23/04/2014
às 18:10
“Sou
persistente e vou continuar insistindo para ver se o convenço. O
principal argumento é a preservação do partido e da vida do André para
ele ter melhores condições de defesa para ele mesmo. O André, em
benefício dele e do PT, deveria renunciar, mas é uma decisão
personalíssima e o partido ou a bancada não podem impor a renúncia. É um
pedido que temos feito a ele e reiterado”.
Nossa! As
palavras acima são de Rui Falcão, do PT, e o “André” a que ele se refere
é o deputado André Vargas, aquele que, ao saber que o doleiro Alberto
Youssef havia alugado um jatinho, por R$ 100 mil, para que ele tivesse
férias confortáveis, exclamou: “Isso é coisa de irmão!”. A fala de
Falcão está em reportagem de Laryssa Borges, na VEJA.com.
Eu, hein!
Se estivesse no lugar de Vargas e se Falcão dissesse uma coisa dessas,
eu renunciaria correndo e ainda iria me benzer, né? Imaginem se, da
minha renúncia, dependessem, como ele afirmou, “a preservação do partido
e da vida”… Sim, claro!, entendi que esse “a vida” não é exatamente no
sentido, digamos, biológico — aquela que Celso Daniel, por exemplo,
perdeu —, mas existencial. Mesmo assim, eu daria no pé.
André
Vargas está que é pura indignação! Sabe na ponta da língua os serviços
que já prestou ao partido, e ninguém da cúpula aparece para defendê-lo.
Vejam que curioso: cassado, ele será, isso é certo, e estará inelegível
por oito anos a partir de 2015. Se renuncia, também estará inelegível
pelos mesmos oito anos, mas o desgaste é menor, ainda que o processo no
Conselho de Ética continue.
Então por
que a resistência? Virou uma disputa lá da, digamos, “famiglia”. Ele já
tinha dito que não aceitava ser enxotado. A interlocutores, tem sugerido
que o ministro Paulo Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann — ambos,
como ele, do PT do Paraná — seriam beneficiários de um esquema ilegal de
distribuição de recursos na Petrobras que envolveria o grupo Schahin.
Padilha
Quem deve estar contente, dado o potencial de estrago, com o atual estágio do noticiário é Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Afinal de contas, não foi só o avião fretado por Youssef que fez Vargas cair em desgraça, mas também o lobby que ele fez no Ministério da Saúde em favor do laboratório-fachada Labogen, uma estrovenga que, segundo à Polícia Federal, servia à lavagem de dinheiro.
O ministro
da Saúde quando se celebrou o contrato era Padilha. O caso,
curiosamente, sumiu do noticiário. Essa história, mais do que qualquer
outra, evidencia tanto as relações de compadrio de Vargas com Youssef
como o uso da máquina federal em benefício de um grupo criminoso. E isso
se deu debaixo do guarda-chuva de Padilha, que também é alvo das mágoas
de Vargas.
Nas hostes
petistas, o ainda deputado é considerado um homem-bomba, um “pote até
aqui de mágoa”, como diria o petista Chico Buarque. Por isso, é tratado
com todo cuidado. Sabem como é… “Qualquer desatenção/ faça não!/ Pode
ser a gota d’água.” Eu, se fosse o PT, tomaria cuidado com Vargas. Eu,
se fosse Vargas, tomaria cuidado com o PT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário