Ele disse que o governo demonstrou interesse em ajudar São Paulo na execução de oito obras estruturantes que, segundo afirmou, custariam R$ 3,5 bilhões. O governo federal poderia ajudar com recursos do Orçamento ou financiamento.
"Foi uma conversa boa, proveitosa", disse o governador antes de voltar para São Paulo. Para assessores do governador, encerrada a campanha, agora é hora de retomar as conversas, "o balé do diálogo".
"Numa federação, os entes federados têm responsabilidades e têm de dialogar. Podemos divergir, mas precisamos interagir", disse ele, no entendimento de que, encerrada a disputa eleitoral, na qual houve forte embate entre PT e PSDB, as diferenças estavam superadas.
No Palácio do Planalto, o clima foi completamente diferente. E o ponto central é a divergência quanto ao diagnóstico. "O governo não considera que estas obras sugeridas pelo governador sejam suficientes", disse um assessor. E mais do que isso: não há projetos de engenharia para a execução das obras e nem as licenças ambientais. "Como liberar RS$ 3,5 bilhões para obras sem projeto?" questiona um assessor.
Este ponto de vista foi demonstrado pela ministra Miriam Belchior que, em entrevista, disse que não há detalhamento dos projetos que são apresentandos "em apenas três linhas". "Todos os projetos se resumem a uma folha e meia de papel ofício e isso não é projeto", acrescentou um inquilino do Palácio do Planalto.
A equipe de Alckmin, ao contrário, entendeu a conversa com Dilma como muito positiva porque, segundo um dos assessores, a presidente a todo momento afirmava ser necessário "fixar prazos, estabelecer cronogramas". "Encerrou o palanque", disse o assessor do paulista. Já para o governo federal, "não são projetos, são ideias". Estas ideias poderiam ter sido transformadas em projeto há dois anos, quando o governo Alckmin elaborou um trabalho chamado "Estudo da Macro-Metrópole de São Paulo".
Segundo um assessor do Planalto, na quarta-feira passada Alckmin mandou por e-mail estas propostas que foram encaminhadas para a Agência Nacional de Águas.
A partir dos primeiros estudos, a presidente convidou o governador para uma reunião no Planalto, da qual participaram as ministras Miriam Belchior, do Planejamento; Izabela Teixeira, do Meio-Ambiente, e o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreou. O diagnótico da agência é o de que, para resolver a crise hidríca de São Paulo, são necessárias mais de 30 medidas e obras.
"No Estudo da Macro-Metrópole de São Paulo há propostas consistentes, mas o governador Alckmin apenas pinçou algumas idéias", criticou o assessor.
Por trás da divergência, há a política: o governador Alckmin atravessou a campanha e conseguiu vencer no primeiro turno afirmando que São Paulo não tinha crise hídrica e depois da eleição passou a abrir conversas com o governo federal.
"A comunicação do governo de São Paulo, depois da eleição, foi a de cobrar ajuda do governo federal, mas, ao longo da campanha e nos anos anteriores, não quis tratar do assunto com o governo federal", diz um assessor. Agora, o governo federal quer mostrar a sua comunicação e dizer que a crise hídrica já existia, mas não foi encarada pelo governo de São Paulo por conta das eleições.
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