Lula aconselhou o Brasil a desconfiar das denúncias “muito
estranhas” envolvendo a Petrobras. “Tenho a impressão de que tem gente querendo
fazer caixa dois”, disse. É um alerta importante.
Lula entende do assunto. Foi o primeiro presidente
brasileiro a declarar que caixa dois todo mundo faz, na época do mensalão. Mas
uma coisa é fazer caixa dois sendo o “filho do Brasil”, porque aí tudo que é do
seu pai é seu. Outra coisa, bem diferente, é fazer caixa dois sendo filho de
qualquer um, sem ter nem um Delúbio para guardar esse dinheiro, que será usado
sabe-se lá como – talvez comprando os deputados errados. O PT ensinou aos
brasileiros, sem perder a ternura, o conceito de dinheiro não contabilizado. É
um absurdo que a oposição queira sair fazendo caixa dois de qualquer maneira, sem
conceito nenhum.
É para isso que serve um verdadeiro líder nacional, um
grande estadista: para apontar as coisas que ninguém poderia imaginar. Quando
todos achavam que a Petrobras era depenada pelo governo popular e seus
clientes, vem Lula esclarecer que não é nada disso. Fazer sumir centenas de
milhões de dólares com aquisições suspeitas, travestir o preço do petróleo e
torrar fortunas com propaganda política do pré-sal são coisas da vida. Os
esquemas bilionários do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto
Youssef, que, por coincidência, floresceram na estatal com a chegada do PT ao
poder, também não têm importância. Caixa dois todo mundo faz, e parasitar
empresa pública também. Assim como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares,
Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa são presos políticos. Chamem a OEA.
O verdadeiro problema com a Petrobras – que os neoliberais
tentam encobrir, mas Lula revelou – é essa gente querendo usar as denúncias
para fazer caixa dois. Como funcionaria isso? Ele não explicou, mas tudo bem.
Quem tem intimidade com determinado assunto não tem paciência mesmo para ser
didático. Possivelmente, Lula quis dizer que seus adversários pretendem usar a
CPI da Petrobras para extorquir suspeitos – arrecadando “taxas de inocência” para
não convocá-los a depor. Essa acusação já havia sido feita por correligionários
de Lula. É uma estratégia que o PT conhece profundamente, como demonstrou na
famosa CPI do Banestado.
Isso foi em 2004 – mesma época que, sabe-se agora, o esquema
de Paulo Roberto Costa começou a funcionar na Petrobras. A CPI do Banestado
tinha, como relator, o deputado José Mentor e, como mentor, o ministro José
Dirceu. Foi desmoralizada porque a tropa de choque (cheque) do governo popular
fabricava convocações e fazia chantagem aos quatro ventos. Como todo mundo
sabe, chantagem de esquerda é progressista e não chateia ninguém. O estranho,
bizarro mesmo, é imaginar os adversários do PT usando esse expediente. Lula
sonhou com isso e foi logo contando ao Brasil, visionário que é. Tudo em defesa
da Petrobras.
Assim começa a campanha eleitoral, em que Lula, Dilma e
companhia poderão denunciar todos os caixas dois que sonharem. Se forem
contestados no Tribunal Superior Eleitoral, estará tudo em casa. Adivinhem quem
acaba de tomar posse na presidência do TSE, para ser o juiz supremo da corrida
presidencial? Ele mesmo, o menino prodígio da dupla Batman e Robin do PT no
STF, o ex-advogado de Lula que suou a camisa pelos mensaleiros – Dias Toffoli.
Está garantida a isenção no pleito.
Como já se viu no Primeiro de Maio, a presidente da
República transformou a cadeia obrigatória de rádio e TV em comício eleitoral
inflamado. O TSE provavelmente a punirá com rigor e a obrigará impiedosamente a
rezar 13 Ave-Marias e 13 Pais-Nossos (para combinar com o número na cédula).
Surge agora a informação de que o PT usou dinheiro público
do fundo partidário para pagar a defesa de mensaleiros e até da inesquecível
Rosemary Noronha – assessora especial da Presidência para negócios privados à
sombra. Ninguém precisa ter dúvidas: o xerife de estrelinha vermelha do TSE
acabará com essa bagunça. Determinará até que Rose e os mensaleiros devolvam
todo o dinheiro aos cofres públicos. E a seleção de Camarões conquistará a Copa
do Mundo.
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