22/07/2014
às 21:49
Há
tantas pesquisas eleitorais nos Estados Unidos que sites especializados
costumam tirar uma média entre elas para orientar os leitores. No
Brasil, o procedimento seria impossível, tantas são as discrepâncias. A
TV Globo acaba de levar ao ar os números da mais recente pesquisa
Ibope/Rede Globo. Há quatro dias, o Datafolha divulgou os seus números.
Vamos ver.
O Ibope
traz a avaliação do governo Dilma: para 31%, ele é ótimo ou bom; para
33%, é ruim ou péssimo. Consideram-no regular 36%. São números
praticamente coincidentes com os do Datafolha, a saber: ruim/péssimo
(29%), ótimo/bom (32%) e regular (38%).
São, sim, institutos diferentes. Considerando, no entanto, as respectivas margens de erro, os dois institutos acham a mesma coisa.
São, sim, institutos diferentes. Considerando, no entanto, as respectivas margens de erro, os dois institutos acham a mesma coisa.
É o que também acontece no primeiro turno. Eis os números de agora do Ibope:
Dilma Rousseff (PT) – 38%
Aécio Neves (PSDB) – 22%
Eduardo Campos (PSB) – 8%
Pastor Everaldo (PSC) – 3%
Brancos e nulos – 16%
Não sabem – 9%
Outros candidatos – 3%
Que números encontrou o Datafolha no caso dos quatro primeiros? Estes: Dilma – 36% Aécio – 20% Eduardo Campos – 8% Pastor Everaldo – 3%
Observaram?
Praticamente tudo coincide até agora, dentro da margem de erro.
Quando se chega, no entanto, ao segundo turno, aí as variações são consideráveis.
Ibope Dilma – 41% Aécio – 33%
Comparem com o Datafolha: Dilma – 44% Aécio – 40%
Quando se chega, no entanto, ao segundo turno, aí as variações são consideráveis.
Ibope Dilma – 41% Aécio – 33%
Comparem com o Datafolha: Dilma – 44% Aécio – 40%
Ou por
outra: no Ibope, Dilma pode ter entre 39% e 43%; no Datafolha, entre 42%
e 46%. Logo, os dois institutos chegam mais ou menos ao mesmo lugar.
No que diz respeito a Aécio, no entanto, a divergência é grande: no primeiro instituto, ele teria entre 31% e 35%; no outro, entre 38% e 42%. A diferença é grande.
No que diz respeito a Aécio, no entanto, a divergência é grande: no primeiro instituto, ele teria entre 31% e 35%; no outro, entre 38% e 42%. A diferença é grande.
O mesmo se
dá com Campos. No Datafolha, ele aparece no segundo turno com 38%
(entre 36% e 40%); no Ibope, com apenas 29% (entre 27% e 31%): a
diferença é ainda mais gritante. A petista conserva os mesmos 41%.
Coisas diferentes
“Ah, você está comparando pesquisas diferentes!” Errado! Eu não estou especulando sobre a evolução dos candidatos a partir de levantamentos distintos. Estou apenas considerando que os dois institutos falam num intervalo de confiança de suas respectivas pesquisas de 95%. Segundo eles, se a pesquisa fosse repetida 100 vezes, em 95 delas, os números estariam dentro da margem de erro.
Sendo
assim, convenham, estamos diante de uma de três alternativas:
a) muita coisa mudou em quatro dias;
b) um dos dois institutos está errado;
c) um dos dois institutos não deu sorte e incidiu em uma — das apenas cinco em 100!!! — chances de colher um resultado diferente.
a) muita coisa mudou em quatro dias;
b) um dos dois institutos está errado;
c) um dos dois institutos não deu sorte e incidiu em uma — das apenas cinco em 100!!! — chances de colher um resultado diferente.
E não! Não há falha no meu raciocínio. E que se note outra diferença importante: o Ibope ouviu 2002 pessoas; o Datafolha, 5.337.
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