quinta-feira, 10 de abril de 2014

Se Vargas renuncia agora, inelegível já estará até 2024-Reinaldo Azevedo

09/04/2014
às 22:24


O deputado petista André Vargas (PT-PR) renunciou, como vocês podem ler abaixo, à Vice-Presidência da Câmara e do Congresso, mas ainda não ao mandato. Posto de lado pelo próprio PT, que já sentiu o cheiro de carne queimada, não tem mais por onde escapar. O próprio Lula o jogou na fogueira. Ele que se explique.  Como explicação não há…



Na carta de renúncia, afirma que está deixando o cargo na Mesa Diretora da Câmara para se concentrar na sua defesa, já que, conforme o esperado, o Conselho de Ética decidiu mesmo abrir um processo por quebra de decoro parlamentar. O relator é o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas, que relatou o caso José Dirceu, pedindo, então, a sua cassação. Também agora, Delgado não deixa muita dúvida sobre o que vai fazer:


 “A gente tem muita prova pública e notória. Vamos trabalhar no prazo de 90 dias, garantindo o amplo direito de defesa ao deputado André Vargas, mas, a cada dia, surgem novos fatos da relação com o doleiro. O fato de ele, na tribuna da Câmara, ter dito que a relação era superficial compromete porque a gente agora sabe que é mais profunda do que isso!” E como é!


O PT estava doido para Vargas renunciar — e já! Mas ele não quer de jeito nenhum! La entre eles, apurou este blog, alega que tem muitos serviços prestados ao partido — vai saber quais — e que não aceita o linchamento. Sim, senhores! Vargas já afirmou que não aceita ser hostilizado pelos seus próprios companheiros. Sabem-se lá quais são as histórias que só os frequentadores dos subterrâneos do petismo conhecem.

Em sua carta, diz Vargas:

“Tenho enfrentado um intenso bombardeio de denúncias e ilações lançadas em veículos de imprensa baseadas apenas em vazamentos ilegais de informações, as quais terei agora a oportunidade de esclarecer, apresentando minha versão – a verdade – a respeito de tudo que vem sendo divulgado.”


Não sei por que o petista precisa esperar tanto tempo. Quando o doleiro Youssef lhe diz que um contrato do laboratório Labogen com o Ministério da Saúde vai lhe render a “independência financeira”, Vargas poderia nos explicar que outro sentido tem essa expressão além de… independência financeira. 


Quando o doleiro Yousseff diz que precisa “captar”, e ele, Vargas, promete entrar em ação, poderia nos revelar, desde já, captar o quê. Um doleiro faz captação de quê? De borboletas? De advérbios? De prosopopeias?

Mais: foram-lhe dadas chances de explicar o aluguel do jatinho feito pelo doleiro, que o levou e à família de férias para a Paraíba. O mimo custou R$ 100 mil. Vargas preferiu contar o oposto da verdade para os deputados. Isso costuma ser fatal mesmo para os elásticos padrões brasileiros.

Então por que esperar? Vejam só: se Vargas renuncia agora, dada a Lei da Ficha Limpa, ele já está inelegível por oito anos a partir de 2015. A punição só acaba em 2022 — ano em que ele ainda não poderá ser candidato a nada. Pode tentar voltar à vida púbica, mantido o calendário atual, só em 2024, nas eleições municipais. 


Caso seja cassado pela Câmara, que é o mais provável, a punição é a mesma. Assim, parece que, entre chance nenhuma e uma chance remota, ele escolheu a segunda hipótese — apesar da humilhação que representaria a cassação.


Uma das estrelas em ascensão do petismo; o ilustre representante da tropa-de-choque lulista no PT; o homem com fama de derrubar até ministra de estado; o comandante-em-chefe espiritual dos blogs sujos a serviço do petismo caiu em desgraça. E não foi em razão de nenhuma tramoia da oposição.


Quem está pisando em ovos é a senadora Gleisi Hoffmann, pré-candidata do PT ao governo do Paraná. Vargas iria coordenar a sua campanha e tinha o PT paranaense na palma da mão. Será que, na vida partidária propriamente, eram outros os seus métodos? 

Em se tratando de PT, cabe uma outra pergunta: Vargas atuava apenas em seu próprio nome? Não se esqueçam de que, mesmo na cadeia, Yousseff recebeu um recado: tomar cuidado para não falar demais e arrastar gente graúda.

Por Reinaldo Azevedo

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