Um dia após pedir ao deputado
licenciado André Vargas (PT-PR) que renunciasse ao mandato, o presidente do PT,
Rui Falcão (SP), tentou enquadrar a bancada do partido na Câmara. Em reunião
realizada ontem com os parlamentares petistas, Falcão apresentou um cenário adverso
à permanência de Vargas e disse que, para o bem do partido e do governo, nenhum
dos colegas deveria defendê-lo.
Os problemas que ameaçam o PT
nessa eleição também foram tratados pela presidente Dilma Rousseff na
terça-feira à noite, quando ela recebeu Falcão e outros coordenadores da
campanha, no Alvorada. A iminência de uma CPI da Petrobrás e a recusa de Vargas
a renunciar ao mandato desagradam a Dilma e à cúpula petista. Acusado de
ligações com o doleiro Alberto Youssef - preso pela Operação Lava Jato, da
Polícia Federal -, Vargas abriu mão da vice-presidência da Câmara, mas decidiu
enfrentar Falcão.
No Palácio do Planalto, a
avaliação é que o caso Vargas e o "fogo amigo" na Petrobrás desgastam
a presidente e os candidatos do PT aos governos de São Paulo, Alexandre
Padilha, e do Paraná, Gleisi Hoffmann, dando munição aos adversários.
"Sou persistente e vou
continuar insistindo para ver se o convenço (a renunciar)", afirmou
Falcão. "Ficou claro que há uma preocupação grande com a evolução dos
fatos e continuo achando que a melhor solução para o companheiro André Vargas é
renunciar. É um pedido que temos feito e reiterado a ele", disse o
petista. Na manhã de terça-feira, Falcão e outros dirigentes do partido
estiveram com Vargas, cobraram dele a saída e avisaram que, se ele não aceitar
essas sugestões, será expulso da legenda pela Comissão de Ética, como revelou o
portal estadao.com.br
O deputado resistiu, desafiou a
direção do partido e disse que fará o sucessor na vice-presidência da Câmara
-numa referência ao deputado Luiz Sérgio (RJ). A resistência de Vargas expôs o
racha da bancada na Câmara. Informações que circulam na Casa indicam que Vargas
tem o apoio de 30 dos 88 deputados do PT, até mesmo para emplacar Luiz Sérgio.
Os aliados de Falcão, porém, querem o deputado José Guimarães (CE) na cadeira
de Vargas.
"Eu não vejo esses 30
deputados irem para o plenário dizer que o André está certo. Que voar no avião
do cara estava certo", afirmou Falcão, comentando a "carona" que
Vargas pegou com o doleiro Youssef, acompanhado de sua família.
O deputado licenciado também é
alvo de um processo disciplinar no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da
Câmara. A seu pedido, no entanto, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) pediu vista do
processo, na terça-feira, e o parecer preliminar apresentado por Júlio Delgado
(PSB-MG), favorável à abertura do processo de cassação, nem chegou a ser
votado. A amigos, Vargas disse que seu direito de defesa não está sendo
garantido e reclamou não ter sido notificado daquela sessão. (Estadão)
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