Em
termos de logística, o país despencou 20 posições. Tudo porque os
investimentos em infra-estrutura não foram concluídos, apesar da
dinheirama que rolou:
O
Brasil caiu 20 posições no ranking mundial de logística do Banco
Mundial (Bird), que mede a eficiência dos sistemas de transporte em 160
países. O relatório, divulgado nesta quinta-feira, leva em conta a
percepção dos empresários em relação à eficiência da infraestrutura de
transporte. O Brasil passou a ocupar o 65.º lugar no ranking. Trata-se
da pior colocação desde que o ranking foi lançado, em 2007.
Paulo Fleury, diretor-geral do Instituto de Logística e Supply Chain
(Ilos), define o resultado como "desastroso" para o País. "A hora da
verdade chegou: o Brasil investiu bilhões em obras de infraestrutura de
transporte que, por problemas de gestão, não foram terminadas, e está aí
o resultado."
Na avaliação de Fleury, o fato de o estudo não medir os avanços ou
retrocessos físicos, mas a percepção dos empresários, é sintomático.
Pouca coisa mudou na infraestrutura do País nos últimos anos, mas a
posição do Brasil no ranking foi se alterando. Em 2007, quando a
pesquisa foi lançada, o Brasil ocupava o 61.º lugar. Em 2010, ficou na
sua melhor colocação: 41.º posto. Em 2012, caiu para a 45.ª posição. De
lá para cá, despencou para a sua pior colocação.
Fleury atribui as oscilações às mudanças nos cronogramas das obras.
"Quando a primeira pesquisa foi realizada, o PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) havia acabado de ser lançado e a expectativa de melhora
empurrou o indicador para cima por um tempo", diz Fleury. "Como as
obras não saem do papel, mas a demanda por transporte aumenta,
estrangulando o sistema, a frustração só fez aumentar e nem as
concessões no ano passado conseguiram melhorar os ânimos."
Levantamento do Ilos mostra que o atraso médio nas obras do PAC é de
48 meses. Há também enorme descompasso entre o custo orçado e o custo
que se viu na prática. O aumento médio foi de 85%.
Muitas deficiências. O Banco Mundial também divulgou
a classificação dos países em seis itens específicos na área de
logística e transporte, usados em conjunto para determinar a
classificação geral. O segmento que o Brasil está mais bem colocado é na
"qualidade e competência logística" (50.ª posição) e o pior no "serviço
de aduanas e alfândegas" (94.ª). Na categoria "rastreamento e
monitoração" está na 62.ª e, nas "entregas internacionais", na 81.ª.
Outros países da América Latina estão em posições bem melhores que a
do Brasil, como Chile (42.º lugar, o melhor classificado da região),
México (50.º) e Argentina (60.º).
Desigualdades. As três primeiras posições do ranking
são ocupadas por países desenvolvidos - Alemanha, Holanda e Bélgica.
Entre os últimos estão Somália, Afeganistão e República Democrática do
Congo. O Banco Mundial reconhece que reformas no setor são complexas e a
melhora do transporte exige pesados investimentos, o que dificulta o
avanço em países em desenvolvimento. Por essa razão, os países de alta
renda são maioria entre os que ocupam as dez primeiras posições do
ranking, destacou a instituição no material enviado à imprensa.
A principal conclusão do estudo é que a diferença na logística entre
países com melhor sistema de transporte e aqueles com pior rede ainda é
muito grande, apesar da ligeira melhora desde o início da pesquisa em
2007.
O Banco Mundial avalia vários fatores para montar o ranking geral -
qualidade da infraestrutura de transporte, de serviços e a eficiência do
processo de liberação nas alfândegas, rastreamento de cargas,
cumprimento dos prazos das entregas e facilidade de encontrar fretes com
preços competitivos. A instituição ouviu cerca de mil profissionais de
logística pelo mundo. Com base nas entrevistas e na metodologia, o Banco
Mundial desenvolveu o Índice de Desempenho Logístico (LPI, na sigla em
inglês), que é usado para organizar o ranking. (Estadão).
Nenhum comentário:
Postar um comentário