Josias de Souza
Mandado à oposição por 51 milhões de eleitores, o PSDB vive um paradoxo.
No Congresso, esforça-se para demostrar que está contra o governo Dilma. Nos Estados, luta para evitar que Dilma fique contra seus governadores. A dicotomia materializou-se nesta segunda-feira, em Brasília.
Número dois de Aécio Neves na derrotada chapa presidencial tucana, o senador Aloysio Nunes Ferreira escalou a tribuna do Senado para chamar Dilma de mentirosa. Ela “mentiu durante a campanha eleitoral, mentiu gravemente”, disse. “Emprestou à oposição propósitos que a oposição nunca teve – nunca, jamais –, e ela sabia disso.” Mentiu sobre Bolsa Família, sobre inflação, sobre bancos públicos… (assista aqui)
Enquanto Aloysio mordia Dilma no Congresso, o governador tucano de São Paulo, Geraldo Ackmin, assoprava a presidente no vizinho Palácio do Planalto.
Na saída de uma reunião em que pediu ao governo federal ajuda de R$ 3,5 bilhões para tirar obras hídricas do papel, Alckmin contemporizou:
“Tivemos disputas eleitorais que são legítimas mas o palanque acabou. Vamos trabalhar juntos para o benefício da população. Quem foi eleito, no caso dos governos, para governar e não para fazer oposição. Oposição se faz no Parlamento. Quem é eleito tem que resolver problemas e trabalhar juntos. Precisamos buscar interagir.''
Para entender 100% do que o tucano Alckmin quis dizer, é preciso raciocinar não com lógica de um tucano, mas de uma galinha: no Congresso, basta às galinhas da oposição cacarejar bem grosso. Dos governadores, exige-se que também botem ovos. No caso de Alckmin, que sonha em substituir Aécio na sucessão de 2018, os ovos precisam ser vistosos.
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