Josias de Souza
Presidente
do PSDB federal, o senador Aécio Neves divulgou uma nota para informar
que o partido “não pactua” com acordos celebrados com o objetivo de
inibir investigações na CPI mista da Petrobras. Na véspera, conforme já
comentado aqui,
tucanos e petistas acertaram-se a portas fechadas para excluir da pauta
da comissão requerimentos de convocação de personagens que as duas
legendas preferem não inquirir.
A nota de Aécio tem dois parágrafos. Num, lê-se o seguinte: “O PSDB não pactua com qualquer tipo de acordo que impeça o avanço das investigações da CPMI da Petrobras.”
Noutro, está escrito: “Lutamos pela instalação da CPMI. Temos de ir a fundo na apuração do chamado 'petrolão' e na responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária. Essa é a posição inarredável do PSDB.”
No acordo que Aécio desautoriza, representantes do PSDB na CPI concordaram em mandar à gaveta requerimento de convocação do tesoureiro petista João Vaccari Neto, acusado de receber em nome do PT propinas oriundas da Petrobras. Engavetaram-se também convocatórias da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do seu marido, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento). A dupla foi associada a uma propina de R$ 1 milhão. Dinheiro supostamente usado na campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.
Quanto ao PSDB, conseguiu retirar da pauta requerimento de convocação de personagens como o empresário Leonardo Meirelles, um laranja do doleiro Alberto Youssef que declarou à Justiça ter repassado propinas provenientes do petro-esquema para o ex-presidetne do PSDB Sérgio Guerra, já morto.
“Gente, foi um acordo político, feito por todos os presentes, que se resolveu, em função da falta de densidade das denúncias, não produzir nenhum tipo de oitiva neste momento'', disse o relator da CPI, o petista Marco Maia. “Decidimos excluir os agentes políticos e os citados nas delações premiadas. Abrimos mão de ouvir Gleisi e Vaccari. Todo mundo concordou'', ecoou o deputado tucano Carlos Sampaio, que atuou como coordenador jurídico da campanha presidencial de Aécio.
Antes de divulgar sua nota, Aécio falou sobre Petrobras numa entrevista à Rádio Estadão. Disse que, no encerramento da CPI, em dezembro, se o esquema montado na estatal não estiver “elucidado em profundidade”, iniciará em fevereiro a coleta de assinaturas para uma nova comissão de inquérito.
“Já anunciei que, a partir de fevereiro, na reabertura do Congresso, vamos reiniciar a coleta de assinaturas para uma outra CPMI. Essa é uma questão que o governo não vai poder sobre ela colocar uma pedra, como parece querer fazer.”
Um dos entrevistadores recordou a Aécio que seu partido participara do acordo celebrado na CPI na quarta-feira. E ele: “Concordo com você. Na verdade, nós temos uma minoria, do ponto de vista numérico, pouco expressiva na CPMI. O governo é que define as oitivas. Ele define quem são as pessoas a serem chamadas. Eu não participei dessas reuniões. Mas, no que depender de mim, se não for possível chamar ainda esse ano, que isso seja feito a partir do início do ano que vem.”
Recordou-se também a Aécio a acusação de que seu correligionário Sérgio Guerra teria recebido R$ 10 milhões em propinas. “Essa investigação é de responsabilidade exclusiva desse governo, que montou essa diretoria [da Petrobras] durante 12 anos'', reagiu Aécio. “Se tem alguém de qualquer outro partido que recebeu propina, tem que ser responsabilizado, sim. Mas querer dividir essa responsabilidade!”
Aécio prosseguiu: “Eles montaram essa diretoria que, durante 12 anos, sustentou a base de apoio desse governo. É deles a responsabilidade. Não se presta um bom serviço querer misturar as coisas. Esse é o jogo dos que estão no governo. Essa CPMI existe porque eu liderei um conjunto de senadores que foi ao STF no ano passado. E, lá no Supremo, nós conseguimos que ela fosse instalada, porque a base do governo no Senado e na Câmara não queria que ela fosse instada….”
Arrematou: “Nós estamos vendo o Brasil submetido ao mais grave esquema de corrupção, pelo menos que eu tenho notícia. Tem que investigar todo mundo, seja do PT, de fora do PT. Se tem alguém de fora do partido que foi beneficiado por esse esquema tem que ser punido exemplarmente também. Mas a responsabilidade pela indicação desses diretores, por essa corrupção sistêmica que durante 12 anos alimentou o caixa de partidos políticos e em especial do PT, através do seu tesoureiro, precisa ser investigado em profundidade. E nós vamos cobrar que isso continue acontecendo.”
Diante da manifestação do seu presidente, o PSDB, naturalmente, irá desfazer o acordo que firmou na CPI. Na próxima reunião da comissão, marcada para a semana que vem, os representantes do tucanato no colegiado decerto guerrearão com desassombro pela convocação de quem deve ser convocado. Aécio tem razão quando afirma que a oposição é minoritária. Porém, numa CPI cenográfica, os oposicionistas por vezes exercem melhor suas atribuições quando viram a mesa, não quando se sentam à mesa.
A nota de Aécio tem dois parágrafos. Num, lê-se o seguinte: “O PSDB não pactua com qualquer tipo de acordo que impeça o avanço das investigações da CPMI da Petrobras.”
Noutro, está escrito: “Lutamos pela instalação da CPMI. Temos de ir a fundo na apuração do chamado 'petrolão' e na responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária. Essa é a posição inarredável do PSDB.”
No acordo que Aécio desautoriza, representantes do PSDB na CPI concordaram em mandar à gaveta requerimento de convocação do tesoureiro petista João Vaccari Neto, acusado de receber em nome do PT propinas oriundas da Petrobras. Engavetaram-se também convocatórias da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do seu marido, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento). A dupla foi associada a uma propina de R$ 1 milhão. Dinheiro supostamente usado na campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.
Quanto ao PSDB, conseguiu retirar da pauta requerimento de convocação de personagens como o empresário Leonardo Meirelles, um laranja do doleiro Alberto Youssef que declarou à Justiça ter repassado propinas provenientes do petro-esquema para o ex-presidetne do PSDB Sérgio Guerra, já morto.
“Gente, foi um acordo político, feito por todos os presentes, que se resolveu, em função da falta de densidade das denúncias, não produzir nenhum tipo de oitiva neste momento'', disse o relator da CPI, o petista Marco Maia. “Decidimos excluir os agentes políticos e os citados nas delações premiadas. Abrimos mão de ouvir Gleisi e Vaccari. Todo mundo concordou'', ecoou o deputado tucano Carlos Sampaio, que atuou como coordenador jurídico da campanha presidencial de Aécio.
Antes de divulgar sua nota, Aécio falou sobre Petrobras numa entrevista à Rádio Estadão. Disse que, no encerramento da CPI, em dezembro, se o esquema montado na estatal não estiver “elucidado em profundidade”, iniciará em fevereiro a coleta de assinaturas para uma nova comissão de inquérito.
“Já anunciei que, a partir de fevereiro, na reabertura do Congresso, vamos reiniciar a coleta de assinaturas para uma outra CPMI. Essa é uma questão que o governo não vai poder sobre ela colocar uma pedra, como parece querer fazer.”
Um dos entrevistadores recordou a Aécio que seu partido participara do acordo celebrado na CPI na quarta-feira. E ele: “Concordo com você. Na verdade, nós temos uma minoria, do ponto de vista numérico, pouco expressiva na CPMI. O governo é que define as oitivas. Ele define quem são as pessoas a serem chamadas. Eu não participei dessas reuniões. Mas, no que depender de mim, se não for possível chamar ainda esse ano, que isso seja feito a partir do início do ano que vem.”
Recordou-se também a Aécio a acusação de que seu correligionário Sérgio Guerra teria recebido R$ 10 milhões em propinas. “Essa investigação é de responsabilidade exclusiva desse governo, que montou essa diretoria [da Petrobras] durante 12 anos'', reagiu Aécio. “Se tem alguém de qualquer outro partido que recebeu propina, tem que ser responsabilizado, sim. Mas querer dividir essa responsabilidade!”
Aécio prosseguiu: “Eles montaram essa diretoria que, durante 12 anos, sustentou a base de apoio desse governo. É deles a responsabilidade. Não se presta um bom serviço querer misturar as coisas. Esse é o jogo dos que estão no governo. Essa CPMI existe porque eu liderei um conjunto de senadores que foi ao STF no ano passado. E, lá no Supremo, nós conseguimos que ela fosse instalada, porque a base do governo no Senado e na Câmara não queria que ela fosse instada….”
Arrematou: “Nós estamos vendo o Brasil submetido ao mais grave esquema de corrupção, pelo menos que eu tenho notícia. Tem que investigar todo mundo, seja do PT, de fora do PT. Se tem alguém de fora do partido que foi beneficiado por esse esquema tem que ser punido exemplarmente também. Mas a responsabilidade pela indicação desses diretores, por essa corrupção sistêmica que durante 12 anos alimentou o caixa de partidos políticos e em especial do PT, através do seu tesoureiro, precisa ser investigado em profundidade. E nós vamos cobrar que isso continue acontecendo.”
Diante da manifestação do seu presidente, o PSDB, naturalmente, irá desfazer o acordo que firmou na CPI. Na próxima reunião da comissão, marcada para a semana que vem, os representantes do tucanato no colegiado decerto guerrearão com desassombro pela convocação de quem deve ser convocado. Aécio tem razão quando afirma que a oposição é minoritária. Porém, numa CPI cenográfica, os oposicionistas por vezes exercem melhor suas atribuições quando viram a mesa, não quando se sentam à mesa.
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