com o PMDB de Eunício. Pelo
acordo feito entre o senador pemedebista e o presidenciável tucano, o palanque
de Eunício seria aberto. No horário dedicado à propaganda da disputa ao
governo, ele pediria voto para Dilma. E Tasso, na propaganda destinada aos
candidatos a senador, faria a campanha de Aécio.
Ex-governador do Ceará por três
mandatos (de 1987 a 90, 1995 a 98 e 1999 a 2002), Tasso foi senador de 2003 a
2011 e não foi reeleito. Hoje, ele lidera as intenções de voto para o Senado. A
coligação - Ceará de Todos - é formada por PMDB, PSC, DEM, PSDC, PRP, PSDB, PR,
PTN e PPS.
O PSB do ex-governador Eduardo
Campos (PE), candidato à Presidência da República, lançou a deputada estadual
Eliane Novaes à disputa pelo governo do Ceará. Ela registrou sua candidatura
sem partidos aliados. Também disputa o cargo Ailton Dantas, do PSOL, coligado
com PSTU e PCB.(Valor Econômico)
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