Ele foi ao primeiro lançamento do meu livro, evento que aconteceu em uma das áreas mais nobres de São Paulo, num shopping cujo nome dispensa explicação: Pátio Higienópolis. Qualquer morador da capital sabe que Higienópolis é bairro de elite, é lugar de endinheirados. Chegou na livraria trajando seu uniforme de trabalho: calça azul, sapatos, e camiseta amarela com o logotipo dos Correios.
Sim, a estatal que um dia serviu de estopim para o maior escândalo da história da República, o Mensalão, abriga em seus quadros pessoas de grande caráter, como Gil.
Depois de ficar um bom tempo na fila, onde rapidamente fez amizade com outros ditos reacionários, chegou com o livro em mãos e me disse, com orgulho:
Flavio, fiz de tudo para chegar aqui em tempo de comprar o seu livro e pegar o seu autógrafo. Vim direto do trabalho, moro numa favela da Zona Leste, e sou reaça!Na mesma hora pude ver, diante de mim, a pessoa que sozinha consegue desmantelar toda a teoria mentirosa que a esquerda usa para justificar a criminalidade. Estava ali, em pé, alguém que vive em seu cotidiano tudo o que a esquerda classifica como “motivos justos para a revolta social”:
- Gil Diniz nasceu em Pernambuco, na cidade de Serra Talhada;
- Gil Diniz migrou para São Paulo com os pais, em busca de uma vida melhor;
- Gil Diniz sempre foi pobre;
- Gil Diniz mora na favela;
- Gil Diniz conhece o lado rico da cidade, inclusive o Shopping Pátio Higienópolis.
A resposta é simples: para satisfazer sua necessidade de se sentir justo e menos miserável, o esquerdista, que nunca é pobre, nunca é oprimido, e geralmente desfruta dos confortos do capitalismo, precisa se culpar de alguma forma.
Mas como é um covarde e não tem coragem de assumir nada sozinho, ele precisa de um grupo onde sua culpa seja compartilhada por outros que nem sequer conhece, mas que guardam com ele algum tipo de semelhança étnica e/ou social. É daí que vem essa mania de culpar a sociedade baseada no homem branco, heterossexual, cristão e de classe social média ou alta pela corrupção do caráter de todos os outros “tipos de homem”. Não houvesse tantos covardes cheios de culpa no mundo e a ideologia esquerdista jamais teria encontrado guarida.
Mas, como eu disse, basta olhar para um Gil Diniz, e tudo isso se revela como a mais cretina das mentiras. Mesmo tendo nascido no Nordeste jamais se vitimizou como um coitadinho; mesmo tendo migrado para São Paulo jamais se achou inferior aos que aqui estavam; mesmo morando na favela jamais teve vergonha de sua casa; mesmo sendo pobre jamais pensou em outra alternativa a não ser trabalhar; mesmo sendo o modelo quase perfeito para as explicações estereotipadas da esquerda jamais deixou que essa ideologia torpe o contaminasse; pelo contrário, assumiu-se um reacionário, um lutador da verdade, um homem de honra.
Mas para lutar ao lado da verdade é necessário instrução, estudo, esforço e coragem. E nada disso faltou ao nosso amigo, que além de trabalhar o dia todo como carteiro e cuidar de sua família – sim, ele é casado e tem dois filhos pequenos – ainda cursa História em uma faculdade particular, à noite, e arruma tempo para dar aulas como professor eventual. Seus esforços para cultivar a intelectualidade e se tornar elite num país de ignorantes são tão incompreensíveis a um esquerdista como o são os milenares kanji’s a um falante da língua portuguesa.
É muito mais fácil que o esquerdista acredite em fantasmas e bichos-papões do que em um representante legítimo das “classes oprimidas” que escolhe abrir mão do coitadismo e das esmolas governamentais para alcançar, por esforço próprio, o sucesso.
Parabéns Gil Diniz! Precisamos de mais homens como você.
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