Carlos Chagas
PROIBIR O AVESTRUZ DE ENFIAR A CABEÇA NA AREIA
Publicado: 23 de março de 2014 às 7:48 - Atualizado às 10:35
Não se trata do governador Sérgio Cabral, mas do
poder público em geral, em todos os estados e na União. Durante décadas
enfiaram a cabeça na areia quando a tempestade era apenas um ventinho.
Agora que virou um furacão, anunciam a disposição de enfrentá-lo sem querer identificá-lo, ainda que pouca gente acredite no propósito e, em especial, na eficácia da ação. É piada de mau gosto dizer que as forças policiais fluminenses entrarão em alerta máximo. Só se for para ver mais soldados ser assassinados.
O Rio entregou os pontos e apelou para as forças armadas, mas tanto o poder federal quanto o estadual lembram a cavalaria polonesa investindo contra os tanques nazistas, em setembro de 1939.
Não vai dar, se a solução continuar apenas militar, pela transferência para as favelas de parte do contingente do Exército, Marinha e Aeronáutica. Policiar os morros, periferias e até o asfalto, já dominado pelo estado-maior do crime organizado, equivalerá a bombardear a Linha Maginot.
Os bandidos tem a seu dispor tropas sempre renovadas, recrutadas na indignação e na miséria das massas oprimidas.
Começa que essa nova onda de violência a assolar nossas principais cidades, com ênfase para o Rio, vem de longe e tem raízes profundas fincadas na inércia, na ignorância e até na conivência de nossas elites governantes.
Há quanto tempo ficou claro ser o tráfico de drogas uma das mais rentáveis atividades econômico-financeiras do país e do mundo, superior até mesmo à compra e venda de refinarias de petróleo? Culpa dos traficantes?
Claro, mas eles não existiriam não fosse a multiplicação dos viciados, com ênfase para a classe média e as elites. Virou moda tratar os usuários de drogas como coitadinhos, doentes necessitados de cuidados médicos, o que é verdade, mas esquecendo serem eles o motor fundamental do tráfico. Sem eles, os traficantes morreriam de fome. Sob esse aspecto, são bandidos.
Carecem de atenção da sociedade, mas também dos rigores de uma lei que não existe. Cadeia neles, quando flagrados na compra e no uso das drogas, sejam indigentes envolvidos com o crack, sejam milionários usuários da cocaína.
O tráfico encontrou campo fértil para esconder-se nas favelas e periferias, onde logo dominou as populações carentes pela intimidação ou pela prestação de serviços de assistência. Tudo sem a menor atenção da autoridade pública, parte dela conluiada com os chefões da atividade criminosa.
Os bandidos infiltraram-se na política e na polícia, mas, em especial, no domínio das comunidades onde encontraram clima propício para garantir-se.
Vieram, com atraso monumental, as chamadas UPPS, com a mentalidade de que bastaria sua presença para limitar e restringir a violência verificada nos cada vez maiores enclaves da miséria, como se fossem eles, os despojados, os únicos responsáveis pelo aumento do crime e da desintegração social.
Esqueceram, as autoridades públicas, do potencial do crime organizado pelo tráfico, que se agora perifericamente atingido em parte de suas atividades, pode mobilizar as comunidades dispostas ao seu redor para defender-se. E atacar.
É o que está acontecendo com manifestações de protesto, queima de ônibus, depredações e sucedâneos, tudo orquestrado pelos que se sentem prejudicados em suas vantagens. Sem falar no assassinato de policiais militares.
Junte-se a essa situação o fenômeno da reação da sociedade diante do péssimo funcionamento dos serviços públicos, da revolta da juventude pela falta de oportunidades e da indignação diante da corrupção nas elites, e se terá a receita de que o governo federal e os governos estaduais estão tarde demais buscando despertar o avestruz.
O bicho encontra-se à mercê da tempestade que um dia imaginou passageira.
Adiantará muito pouco mandar militares subirem o morro.
Sacrificar jovens de um lado e de outro empenhados numa guerra que não é deles. O fio da meada repousa no combate não só ao tráfico e aos traficantes, mas aos usuários de drogas.
Por mais cruel que pareça, é preciso tratá-los como delinquentes, criminosos responsáveis pelo caos à vista de todos.
Melhor isolá-los, puni-los, até que se recuperem com a ajuda do estado, do que ver naufragar a nação. A hora é de proibir que o avestruz enterre a cabeça na areia.
Agora que virou um furacão, anunciam a disposição de enfrentá-lo sem querer identificá-lo, ainda que pouca gente acredite no propósito e, em especial, na eficácia da ação. É piada de mau gosto dizer que as forças policiais fluminenses entrarão em alerta máximo. Só se for para ver mais soldados ser assassinados.
O Rio entregou os pontos e apelou para as forças armadas, mas tanto o poder federal quanto o estadual lembram a cavalaria polonesa investindo contra os tanques nazistas, em setembro de 1939.
Não vai dar, se a solução continuar apenas militar, pela transferência para as favelas de parte do contingente do Exército, Marinha e Aeronáutica. Policiar os morros, periferias e até o asfalto, já dominado pelo estado-maior do crime organizado, equivalerá a bombardear a Linha Maginot.
Os bandidos tem a seu dispor tropas sempre renovadas, recrutadas na indignação e na miséria das massas oprimidas.
Começa que essa nova onda de violência a assolar nossas principais cidades, com ênfase para o Rio, vem de longe e tem raízes profundas fincadas na inércia, na ignorância e até na conivência de nossas elites governantes.
Há quanto tempo ficou claro ser o tráfico de drogas uma das mais rentáveis atividades econômico-financeiras do país e do mundo, superior até mesmo à compra e venda de refinarias de petróleo? Culpa dos traficantes?
Claro, mas eles não existiriam não fosse a multiplicação dos viciados, com ênfase para a classe média e as elites. Virou moda tratar os usuários de drogas como coitadinhos, doentes necessitados de cuidados médicos, o que é verdade, mas esquecendo serem eles o motor fundamental do tráfico. Sem eles, os traficantes morreriam de fome. Sob esse aspecto, são bandidos.
Carecem de atenção da sociedade, mas também dos rigores de uma lei que não existe. Cadeia neles, quando flagrados na compra e no uso das drogas, sejam indigentes envolvidos com o crack, sejam milionários usuários da cocaína.
O tráfico encontrou campo fértil para esconder-se nas favelas e periferias, onde logo dominou as populações carentes pela intimidação ou pela prestação de serviços de assistência. Tudo sem a menor atenção da autoridade pública, parte dela conluiada com os chefões da atividade criminosa.
Os bandidos infiltraram-se na política e na polícia, mas, em especial, no domínio das comunidades onde encontraram clima propício para garantir-se.
Vieram, com atraso monumental, as chamadas UPPS, com a mentalidade de que bastaria sua presença para limitar e restringir a violência verificada nos cada vez maiores enclaves da miséria, como se fossem eles, os despojados, os únicos responsáveis pelo aumento do crime e da desintegração social.
Esqueceram, as autoridades públicas, do potencial do crime organizado pelo tráfico, que se agora perifericamente atingido em parte de suas atividades, pode mobilizar as comunidades dispostas ao seu redor para defender-se. E atacar.
É o que está acontecendo com manifestações de protesto, queima de ônibus, depredações e sucedâneos, tudo orquestrado pelos que se sentem prejudicados em suas vantagens. Sem falar no assassinato de policiais militares.
Junte-se a essa situação o fenômeno da reação da sociedade diante do péssimo funcionamento dos serviços públicos, da revolta da juventude pela falta de oportunidades e da indignação diante da corrupção nas elites, e se terá a receita de que o governo federal e os governos estaduais estão tarde demais buscando despertar o avestruz.
O bicho encontra-se à mercê da tempestade que um dia imaginou passageira.
Adiantará muito pouco mandar militares subirem o morro.
Sacrificar jovens de um lado e de outro empenhados numa guerra que não é deles. O fio da meada repousa no combate não só ao tráfico e aos traficantes, mas aos usuários de drogas.
Por mais cruel que pareça, é preciso tratá-los como delinquentes, criminosos responsáveis pelo caos à vista de todos.
Melhor isolá-los, puni-los, até que se recuperem com a ajuda do estado, do que ver naufragar a nação. A hora é de proibir que o avestruz enterre a cabeça na areia.
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