02/10/2014
às 6:21
Antes,
a falta de vergonha de certos políticos não tinha limites; depois, foi
piorando. Nesta quarta, o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves,
disse que vai entrar com uma ação criminal contra o ministro Paulo
Bernardo, das Comunicações, por ter permitido que os petistas usassem os
Correios para fazer campanha político-eleitoral. Pois é… A coisa é
muito impressionante. Se a Justiça, o Ministério Público e a Polícia
Federal quiserem agir, já há duas confissões a respeito: uma explícita,
arreganhada mesmo, e outra silenciosa. Vamos ver.
Nesta
quarta, o Estadão tornou público um vídeo espantoso. Numa reunião
ocorrida na quinta-feira no comitê do candidato do PT ao governo de
Minas, Fernando Pimentel, a que estava presente Wagner Pinheiro,
presidente dos Correios, o deputado mineiro e petista Durval Ângelo diz
com todas as letras: “Se, hoje,
nós temos a capilaridade da campanha do [Fernando] Pimentel [candidato
do PT ao governo de Minas] e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é
graças a essa equipe dos Correios.” Ele afirma ainda que
“a prestação de contas dos petistas dos Correios será com a vitória do
Fernando Pimentel a governador e com a vitória da Dilma”.
Ele achou que tinha sido pouco explícito e avançou um pouco mais na pornografia política:
“A Dilma tinha em Minas Gerais, em alguns momentos, menos de 30%. Se, hoje, nós estamos com 40% em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios. Então, queremos que você leve à direção nacional do PT, que eu também faço parte do diretório, mas também à direção nacional da campanha da Dilma, a grande contribuição que os Correios estão fazendo.”
“A Dilma tinha em Minas Gerais, em alguns momentos, menos de 30%. Se, hoje, nós estamos com 40% em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios. Então, queremos que você leve à direção nacional do PT, que eu também faço parte do diretório, mas também à direção nacional da campanha da Dilma, a grande contribuição que os Correios estão fazendo.”
Atenção,
senhores leitores! Wagner Pinheiro, que preside a estatal, estava na
mesa e não disse uma palavra. Anuiu com tudo. Admitiu, portanto, que os
Correios foram e estão sendo usados nas campanhas de Dilma e Pimentel.
Vejam o vídeo:
Na semana
retrasada, como vocês se lembram, reportagem do Estadão revelou que 4,8
milhões de panfletos de Dilma foram distribuídos pelos Correios sem a
estampa ou chancela digital, que é a prova de que houve pagamento. Em
nota, a empresa nega estar sendo instrumentalizada pelo PT. Seria
impossível dizer o contrário, certo?
O deputado Durval Ângelo, acreditem, também emitiu uma nota afirmando que se tratou de uma reunião normal: “Não
há qualquer adesão da empresa Correios, mas de pessoas, que, como
quaisquer outras, têm o direito constitucional de, como cidadãs, se
engajarem politicamente. Ademais, durante o processo eleitoral, a
manifestação de apoio por parte de uma categoria é um ato comum e
democrático”.
Pois é… Ao
tratar dos descalabros na Petrobras em outro post, indaguei se uma
empresa estatal, nas condições brasileiras, conseguiria se adaptar a
regras internacionais de “compliance”. A resposta, obviamente, é “não”.
Tenho de encerrar este comentário lembrando que um único ex-funcionário
da petroleira, Paulo Roberto Costa, está disposto a devolver R$ 70
milhões que foram roubados da empresa…
Não tem
jeito! Os “companheiros” acham que as estatais pertencem a eles, não ao
estado ou ao povo brasileiro. Os “companheiros” as transformam em braços
de sua atuação sindical ou partidária. Os “companheiros”, em suma, as
privatizaram a seu modo e acham que já podem confessar isso sem nenhum
temor nem perigo. Quem sabe um dia esse povo canse de ser roubado ou
espoliado.
Enquanto isso não acontecer, continuaremos a ser… roubados e
espoliados.
Reinaldo Azevedo
Reinaldo Azevedo
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