sexta-feira, 16 de maio de 2014

Manifestações: mortes e prejuízo ao País



Esse foi o tom do primeiro protesto do ano no DF contra a Copa do Mundo. Outros atos estão por vir

carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br



Há 27 dias da Copa do Mundo, os movimentos contra o evento já não mostram mais a mesma força vista em  junho do ano passado. 

Em ato programado na Rodoviária do Plano Piloto, aproximadamente  250 pessoas  estiveram presentes, entre universitários, feministas e representantes de partidos políticos contrários ao governo. O protesto teve seu ápice perto do fim, em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, onde os manifestantes leram os nomes de trabalhadores mortos na construção das arenas que serão palco do Mundial. 
Convocado pela internet, por representantes do movimento Copa para quem?, o ato começou por volta das 16h, na plataforma inferior da Rodoviária. Com microfones, os manifestantes gritavam frases contra o Mundial. 


Entre elas, "Da Copa eu abro mão para a saúde e a educação". Com cartazes, eles diziam ainda: "Fifa, go home" (vá para casa, em inglês) e “Cartão vermelho para a Fifa”. 


Thiago Ávila, membro do Comitê Popular da Copa, afirma   que os protestos apenas começaram. Durante o evento, eles serão diários, prometeu. 


 “Venderam-nos a ideia de uma Copa que traria melhorias para o País, para a população. Mas não foi isso que aconteceu e é por isso que estamos aqui. Eles nos enganaram. Fizeram estádios bilionários com dinheiro público. A Copa, como foi planejada, exclui, discrimina pessoas sem condições de pagar pelos altos preços dos ingressos”, disse.

Uma universitária, que se identificou como Meimei,   segurava um cartaz  questionando “quantas vidas valem uma Copa?”. “Tudo na Copa é absurdo. Os despejos, os altos valores dos estádios. E nada, nada foi feito para o povo brasileiro”. 

Quem passava pelo local, como o aposentado José Rodrigues Martins, também aproveitou o microfone para expor a indignação. “É uma Copa inoportuna. As pessoas passam fome. A população não tem acesso à saúde, à educação. Eu apoio esses jovens”, disse.

Memória

Em junho do ano passado, durante a Copa das Confederações, uma multidão protestou na Esplanada dos Ministérios. Uma das manifestações reuniu 30 mil pessoas. Houve prisões e depredação do patrimônio público, o que foi motivo de investigação policial.

Caminhada rumo ao estádio

O cadeirante Walcon Barreto Neri também se juntou aos atos. Segundo ele, os jogos   só trouxeram despesa para o País, dinheiro que não vai retornar para o bem da população. “Eu peço dinheiro para sobreviver. Recebo um salário mínimo e isso não dá para   viver. Essas manifestações mostram isso também, o quanto somos usados a favor de coisas que não nos trazem nada. Um dia, quero ver esse povo feliz e é por isso que estou aqui”, disse. 

Depois de uma hora parados no centro da plataforma central de Brasília, os manifestantes decidiram ir até o Mané Garrincha. Durante o percurso, o Detran-DF fechou duas faixas do Eixo Monumental e organizou o trânsito. Eles chegaram  por volta das 18h45 às imediações da arena. 
“Vamos nos organizar sempre. Essa Copa só beneficiou a Fifa e as grandes empresas. A população ganha o quê com isso? É um evento que exclui os pobres, só dá acesso aos ricos”, criticou Vinícius Romão, representante do Comitê Popular da Copa.  

Sem-teto protestam na Terracap

Pela mesma causa, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) se reuniram em frente ao prédio da Terracap. De acordo com o movimento, cerca de 600 pessoas foram para frente do edifício, próximo ao Palácio do Buriti, na Asa Norte,   por volta das 9h.

Parte dos manifestantes invadiu o local e a PM foi acionada para conter os ânimos. "Jogaram spray de pimenta e nos bateram. Resolvemos sair, pois machucaram crianças e mandaram pessoas pro hospital", disse um dos coordenadores do MTST em Brasília, Edson Silva. Após conflito inicial, apenas negociações pacíficas   sucederam entre polícia e revoltosos.

Segundo Edson, entre as principais pautas estão  auditoria para investigar se a Terracap não vendeu terrenos públicos para saldar dívidas relativas ao Estádio Nacional e “combate à higienização da pobreza”. “Chega a Copa do Mundo e fazem nas ruas de Brasília mais ‘limpas’.


 Estão tirando moradores de rua, mendigos, gente que trabalha com lixo e ambulantes. Fora a violência da polícia”, denunciou o manifestante.

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