terça-feira, 11 de novembro de 2014

Com poucas chuvas, São Paulo tem ar com a pior qualidade em 7 anos

Crise da água




Falta de chuvas, baixa umidade e estagnação da massa de ar quente sobre o Estado contribuíram para que o morador da Grande São Paulo respirasse neste ano o ar de pior qualidade desde 2007.

Até outubro, nas 23 estações medidoras, o poluente "poeira fina" (aquele que afeta narinas, garganta e pulmão) fez 1.325 ultrapassagens nos limites considerados saudáveis pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
A cada dia é possível só uma ultrapassagem desse limite –em 2007, isso ocorreu 1.478 vezes nas estações.


Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
A frequência deste ano indica que os níveis aceitáveis foram ultrapassados ao mesmo tempo em várias áreas da Grande São Paulo.


Esse tipo de situação pode voltar a ocorrer já nas próximas semanas, quando a previsão meteorológica indica pouca chuva na região.


O levantamento da Folha que aponta esse recorde desde 2007 foi feito com base em dados da Cetesb, agência ambiental do Estado, e considera como nota de corte o padrão mais rígido para o poluente "poeira fina", previsto na legislação estadual mas ainda não implementado.


A lei, no caso da poeira, estabelece quatro limites crescentes, que devem ser atingidos aos poucos. Oficialmente, esse degrau mais alto na escala da poluição não é o usado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), uma vez que a legislação o menciona como meta a ser atingida, mas sem data definida para isso.
Essa situação é motivo de crítica de especialistas, já que, na prática, os dados anunciados pela Cetesb indicam situação menos grave a parâmetros internacionais.


Mesmo assim, os níveis de poeira em São Paulo, em médias anuais, é cerca de 70% menor do que os registrados em Pequim, na China.


METODOLOGIA
A agência ambiental paulista afirma ser "prematura" a abordagem da reportagem.


Ela adota outra metodologia, pela qual a qualidade do ar de 2014 é a pior apenas dos últimos três anos. O cálculo da Cetesb se baseia só em parte das estações medidoras.


A agência afirma ainda que a rede de monitoramento dos poluentes (número e localização das estações) sofreu mudanças ao longo dos anos.
Para Nelson Gouveia, da USP, especialista em estudos da poluição do ar, a poeira é um dos piores poluentes existentes hoje em São Paulo e se estabiliza em patamar alto.


O fato de não existir previsão de quando os índices mais rigorosos serão implementados também preocupa.


"A OMS já está planejando fazer novas revisões nos seus valores guias", diz ele.
"De fato, 2014 não é um bom ano para a qualidade do ar", afirma Paulo Saldiva, pesquisador da USP. Para ele, o tempo seco aumentou a "gravidade" da poluição.

Seca prevista nos próximos dias pode agravar situação na Grande São Paulo


A situação da qualidade do ar poderá piorar nos próximos dez dias na região metropolitana de São Paulo.

Segundo previsão da Somar Meteorologia, durante esse período deve chover apenas na próxima quinta (13) e sexta-feira (14) e, mesmo assim, em quantidades pequenas para essa época do ano.

A chuva é importante fator para limpar a poeira presente no ar. Mesmo sem chuva, porém, os ventos também podem fazer papel semelhante.
A poeira fina que afeta a saúde dos paulistanos é produzida pela queima de combustíveis –principalmente, a que é feita pelos automóveis, ônibus e caminhões.

No mês de novembro, por causa das chuvas, os níveis de poluição do ar melhoraram em todas as cidades da Grande São Paulo.

Mas essas mesmas chuvas não conseguiram elevar os níveis dos principais sistemas de abastecimento de água.

No caso do Cantareira, que enfrenta a pior crise, choveu, nos primeiros dez dias do mês, quase 40% do previsto para novembro inteiro. O nível das represas do sistema, entretanto, caiu 0,9 pontos percentuais desde dia 1º.

Nos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga, outros dois conjuntos de reservatórios importantes para a região metropolitana, também houve bastante chuva nos primeiros dez dias de novembro. O nível dessas represas, no entanto, também caiu.

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