terça-feira, 11 de novembro de 2014

Petrolão para mensalão Alberto Youssef confirma elo da Lava Jato com o mensalão



Youssef afirmou que ex-deputado mensaleiro mandava repassar propinas a ‘agentes políticos’
Publicado: 11 de novembro de 2014 às 11:36

alberto youssef by veja
Doleiro afirmou à Justiça que existe elo entre o Petrolão e o mensalão do PT 


O doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, confirmou ontem à Justiça Federal o elo do mensalão do PT com o esquema de corrupção e propinas na Petrobras. 


Ele disse que mantinha uma conta corrente conjunta com o ex-deputado José Janene (PP-PR) – morto em 2010 -, responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera, em 2004.


Youssef declarou que, por orientação de Janene, repassava valores a “agentes públicos” e “agentes políticos” e usava para isso um segundo doleiro, Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torre, em Brasília, para entregar o dinheiro. Ele disse que parte da quantia vinha do caixa de construtoras.
O juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, perguntou a ele qual a origem do dinheiro.


“Comissionamento de empreiteiras”, declarou Youssef. O juiz perguntou: “Decorrente de contratos com a administração pública, em geral propinas?” Youssef respondeu: “Sim senhor, Excelência.”


“Tudo o que o seo Janene precisava de recursos ele pedia a mim e eu disponibilizava”, contou Youssef. “Às vezes essa conta ficava negativa, às vezes ficava positiva. Na verdade nessa conta também ia recurso para outras pessoas, não que eu administrasse os recursos dessas outras pessoas, mas eu via esse caixa como caixa do partido, o Partido Progressista.”


O doleiro não citou nome de nenhum agente público ou agente político. Tais nomes ele já citou em acordo de delação premiada que ainda terá de ser homologado pela Justiça.


Youssef é réu em cinco ações penais da Lava Jato na Justiça Federal no Paraná. Em uma ação, ele é acusado de ter participado da lavagem de R$ 1,16 milhão do mensalão do PT através de investimentos em uma empresa de equipamentos industriais situada em Londrina (PR). A ação penal em que Youssef depôs ontem trata da ligação do doleiro com o ex-deputado Janene e com o doleiro Carlos Habib Chater.


Youssef afirmou que Janene investiu na empresa de Londrina por meio de outra companhia ligada a ele, a CSA Project. Essa firma foi usada para receber recursos do fundo de pensão da Petrobras, a Petros, alvo da Lava Jato. (Ricardo Brandt/AE)


 
 
Dia desses, quem deitava falação num grande veículo da imprensa brasileira? Ele: Henrique Pizzolato. Para quê? Ora, para sustentar que o mensalão não existiu. Condenado a 12 anos e sete meses por peculato, que é roubo de dinheiro público, corrupção passiva e lavagem de dinheiro; foragido da Justiça brasileira; processado por ter entrado na Itália com documentos falsos, a palavra lhe foi franqueada para que desancasse a Justiça brasileira e as oposições, para cantar as glórias de Lula e do petismo e para bater no peito e jurar inocência. Logo, daremos a Marcola, o chefão do PCC, o direito ao “outro lado”. E vamos dar a outra face ao capeta. Tenham paciência!


Por que essa introdução? Porque não é só Pizzolato que jura que o mensalão não existiu. Repetem essa mesma ladainha Lula, a cúpula do PT e alguns colunistas que só não estão de joelhos porque é uma posição desconfortável para lamber os sapatos do petismo. Pois bem: algo importante se deu na 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná nesta segunda. Alberto Youssef, o doleiro enroscado na operação Lava Jato, não apenas confirmou a existência do mensalão — ninguém precisava dele para isso; é claro que existiu! — como demonstrou os vasos comunicantes entre aquele escândalo e o petrolão.


Atenção! Youssef já aparecia no escândalo do mensalão. Isso não é o novo. O depoimento desta segunda, diga-se, prestado ao juiz Sérgio Moro e ao procurador da República Roberson Pozzobon, é parte da ação penal em que o doleiro é acusado de ter lavado a origem ilícita de R$ 1,16 milhão recebido pelo então deputado José Janene (PP), já morto, no âmbito do mensalão.



O doleiro deixou claro que administrava com Janene uma espécie de conta conjunta. O dinheiro era distribuído, segundo ele, a “agentes públicos e políticos”, por orientação do deputado. Para tanto, usava um outro doleiro, Carlos Habib. Até aí muito bem. Prestem atenção agora ao ponto que interessa. O juiz Moro perguntou a Youssef qual era a origem do dinheiro. E ele respondeu: “Comissionamento de empreiteiras”. O juiz insistiu: “Decorrente de contratos com a administração pública em geral, propinas?”. E o homem confirmou: “Sim, senhor, excelência”.


Confirma-se, assim, aquilo de que sempre se suspeitou. Tudo o que ficamos sabendo do mensalão foi, para usar um clichê que eu detesto, mas que se faz inevitável, a ponta do iceberg; conhecemos, na verdade, apenas uma das cabeças da hidra. Como se percebe pelo depoimento de Youssef, o desvio do Fundo Visanet, do Banco do Brasil — da ordem R$ 76 milhões — não foi a única grana pública movimentada pelo mensalão.


Os dois esquemas de ladroagem tinham vasos comunicantes. O mais impressionante é que, enquanto uma das cabeças do monstro estava sob escrutínio, as outras operavam a todo vapor. Esse depoimento de Youssef é mais sério e importante do que parece. Sim, o mensalão existiu — e disso nós sabíamos. Existiu e movimentou mais dinheiro público do que estávamos informados. Espantoso é saber que a máfia não se intimidou nem com o processo que estava em curso no STF, tal era a certeza da impunidade.


E que se note, para arrematar: até agora, a gente não sabe quem era o “capo di tutti i capi”, o chefe dos chefes. Porque não se enganem: uma roubalheira dessa dimensão, com tantas frentes, que pode gerar desentendimentos entre os quadrilheiros, tem sempre alguém que bate na mesa para desempatar o jogo. Saberemos algum dia?

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