01/10/2014 13h54
- Atualizado em
01/10/2014 18h02
Nesta terça (30), petista acusou a adversária do PSB de 'desvio de caráter'.
Ex-senadora prometeu construir hospital e creches no bairro de Paraisópolis
Marina
Silva participa de ato público com moradores do bairro de Paraisópolis,
na zona sul de São Paulo
Segundo a presidenciável do PSB, "falha de caráter" é fazer uma promessa eleitoral e não cumprir o compromisso em quatro anos, referindo-se ao fato de a presidente da República ter prometido, durante a campanha eleitoral de 2010, construir um hospital em Paraisópolis, bairro da periferia da capital paulista.
"Falha de caráter é vir a uma comunidade como essa e prometer hospital e não cumprir o compromisso em quatro anos. Isso, sim, é mentira. As companhias que a presidente Dilma tem, do [Fernando] Collor, do [José] Sarney, do [Paulo] Maluf, do Renan Calheiros e do Jader Barbalho, e tantos outros, são a verdadeira contradição, a contradição mais profunda na trajetória de pessoas que deveriam estar honrando essa trajetória", disse Marina durante coletiva de imprensa em Paraisópolis.
A declaração dura da presidenciável do PSB foi motivada por uma manifestação da candidata do PT à reeleição durante uma coletiva de imprensa concedida nesta terça-feira (30) no Rio de Janeiro. Após visitar as obras da Olimpíada de 2016, a presidente voltou a criticar a suposta contradição da rival do PSB em relação à votação do projeto da CPMF, na época em que era senadora pelo Acre.
Dilma acusou a adversária de ter mentido ao ser contestada sobre o assunto e destacou que a postura dela demonstrava "desvio de caráter".
"[Marina] disse na minha frente, na frente de todo o Brasil, constatado pela imprensa, que ela tinha votado 'sim' [na votação que aprovou a criação da CPMF]. Não é verdade, ela não votou 'sim'. Agora, eu acredito que é muito importante que as pessoas assumam o que fazem. Errar é humano, mentir é desvio de caráter", disse Dilma no Rio.
Mais cedo nesta quarta, durante a visita a Paraisópolis, Marina Silva já havia provocado a adversária no momento em que discursou para os moradores do bairro. Em tom irônico, a ex-senadora disse que o país não pode "viver a ilha da fantasia do programa eleitoral" do PT. Ela relatou que, em meio à disputa presidencial, viu um país diferente do que foi mostrado pelos adversários no horário eleitoral.
"O nosso país não pode viver a ilha da fantasia do programa eleitoral, onde tudo é belo, tudo funciona. Precisamos mostrar a verdade da falta de transporte, da falta de esgoto, de saúde, de moradia, transporte e emprego", destacou.
Correios
Na coletiva de imprensa, Marina Silva também foi questionada sobre o vídeo no qual funcionários dos Correios comemoram apoio à candidatura de Dilma Rousseff. As imagens divulgadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" mostram uma reunião com dirigentes dos Correios em Minas Gerais, onde o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG) afirma que a presidente da República só chegou a 40% das intenções de votos no estado porque "tem dedo forte dos petistas" da empresa de correios.
Em outro momento, Durval Ângelo, um dos coordenadores da campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas, pede ao presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, que informe à direção nacional do partido sobre "a grande contribuição que a estatal estão fazendo" nas campanhas. O vídeo não deixa claro qual é a "grande contribuição" que a estatal estaria fazendo.
Em Paraisópolis, Marina criticou o suposto aparelhamento das empresas públicas para, segundo ela, assegurar a reeleição. Ela reiterou que esse tipo de problema é que a leva a defender o fim da reeleição no país.
"Tenho dito reiteradas vezes que sou contra a reeleição. A reeleição é uma chaga. Isso tudo começou com compra de votos, com o mensalão no Congresso. Querem se reeleger a qualquer custo, a qualquer preço. Isso cria uma situação de aparelhamento, de uso político das instituições públicas, de que vale tudo para ganhar a eleição. Esse tipo de prática deve ser condenada pela sociedade e, principalmente, pela Justiça eleitoral, que deve combater esse aparelhamento."
Nesta quarta, o candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, afirmou que entrará com ação na Justiça contra o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, devido a denúncias de que eleitores de Minas teriam ficado sem receber correspondências de sua campanha.
Na véspera, a coligação de Aécio já havia anunciado que acionaria o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em razão do suposto favorecimento dos Correios à campanha de Dilma em Minas Gerais e ao candidato petista a governador do estado, Fernando Pimentel.
Pesquisas eleitorais
Questionada sobre qual estratégia passará a adotar para tentar reverter a tendência de queda nas pesquisas eleitorais, Marina Silva disse que sua tática será continuar a “debater o Brasil”. “A gente vai continuar fazendo o nosso esforço de respeitar os brasileiros, de debater o Brasil.”
Apesar de Ibope* e Datafolha** terem apontado nesta terça que reduziu a diferença de Marina Silva para o candidato do PSDB ao Planalto, a ex-senadora assegurou que está convicta de que disputará o segundo turno. “A sociedade brasileira e eu já estamos no segundo turno. Temos a plena convicção que os brasileiros não vão tornar essa eleição um plebiscito”, disse a candidata do PSB.
Orquestra e bailarinas
Assim que chegou em Paraisópolis, Marina Silva assistiu a uma apresentação da orquestra filarmônica do bairro e de um grupo de balé infantil. Reconhecida por usar diariamente um coque no cabelo, a presidenciável brincou com o penteado típico das bailarinas. "Estou me sentindo em casa com tanto coque. Estou felicíssima", disse a candidata do PSB.
Após visitar a região, Marina concedeu uma entrevista à rádio comunitária, na qual reafirmou promessas que o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em agosto em um acidente aéreo, havia feito quando visitou o bairro no papel de candidato à Presidência. "Reafirmo aqui todas as promessas de Eduardo Campos", enfatizou.
Nesta quarta, a substituta de Campos na corrida eleitoral acusou a presidente da República de não ter cumprido promessa feita na campanha de 2010 de construir um hospital em Paraisópolis. Marina também cobrou a candidata petista de não ter tirado do papel as creches que havia se comprometido a construir na região.
saiba mais
"A maior demanda aqui é por um hospital, que foi prometido na campanha
passada da Dilma, e ela não fez. Ela não transformou em verdade também
as creches. Os moradores estão me falando que nenhuma creche foi feita
aqui. Ver uma mãe aqui não ter onde ter seu filho é uma injustiça."Em meio ao compromisso eleitoral, Marina disse que a caminhada pelas ruas de Paraisópolis, bairro da periferia de São Paulo, a lembraram de sua origem humilde no Acre. "Nasci na floresta e fui para um lugar parecido com Paraisópolis, não tão verticalizado, mas parecido. Sei o que é viver em comunidade. Sei o que é passar fome, pelas dificuldades que vocês passam em Paraisópolis."
* O Ibope ouviu 3.010 eleitores em 203 municípios do país. A pesquisa, encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S.Paulo", foi realizada entre os dias 27 e 29 de setembro e está registrada no TSE sob o número 00909/2014. O nível de confiança é de 95%, o que quer dizer que, se levarmos em conta a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, a probabilidade de o resultado retratar a realidade é de 95%.
** O Datafolha ouviu 7.520 eleitores em 311 municípios do país. A pesquisa, encomendada pela TV Globo e pelo jornal "Folha de S.Paulo", foi realizada entre os dias 29 e 30 de setembro e está registrada no TSE sob o número 00905/2014. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, se forem realizados 100 levantamentos, em 95 deles os resultados estariam dentro da margem de erro de dois pontos prevista.
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