Comerciantes das galerias e moradores da região cobram a revitalização dos espaços
redacao@jornaldebrasilia.com.br
Prédios antigos que hoje sofrem com o abandono são alvo de reclamações dos moradores e comerciantes do Cruzeiro.
As chamadas galerias, pequenos blocos comerciais nas entrequadras, têm sido cenário recorrente de uso e tráfico de drogas, principalmente à noite. A responsabilidade pela revitalização dos espaços é dos proprietários, dizem os inquilinos. Porém, segundo eles, os donos parecem não se preocupar com a depredação.
“Quem chega cedo aqui encontra urina, garrafas, latinhas espalhadas. Até camisinha tem. Tem que limpar tudo. Aqui rola de tudo à noite.
É nojento. E todo mundo sabe disso. Como só acontece depois que nós, comerciantes, já fomos embora, o que podemos fazer? É uma situação complicada”, diz o cabeleireiro José Maria Magalhães, 49 anos, que trabalha na Quadra 909.
Ainda segundo os comerciantes, a presença da polícia não inibe pichadores e usuários de drogas, o que piora a situação. “A gente leva a reclamação aos proprietários, à Administração do Cruzeiro. Mas, até hoje, nada foi feito. Eu nem pinto mais as portas da loja. Desisti. Estou pensando em fazer um grafite aqui para ver se eles param de pichar”, diz a comerciante Sônia de Sousa, 40.
O comandante do 7° Batalhão da PM, tenente-coronel Batista Maia, afirma que a polícia faz sua parte, com rondas e detenção de usuários. Contudo, “como não existe criminalização do uso de drogas, não acontece nada. A gente leva à delegacia, apreende o material e o infrator sai de lá antes da gente”, salienta. “A nossa atuação é pró-ativa, no sentido de coibir, mas é como enxugar o gelo”, completa.
Enquanto isso, quem percorre as ruas reclama da sensação de insegurança após as 19h. “Eles fazem dos espaços um hotel. Alguns fumam crack, maconha. Eu não deixo meu neto passar por ali sozinho”, conta a aposentada Edlamar Silva.
Versão oficial
O problema do uso de drogas nos comércios está resolvido, afirma a
Administração Regional do Cruzeiro. A assessoria de imprensa do órgão
informou que “o que acontece hoje é a mesma coisa de todo o DF: as
pessoas usam drogas em vários locais, aleatoriamente”. De acordo com a
assessoria, o local onde havia o maior foco de usuários, o Cruzeiro
Center, passou por reforma nos estacionamentos, o que ajudou a diminuir
a movimentação de viciados. Além disso, houve aumento da presença de
policiais. Para o órgão, como as galerias são lojas particulares, a
revitalização depende dos proprietários.
Mudança de trajeto devido à insegurança
Moradora do Cruzeiro há 30 anos, a aposentada Edlamar Silva lembra
que o bairro já foi bem mais tranquilo, “no tempo em que a polícia
podia prender usuários de drogas”. Hoje, reconhece, “a gente tem que
selecionar os lugares por onde vai passar. Temos que pensar no percurso
de volta para a casa. Não dá para passar em alguns lugares. Não dá”.
Na quadra 1.209, os comerciantes afirmam que os moradores de rua
chegam até a urinar dentro das lojas. “Tinha dias que chegávamos aqui e
tinha xixi dentro da loja. Eles fazem na porta, aí o negócio entrava
aqui dentro. Um nojo. Agora, depois que colocamos jarros próximo às
portas, melhorou. Parece que uma porta mais arrumadinha afasta eles”,
conta Márcia Maria, 54 anos.
Para a empresária Sarah Mourão, 39 anos, os usuários só estão nos
espaços por causa do abandono dos prédios. “Se as pessoas se unissem e
decidissem revitalizar essas galerias, eles não iam vir para cá. A gente
sofre mais com o abandono, porque a aparência, além de tudo, afasta os
clientes. Ninguém quer parar num comércio feio assim. É ruim para nós e
para a população”, opina a proprietária de um salão de beleza, que
trabalha há quatro anos na região.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário