Kerry se reuniu no Cairo com Ban e com o presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, cujo país é o mediador tradicional entre Israel e os palestinos
France Presse
Publicação: 22/07/2014 13:11 Correio Braziliense
Secretário dos Estados Unidos John Kerry se reúne com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, no Cairo |
Gaza - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o chefe da diplomacia americana, John Kerry, tentavam alcançar nesta terça-feira (22/7) um cessar-fogo entre Israel e o Hamas após duas semanas de bombardeios israelenses em Gaza, que já deixaram mais de 600 palestinos mortos.
Kerry se reuniu no Cairo com Ban e com o presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, cujo país é o mediador tradicional entre Israel e os palestinos.
Ban viajará ainda nesta terça-feira (22/7) a Israel e à Cisjordânia ocupada, onde se reunirá durante a tarde com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para tentar alcançar uma trégua em um conflito no qual 27 soldados e dois civis israelenses também morreram.
No entanto, o exército de Israel seguia decidido a prosseguir com suas operações militares aéreas e terrestres na Faixa de Gaza, controlada pelos islamitas do Hamas, para deter os lançamentos de foguetes contra seu território.
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"Vamos prosseguir com esta operação na luta contra o terrorismo", afirmou Peter Lerner, porta-voz do exército.
O ministro israelense da Economia, Naftali Bennett, se disse contrário a um cessar-fogo. "Pagamos um alto preço e não vamos fazer o trabalho pela metade", disse.
Proteger os civis
O presidente palestino, Mahmud Abbas, e o chefe do Hamas, Khaled Mechaal, pediram nesta segunda-feira de Doha o fim da agressão israelense contra o enclave palestino e o levantamento do bloqueio imposto a Gaza desde 2006.
No Cairo, Kerry defendeu os esforços legítimos e adequados de seu aliado israelense para se proteger dos disparos de foguetes palestinos.
No entanto, também expressou sua profunda preocupação sobre a situação dos civis na Faixa de Gaza, as principais vítimas do conflito.
O secretário americano de Estado prometeu 47 milhões de dólares de ajuda humanitária aos civis deste reduto de 362 km2, onde vivem na miséria 1,8 milhão de habitantes, ou seja, uma das maiores densidades populacionais do mundo.
"A violência deve parar, deve parar imediatamente. O que vimos nos últimos dias é inaceitável", declarou Ban Ki-moon, antes de sua chegada a Israel prevista para esta terça-feira.
Ao menos 20 palestinos morreram nesta terça-feira, quando as operações israelenses completam duas semanas. Entre as vítimas do dia figuram cinco membros de uma mesma família, uma mulher grávida e uma menina de 4 anos.
Desde o início da ofensiva israelense em Gaza, no dia 8 de julho, 609 palestinos morreram e outros 3.700 ficaram feridos.
Do lado israelense, 27 soldados morreram desde o início da ofensiva terrestre, o balanço mais alto para o exército de Israel desde a guerra de 2006 contra o Hezbollah libanês. Dois civis morreram devido ao impacto de foguetes.
Israel também anunciou nesta terça-feira a morte do soldado supostamente sequestrado pelo Hamas, embora seu corpo ainda não tenha sido identificado oficialmente. Segundo a imprensa israelense, o corpo ou partes de seus restos mortais podem estar nas mãos do Hamas.
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Por sua vez, o exército israelense anunciou em um comunicado que suas tropas seguiam realizando uma operação no "bairro Shejaiya, conhecido por sua forte concentração de atividades terroristas".
Mais de 70 palestinos, em sua maioria civis, faleceram neste bairro do norte de Gaza em bombardeios maciços da artilharia israelense. A Liga Árabe taxou estes bombardeios de massacre e de crimes de guerra, enquanto a ONU disse que se tratava de uma ação atroz.
O exército israelense se justifica acusando seu inimigo de utilizar os civis como escudos humanos, abrindo fogo a partir de escolas, hospitais e mesquitas.
A Anistia Internacional estimou que os bombardeios de instalações civis "se somam a possíveis crimes de guerra que devem ser alvo urgente de uma investigação internacional independente".
A tensão também aumenta na Cisjordânia ocupada após a morte de um palestino na noite de segunda-feira, e nas cidades árabes do norte de Israel.
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