sexta-feira, 11 de julho de 2014

Sumida há 10 dias, viúva de Amarildo está em Cabo Frio, diz advogado





Elizabeth Gomes da Silva havia saído de casa após briga com familiares.
Polícia Civil havia iniciado inquérito para investigar desaparecimento.

Henrique Coelho Do G1 Rio
Elizabete, mulher de Amarildo (Foto: Káthia Mello / G1)Elizabete, viúva de Amarildo 
 
 
Desaparecida desde o dia 30 de junho, segundo a família, a viúva de Amarildo de Souza, pedreiro morto por policiais da UPP da Rocinha em 2013, foi encontrada em Cabo Frio, na Região dos Lagos, segundo o advogado da família, João Tancredo. O defensor não tem informação de quando ela volta para a Rocinha, favela na Zona Sul do Rio, onde mora. Pouco antes de Elizabeth ser encontrada, a Polícia Civil do Rio havia aberto inquérito sobre o desaparecimento dela, após familiares registrarem o sumiço na delegacia.

Segundo parentes, Elizabeth Gomes da Silva vinha apresentando sintomas de depressão nos últimos meses. “De um tempo para cá, ela vinha falando muito do meu tio [Amarildo]. Voltou a beber e a usar drogas”, afirmou ao G1 a sobrinha Michele Lacerda, de 27 anos. A informação sobre o desaparecimento de Beth foi publicada nesta quinta-feira (10) na coluna do jornalista Ancelmo Gois, no jornal O Globo.

 
Sumiço de Amarildo
 
Amarildo sumiu após ser retirado de casa e levado à sede da UPP da Rocinha por PMs da unidade. Ao todo, 25 policiais são acusados pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. Entre eles, 12 estão presos e 13 respondem ao processo em liberdade.


Em razão do que aconteceu com o ajudante de pedreiro, até esta quinta-feira, a família havia optado por não registrar o desaparecimento de Beth na delegacia. “A polícia poderia ajudar ou não. Somos uma família marcada. Preferimos não arriscar”, afirmou Michele, destacando que preferiu recorrer a entidades que a ajudaram a organizar protestos após o desaparecimento de Amarildo no ano passado.

Após a divulgação do caso pela imprensa, a Polícia Civil começou a fazer buscas, mesmo sem haver registro formal na delegacia. "Tivemos conhecimento do desaparecimento através da imprensa hoje. Começamos a fazer diligências assim que soubemos. 

Entramos em contato com a família e nos informaram que ela saiu de casa por livre e espontânea vontade, após discutir com um dos filhos", afirmou o delegado Gabriel Ferrando, titular da 11ª Delegacia de Polícia, na Rocinha. O delegado disse ainda que chamará a família para prestar depoimento.


Caso Amarildo - GNews (Foto: Reprodução GloboNews)Amarildo desapareceu há quase um ano


Segundo a família, Beth havia desaparecido no dia 30 de junho, quando saiu de casa e não voltou mais. Beth tem oito filhos, sendo seis deles com o ajudante de pedreiro Amarildo. Dos oito, três ainda são menores de idade.

Entenda o caso
Amarildo sumiu após ser levado à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, onde passou por uma averiguação. Após esse processo, segundo a versão dos PMs que estavam com Amarildo no dia 14 de julho, eles ainda passaram por vários pontos da cidade do Rio antes de voltar à sede da UPP, onde câmeras de segurança mostraram as últimas imagens de Amarildo que, segundo os policiais, teria deixado o local sozinho.


O delegado Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios, acompanhado por peritos, fez a reconstituição do caso em duas etapas. A primeira, no início de setembro, reproduziu as ações desde a primeira abordagem dos policiais da UPP ao ajudante de pedreiro. A reconstituição durou mais de 16 horas, entre a noite de domingo (1º) e a manhã de segunda-feira (2), e foi considerada uma das maiores reconstituições já feitas pela Polícia Civil, segundo informou a assessoria da corporação.

A segunda, no dia 8 de setembro, refez o trajeto do carro da PM que levou Amarildo, com base no GPS do veículo. O aparelho mostrou que, depois de deixar a Rocinha, o carro fez um percurso de quase duas horas e meia pela cidade. No caminho, o veículo parou três vezes antes de voltar à comunidade.

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