quarta-feira, 23 de julho de 2014

Prejuízo de Pasadena: daria para construir 125 aeroportos como o de Cláudio, em Minas. Ou: A responsabilidade de Dilma



O Tribunal de Contas da União analisou detidamente os números da compra da refinaria de Pasadena. Quem quiser que vá lá desafiar os critérios. Segundo aqueles que são empregados para analisar outras operações, a Petrobras teve um prejuízo com a operação de US$ 792 milhões. 


Trata-se, obviamente, de uma soma fabulosa. O tribunal aponta como responsáveis 11 ex-diretores da estatal. Os membros do conselho, que era presidido pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foram poupados.  Caso haja fatos novos, sua eventual responsabilidade pode ser reexaminada, mas não parece que isso esteja para acontecer.


Vamos lá. Já se escreveu e se falou muito a respeito do assunto. De fato, não parece que os membros do Conselho possam ser diretamente responsabilizados pela operação. Em situações assim, a tendência é que se fiem na avaliação da diretoria e de consultorias especializadas, que endossaram a compra. A questão que diz respeito à agora presidente Dilma é de outra natureza. Já escrevi aqui e reitero: a mim me incomoda mais a omissão da Dilma como chefe do Executivo do que da Dilma como presidente do Conselho. Por quê?

Os conselheiros perceberam, sim, que a compra de Pasadena era um mau negócio. Tanto é assim que recorreram à Justiça dos Estados Unidos para se livrar da obrigação de comprar os outros 50% da refinaria. Já ali, perceberam tratar-se de uma opção danosa para a empresa brasileira. Talvez tenha faltado, no entanto, assessoria competente para demovê-los da ideia. Afinal, não havia o que fazer. E a tentativa de abrir mão da obrigação de comprar a empresa custou alguns milhões a mais; só contribuiu para elevar o prejuízo final.

Assim, a Dilma conselheira já tinha plena ciência da operação ruinosa, realidade que ela vocalizou mais tarde, quando veio a púbico com o seu “eu não sabia”. Então cabe a pergunta óbvia: como é que Nestor Cerveró, diretor da Área Internacional da Petrobras, que havia deixado o cargo no período, digamos, pós-Pasadena, voltou a uma subsidiária da empresa, na direção financeira da gigante BE Distribuidora? “Ah, uma presidente não cuida dessas miudezas”. Lamento! Não se trata de miudeza: nem o prejuízo da Petrobras nem o cargo.


É claro que a condenação tem um peso político importante. Entre os punidos, está José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da estatal e petista de quatro costados. O PT, no entanto, tentará dar ênfase ao fato de que o TCU poupou a presidente. Uma coisa, no entanto, não dá para disfarçar: uma única operação da Petrobras na gestão Lula, quando Dilma era presidente do Conselho e chefe inconteste do setor energético, gerou um prejuízo à empresa de R$ 1.758.240.000,00 milhões: lê-se “um bilhão, setecentos e cinquenta e oito milhões, duzentos e quarenta mil reais.


Daria para construir 125 aeroportos em Cláudio. E olhem que esse é o prejuízo decorrente de uma única ação, numa só empresa.


Por Reinaldo Azevedo

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