Humberto Costa atrás de Dilma e Campos. O aliado vira investigado na CPI chavista do Senado.
Ontem este blog mostrou que os mentores da CPI chavista da Petrobras,
feita a mando de Dilma, receberam altas somas de fornecedores da
estatal. Não defendem a estatal. Defendem a si mesmos. Renan Calheiros
(PMDB-AL), Humberto Costa (PT-PE) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) estão
impedindo com unhas e dentes que os seus patrocinadores sejam
investigados. É uma CPI para não investigar, para jogar escândalos de
bilhões para debaixo do tapete. Leia aqui. Abaixo,
matéria do Estadão que mostra que vários senadores que irão investigar a
Petrobras também ganharam muito dinheiro de empreiteiras suspeitas de
superfaturamento. O Brasil assiste escandalizado tamanha sujeira no
Senado da República.
Um terço dos 12 titulares da CPI da Petrobrás do Senado
indicados até agora recebeu dinheiro de fornecedoras da estatal nas eleições de
2010. O relator da comissão, José Pimentel (PT-CE), está entre eles. Ele
recebeu R$ 1 milhão da Camargo Corrêa, empreiteira que lidera o consórcio
responsável por obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, alvo de
suspeitas.
A doação da empreiteira equivale a 20% de tudo o que o
petista conseguiu arrecadar para a sua campanha ao Senado quatro anos atrás.
Outros três titulares da comissão, instalada nesta semana e controlada pelos
aliados da presidente Dilma Rousseff, também receberam de fornecedores da
Petrobrás.
Até o momento, são conhecidos 12 titulares da CPI no Senado.
Ainda falta a indicação de um nome da oposição, que resiste em fazê-lo por
defender uma comissão mista, com a presença de deputados na apuração.
Humberto Costa (PT-PE) também recebeu R$ 1 milhão da Camargo
Corrêa para sua campanha ao Senado. A construtora OAS doou outros R$ 500 mil à
campanha do senador. Juntas, as duas fornecedoras com contratos com a Petrobrás
respondem por 30% das doações obtidas pelo petista.
A Camargo Corrêa também contribuiu para as campanhas de Ciro
Nogueira (PP-PI), com R$ 150 mil, e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), com R$ 500
mil, outros dois membros da CPI. Ciro ainda conseguiu recursos R$ 100 mil da
Votorantim Cimentos. Os fornecedores da Petrobrás foram responsáveis por 10% de
todas as doações feitas em 2010 à campanha de Grazziotin e 6,25% do arrecadado
pelo comitê de Nogueira.
Conforme revelou o Estado em abril, os fornecedores da
Petrobrás respondem por 30% das doações nos pleitos de 2010 e 2012 aos
postulantes à Presidência e ao Congresso Nacional. Isso não implica que a
estatal tenha direcionado as doações ou que haja ilegalidade, mas revela o
potencial de alcance político e econômico da estatal.
Operação. A Operação Lava Jato, da Polícia Federal, revelou
em março deste ano suspeitas sobre as obras em Abreu e Lima tocadas pela
Camargo Corrêa. A partir da intermediação do doleiro Alberto Youssef, a
empreiteira teria sido favorecida por superfaturamento nas obras. O
favorecimento teria ocorrido, segundo a Polícia Federal, com a ajuda do
ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Ele e Youssef
estão presos no Paraná.
A Justiça deu na semana passada prazo de 20 dias para que a
Petrobrás apresente todos os pagamentos feitos entre 2009 e 2013 à Camargo
Corrêa, a principal financiadora dos membros da CPI.
A estatal e a empreiteira tiveram o sigilo bancário quebrado
pela Justiça Federal do Paraná, que apura se houve desvios de recursos da
estatal que eram destinados a obras da Abreu e Lima. A estatal terá de abrir
para a PF e para o Ministério Público Federal as transações feitas entre
Petrobrás, Camargo Corrêa e Sanko Sider.
Nas investigações do Ministério Público e da PF, Costa e
Youssef receberam cerca de R$ 7,9 milhões por meio do consórcio da Camargo
Corrêa, para a Sanko Sider, que teria feito depósitos em contas para a MO
Consultoria, comandada pelo doleiro.
Financiadora da campanha de Humberto Costa, a construtora
OAS fechou contrato de R$ 185 milhões com a Petrobrás em novembro do ano
passado para a construção e montagem de dutos para o emissário do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O contrato vai até agosto do ano que
vem.
Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) já apontou
"conduta omissiva" da alta administração da estatal em relação aos
atrasos nas obras de tubulação do Comperj, cujo custo total foi estimado, em
fevereiro de 2010, em R$ 26,9 bilhões, com expectativa de conclusão em 2021. Só
o primeiro trem de refino (o complexo é composto por dois) possui previsão de
conclusão em agosto de 2016.
Já a Votorantim Cimentos, doadora da campanha de Ciro
Nogueira, foi contratada pela petroleira estatal por um ano para fornecer
cimento para poços de petróleo pelo valor de R$ 10,8 milhões. O contrato, que
se encerra hoje, ainda teve um aditivo.
Como não concorreu à vaga de senador, o vice-presidente da
CPI, Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), não recebeu nenhuma doação dos fornecedores
da estatal. No entanto, a petista Marta Suplicy, hoje ministra da Cultura e
eleita para o cargo, ganhou R$ 2,5 milhões das construtoras Camargo Corrêa e
OAS de um total de R$ 12 milhões de contribuições na campanha de 2010.
Controle. A CPI da Petrobrás no Senado foi instalada
anteontem e é controlada pela maioria governista. Os aliados de Dilma aprovaram
convites para ouvir a atual presidente da estatal, Graça Foster, e o seu
antecessor, José Sergio Gabrielli.
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