10 de março de 2014 BLOG O VESPEIRO
Hoje no café comentei com minha mulher a estatística que a Globo mostrava no jornal da manhã sobre a relação crime x castigo cuja existência ela passou os últimos 20 anos negando.
Com uma Copa do Mundo e uma Olimpíada na agulha, bilhões de dólares investidos nessa parada e “os ingleses” de olho no fogo cruzado dentro do qual o “brasileiro foda-se” vive, recrudescendo agora que os traficantes estão perdendo o medo das UPPs, algo parece ter mudado lá em Jacarepaguá.
Até enterro de policial tratado como herói com pais e filhos que
choram por eles foi mostrado no horário nobre na semana passada, coisa
que eu, com seis décadas de acompanhamento cerrado do jornalismo que se
pratica neste país, só tinha visto em seriado americano.
A estatística referida mostrava simplesmente que em todos os 38 pontos da “Cidade Maravilhosa” em que a polícia ocupou o território que o “socialismo moreno” de Leonel Brizola tinha entregue há mais de 30 anos ao crime organizado, o número de assassinatos caiu pelo menos à metade.
Geraldo Alkmin fez melhor. Reduziu em 80% a criminalidade em São
Paulo, um recorde mundial.
Mas os paulistanos e o resto dos brasileiros
só ficaram sabendo disso mais de três anos depois de obtida a marca,
quando o feito foi comemorado numa sessão solene da ONU perto do final
do ano passado.
Até então não apenas a Globo como o resto da imprensa brasileira, a paulista inclusive, sonegou sistematicamente essa informação que “inglês ainda não tinha visto” ao eleitorado brasileiro que, nesse meio tempo, foi bombardeado não só com milhares de entrevistas com “especialistas” para dizer que São Paulo é uma espécie de “campo de concentração”, de tanto prisioneiro que tem, e que tirar bandidos das ruas não adianta nada, é coisa de troglodita ideológico.
Entre um e outro desses honestos debates sempre sobrava uma brecha, aliás, para dizer que quem tem razão é a Globo:
o certo é deixar os trabalhadores do crime em paz e desarmar a
população que obedece à lei pra tornar o meio de vida deles mais seguro.
Até na página de editoriais do Estadão eu li esse
raciocínio tão límpida e translucidamente torto, capenga e incompatível
com os fatos repetido com poucas nuances e disfarces uma meia dúzia de
vezes.
Enfim, nada prova mais indiscutivelmente o trabalho deletério da
imprensa brasileira nesse e em outros campos protegidos pelo xamanismo
ideológico que ainda domina nossas universidades e redações que o fato
de Leonel Brizola ser, até hoje, um fator de emulação de votos
insistentemente disputado nas campanhas “gratuitas” que as
organizações mafiosas/partidos políticos que ele chefiou no passado nos
enfiam goela abaixo em plena cidade que, quase 10 anos após a sua morte,
continua imersa no pesadelo de sangue em que ele a mergulhou.
Mas a esperança é sempre a última que morre. Um dia o fogo que eles
próprios ateiam chega à bunda dos incendiários e até eles são obrigados a
pular da janela.
De modo que, pelo menos até todos os patrocínios
entrarem no caixa e a “inglesada” ir embora, há esperanças reais da gente ver bandido ser tratado como bandido e mocinho como mocinho até nas Organizações Globo, o que pode contaminar outras redações pavlovianas espalhadas pelo país.
Quem sabe, até, com alguma sorte, dar aos bois os seus verdadeiros
nomes por tanto tempo venha a produzir o efeito que isso sempre produz
na coragem dos políticos de tratar os problemas com um mínimo de
lucidez, levando-os a acabar com a tapeação judiciária que desfaz o
trabalho que a polícia faz, o que poderia facilmente redundar no
brasileiro se acostumar com a paz e começar a exigir o seu direito de
andar na rua em ser trucidado como um nada com a mesma inegociável
veemência com que esse direito é exigido no resto do mundo.
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