O Estado de S.Paulo - 16/05
Na minha idade, segui muitas Copas do mundo com entusiasmo e alegria, participando da corrente geral que tomava o País e nos fazia rir, nos fazia crer, nos fazia torcer. Não me lembro de 1954, mas de 1958 em diante, repórter geral, aderi ao entusiasmo que coloria e arrastava o Brasil de ponta a ponta na época da Copa.
Na minha idade, segui muitas Copas do mundo com entusiasmo e alegria, participando da corrente geral que tomava o País e nos fazia rir, nos fazia crer, nos fazia torcer. Não me lembro de 1954, mas de 1958 em diante, repórter geral, aderi ao entusiasmo que coloria e arrastava o Brasil de ponta a ponta na época da Copa.
Meses de risos, otimismo,
ironias, brincadeiras. Quase na véspera então, fosse onde fosse, as
janelas se tornavam verde-amarelas, ruas e muros pintados, grafites por
toda a parte, faixas imensas desciam do alto dos edifícios, bandeirinhas
nos carros, banners por toda a parte. Havia apostas, farras nos bares,
bons compositores criavam hinos louvatórios. Muita gente ainda canta
"pra frente Brasil, salve a seleção". Ainda canta os "milhões em ação,
salve a seleção". E são refrões de 40 anos atrás, quando havia ditadura.
Onde está a música desta Copa? Até agora, ouvimos canção oficial da
Fifa, chocha, tola, sem pegar nos nervos. Lembram-se das notícias
mostrando o povo correndo para comprar televisores? O povo corria às
lojas, era um tsunami. Os estoques se acabavam. Não vi nada até este
momento, os televisores estão à espera de compradores.
Agora, é democracia, os jogos serão aqui, e o que vejo é um Brasil furioso, raivoso, irritado, desesperançado, arrasado, colérico, ressentido, zangado, magoado, amuado, com dentes cerrados.
Agora, é democracia, os jogos serão aqui, e o que vejo é um Brasil furioso, raivoso, irritado, desesperançado, arrasado, colérico, ressentido, zangado, magoado, amuado, com dentes cerrados.
Não se fala nos jogos,
nos adversários, não se aposta em quem vai ser campeão. A maior parte da
estrutura está inacabada. Junte-se a isso uma epidemia de dengue e o
ministro da Saúde desaparecido. Claro, aprendeu com Lula, não sei de
nada, não vi nada, não ouvi nada. Melancolia. Concordo que os protestos
deveriam ter sido sete anos atrás quando se decidiu que a Copa seria
aqui, para glória de Lula Supremo, o rei sol. O povo não tem pão, saúde,
educação? Que coma brioches, então!
Vi pelos telejornais um fato meio ridículo. A discussão se vai ser feriado ou não nos dias de jogo. Há capitais e municípios querendo votar leis. Porque se for feriado, terá de ser por lei votada pelas Câmaras. Coisa de gente que parece não conhecer o Brasil, a história, o nosso povo. Acaso nas últimas copas alguém decretou feriado? Acaso alguém, nos dias de jogo, foi trabalhar? Algum caxias (neste caso não sei se devo escrever com C maiúsculo ou minúsculo. Socorro Pasquale Cipro Neto), algum puxa-saco, alguém brigado com a mulher foi ou vai trabalhar em dia de jogo? Alguém trabalha no carnaval? Vá, vá, vá, como dizia minha avó Branca, quando queria desdenhar de alguma coisa. Copa é igual carnaval, a gente entrega a Deus.
Vi pelos telejornais um fato meio ridículo. A discussão se vai ser feriado ou não nos dias de jogo. Há capitais e municípios querendo votar leis. Porque se for feriado, terá de ser por lei votada pelas Câmaras. Coisa de gente que parece não conhecer o Brasil, a história, o nosso povo. Acaso nas últimas copas alguém decretou feriado? Acaso alguém, nos dias de jogo, foi trabalhar? Algum caxias (neste caso não sei se devo escrever com C maiúsculo ou minúsculo. Socorro Pasquale Cipro Neto), algum puxa-saco, alguém brigado com a mulher foi ou vai trabalhar em dia de jogo? Alguém trabalha no carnaval? Vá, vá, vá, como dizia minha avó Branca, quando queria desdenhar de alguma coisa. Copa é igual carnaval, a gente entrega a Deus.
Ou será que é um pouco cedo? A festa vai contagiar? Nunca
uma seleção teve a obrigação de ganhar como agora. Que Santo Expedito e
São Judas Tadeu, patronos das causas impossíveis, zelem por nós. Faltam
alguns dias. Que tudo dê certo e que a gente ganhe o caneco, como se
dizia antigamente. Mesmo sem o fervor, o entusiasmo, a loucura, a farra.
O Brasil está cinzento, todo mundo estourando por dá cá aquela palha
Brasil. Estamos iguais à Rússia e Ucrânia, dentes de fora.
Ocupei
espaço com a desesperança e o abatimento, quando queria falar muito da
Flipiri, a sexta festa Literária de Pirenópolis, em Goiás. Já firmada no
calendário cultural. Ainda farei isso, porque muita coisa boa acontece
lá, envolvendo toda a cidade, todas as escolas, todos os professores.
Flipiri e a Jornada de Passo Fundo são exemplos de como essas semanas
têm o pé na realidade e na necessidade de formar leitores. Eles envolvem
alunos do Fundamental para cima. Em Pirenópolis, foram recebidos com
alegria 60 escritores, contadores de histórias, músicos, dançarinos.
Quero falar de Iris Borges, sonhadora, idealista, pragmática, um
"trator" que move céus e terras e realiza a Flipiri, ano a ano, com uma
verba mínima de algumas poucas centenas de milhares de reais. Milagre,
milagre, digo cada vez que vou lá e vejo o resultado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário