Um tentou escapar correndo até delegacia; outro postou sua própria foto
Júlia Carneiro
julia.carneiro@jornaldebrasilia.com.br
Segurança pública é coisa séria, mas quando o ladrão toma decisões inesperadas e se coloca nas mãos da polícia, parece cômico.
Alguns suspeitos atrapalhados deixaram a sua marca nas ruas do Distrito Federal.
Um homem de 46 anos, após assaltar um micro-ônibus em Ceilândia, fugiu da cena do crime e decidiu se enconder... dentro da delegacia.
Outro indivíduo, após roubar o celular de uma mulher, alterou a foto de perfil da conta de um aplicativo de mensagens instantâneas colocando uma imagem dele mesmo.
José Mendes, 45 anos, trabalha como motorista de micro-ônibus há dois anos, em Ceilândia.
Na sexta-feira passada, ele foi surpreendido por um assalto, mas o que ficou na memória não foi simplesmente o trauma do crime.
“Eu escutei a muvuca e falaram que era um assalto. Abri as portas para todos descerem”, relata o motorista, que chegou a ver o ladrão ameaçar a cobradora com uma faca.
Depois de saírem do ônibus, todos decidiram correr atrás do homem.
José cercou o suspeito de modo que ele não tivesse outra opção a não ser ir na direção da delegacia.
“Ele foi para cima de mim com a faca e eu entrei na DP. Aí, ele entrou logo em seguida, colocou a mão no meu ombro e perguntou: 'O que está acontecendo?'”, conta.
Quando José denunciou o assalto e disse que o homem era o suspeito, ninguém acreditou. Os agentes só se convenceram quando as outras vítimas chegaram. “Só então algemaram ele.
O agente falou que eles estava muito drogado, fora de si. Parece que ele é pai de família, não tem pinta de bandido”, admite.
O despreparo do homem e seu perfil atípico levam a crer que o crime foi de oportunidade.
“São ações espontâneas, sem planejamento e completamente desorganizadas”, acredita Analía Soria Batista, professora de sociologia da UnB.
Na terça, mais um atrapalhado resolveu mostrar a cara, literalmente.
Três homens assaltaram um salão na Asa Norte. Horas depois, a lista de contatos da dona da empresa teve uma surpresa: a foto do aplicativo Whatsapp estava com uma foto dele.
Até o fechamento desta edição ele continuava foragido, mas, graças à pista que ele deixou, a polícia sabe por quem procura.
Vontade de fazer justiça
A reação das vítimas, tomadas por uma vontade de fazer justiça com as próprias mãos, tem sido recorrente em casos similares.
Para o professor de segurança pública Nelson Gonçalves, da Universidade Católica , esse quadro é perigoso. “Uma sociedade civilizada tem que utilizar de suas ferramentas legais para que criminosos sejam punidos de forma severa. Se voltarmos para a lei ‘dente por dente e olho por olho’, estaremos encaminhando para uma barbárie”, alerta.
A sensação de impotência é o que leva a comunidade a reagir. “Nós estamos vivenciando uma situação em que as comunidades estão com essa sensação de que estão abandonadas pelo Estado, em termos de proteção”, destaca Nelson Gonçalves.
Para alguns, a violência já está se tornando comum. Cristina Miranda trabalha em Ceilândia, perto do local onde ocorreu o assalto ao micro-ônibus, e conta já está ficando acostumada com a situação, de tão corriqueira. “Já houve mais de três vezes que vi assaltos dentro de ônibus nessa parada”, relata.
julia.carneiro@jornaldebrasilia.com.br
Segurança pública é coisa séria, mas quando o ladrão toma decisões inesperadas e se coloca nas mãos da polícia, parece cômico.
Alguns suspeitos atrapalhados deixaram a sua marca nas ruas do Distrito Federal.
Um homem de 46 anos, após assaltar um micro-ônibus em Ceilândia, fugiu da cena do crime e decidiu se enconder... dentro da delegacia.
Outro indivíduo, após roubar o celular de uma mulher, alterou a foto de perfil da conta de um aplicativo de mensagens instantâneas colocando uma imagem dele mesmo.
José Mendes, 45 anos, trabalha como motorista de micro-ônibus há dois anos, em Ceilândia.
Na sexta-feira passada, ele foi surpreendido por um assalto, mas o que ficou na memória não foi simplesmente o trauma do crime.
“Eu escutei a muvuca e falaram que era um assalto. Abri as portas para todos descerem”, relata o motorista, que chegou a ver o ladrão ameaçar a cobradora com uma faca.
Depois de saírem do ônibus, todos decidiram correr atrás do homem.
José cercou o suspeito de modo que ele não tivesse outra opção a não ser ir na direção da delegacia.
“Ele foi para cima de mim com a faca e eu entrei na DP. Aí, ele entrou logo em seguida, colocou a mão no meu ombro e perguntou: 'O que está acontecendo?'”, conta.
Quando José denunciou o assalto e disse que o homem era o suspeito, ninguém acreditou. Os agentes só se convenceram quando as outras vítimas chegaram. “Só então algemaram ele.
O agente falou que eles estava muito drogado, fora de si. Parece que ele é pai de família, não tem pinta de bandido”, admite.
O despreparo do homem e seu perfil atípico levam a crer que o crime foi de oportunidade.
“São ações espontâneas, sem planejamento e completamente desorganizadas”, acredita Analía Soria Batista, professora de sociologia da UnB.
Na terça, mais um atrapalhado resolveu mostrar a cara, literalmente.
Três homens assaltaram um salão na Asa Norte. Horas depois, a lista de contatos da dona da empresa teve uma surpresa: a foto do aplicativo Whatsapp estava com uma foto dele.
Até o fechamento desta edição ele continuava foragido, mas, graças à pista que ele deixou, a polícia sabe por quem procura.
Vontade de fazer justiça
A reação das vítimas, tomadas por uma vontade de fazer justiça com as próprias mãos, tem sido recorrente em casos similares.
Para o professor de segurança pública Nelson Gonçalves, da Universidade Católica , esse quadro é perigoso. “Uma sociedade civilizada tem que utilizar de suas ferramentas legais para que criminosos sejam punidos de forma severa. Se voltarmos para a lei ‘dente por dente e olho por olho’, estaremos encaminhando para uma barbárie”, alerta.
A sensação de impotência é o que leva a comunidade a reagir. “Nós estamos vivenciando uma situação em que as comunidades estão com essa sensação de que estão abandonadas pelo Estado, em termos de proteção”, destaca Nelson Gonçalves.
Para alguns, a violência já está se tornando comum. Cristina Miranda trabalha em Ceilândia, perto do local onde ocorreu o assalto ao micro-ônibus, e conta já está ficando acostumada com a situação, de tão corriqueira. “Já houve mais de três vezes que vi assaltos dentro de ônibus nessa parada”, relata.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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