09/04/2014
às 22:24
O
deputado petista André Vargas (PT-PR) renunciou, como vocês podem ler
abaixo, à Vice-Presidência da Câmara e do Congresso, mas ainda não ao
mandato. Posto de lado pelo próprio PT, que já sentiu o cheiro de carne
queimada, não tem mais por onde escapar. O próprio Lula o jogou na
fogueira. Ele que se explique. Como explicação não há…
Na carta
de renúncia, afirma que está deixando o cargo na Mesa Diretora da Câmara
para se concentrar na sua defesa, já que, conforme o esperado, o
Conselho de Ética decidiu mesmo abrir um processo por quebra de decoro
parlamentar. O relator é o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas, que
relatou o caso José Dirceu, pedindo, então, a sua cassação. Também
agora, Delgado não deixa muita dúvida sobre o que vai fazer:
“A gente
tem muita prova pública e notória. Vamos trabalhar no prazo de 90 dias,
garantindo o amplo direito de defesa ao deputado André Vargas, mas, a
cada dia, surgem novos fatos da relação com o doleiro. O fato de ele, na
tribuna da Câmara, ter dito que a relação era superficial compromete
porque a gente agora sabe que é mais profunda do que isso!” E como é!
O PT
estava doido para Vargas renunciar — e já! Mas ele não quer de jeito
nenhum! La entre eles, apurou este blog, alega que tem muitos serviços
prestados ao partido — vai saber quais — e que não aceita o linchamento.
Sim, senhores! Vargas já afirmou que não aceita ser hostilizado pelos
seus próprios companheiros. Sabem-se lá quais são as histórias que só os
frequentadores dos subterrâneos do petismo conhecem.
Em sua carta, diz Vargas:
“Tenho enfrentado um intenso bombardeio de denúncias e ilações lançadas em veículos de imprensa baseadas apenas em vazamentos ilegais de informações, as quais terei agora a oportunidade de esclarecer, apresentando minha versão – a verdade – a respeito de tudo que vem sendo divulgado.”
Não sei
por que o petista precisa esperar tanto tempo. Quando o doleiro Youssef
lhe diz que um contrato do laboratório Labogen com o Ministério da Saúde
vai lhe render a “independência financeira”, Vargas poderia nos
explicar que outro sentido tem essa expressão além de… independência
financeira.
Quando o doleiro Yousseff diz que precisa “captar”, e ele,
Vargas, promete entrar em ação, poderia nos revelar, desde já, captar o
quê. Um doleiro faz captação de quê? De borboletas? De advérbios? De
prosopopeias?
Mais:
foram-lhe dadas chances de explicar o aluguel do jatinho feito pelo
doleiro, que o levou e à família de férias para a Paraíba. O mimo custou
R$ 100 mil. Vargas preferiu contar o oposto da verdade para os
deputados. Isso costuma ser fatal mesmo para os elásticos padrões
brasileiros.
Então por
que esperar? Vejam só: se Vargas renuncia agora, dada a Lei da Ficha
Limpa, ele já está inelegível por oito anos a partir de 2015. A punição
só acaba em 2022 — ano em que ele ainda não poderá ser candidato a nada.
Pode tentar voltar à vida púbica, mantido o calendário atual, só em
2024, nas eleições municipais.
Caso seja cassado pela Câmara, que é o
mais provável, a punição é a mesma. Assim, parece que, entre chance
nenhuma e uma chance remota, ele escolheu a segunda hipótese — apesar da
humilhação que representaria a cassação.
Uma das
estrelas em ascensão do petismo; o ilustre representante da
tropa-de-choque lulista no PT; o homem com fama de derrubar até ministra
de estado; o comandante-em-chefe espiritual dos blogs sujos a serviço
do petismo caiu em desgraça. E não foi em razão de nenhuma tramoia da
oposição.
Quem está
pisando em ovos é a senadora Gleisi Hoffmann, pré-candidata do PT ao
governo do Paraná. Vargas iria coordenar a sua campanha e tinha o PT
paranaense na palma da mão. Será que, na vida partidária propriamente,
eram outros os seus métodos?
Em se tratando de PT, cabe uma outra
pergunta: Vargas atuava apenas em seu próprio nome? Não se esqueçam de
que, mesmo na cadeia, Yousseff recebeu um recado: tomar cuidado para não
falar demais e arrastar gente graúda.
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