Socialistas sempre prometeram o paraíso
na Terra para conquistar seguidores dispostos a todo tipo de sacrifício
no presente. É assim que o ímpeto revolucionário sempre funcionou, como
substituto das religiões, só que em vez de vender um paraíso após a
morte, ele era oferecido ainda em vida, sendo mais sedutor, portanto.
Já os fascistas preferem vender medo,
explorar o risco de uma catástrofe iminente ou o retorno a algum passado
mítico, idealizado, em que havia quase perfeição e o sentimento de
orgulho nacional era avassalador. Esse tipo de mensagem costuma
funcionar bem em épocas de crise, de humilhação generalizada, como após a
derrota em uma guerra ou a destruição da moeda.
O PT, que sempre foi revolucionário e com
claras inclinações socialistas, adotou o discurso fascista,
reacionário. É o que mostra Reinaldo Azevedo em sua coluna
de hoje na Folha. Incapaz de manter acesa a chama da esperança em um
futuro melhor, restou ao governo Dilma adotar a tática do medo, incutir
pânico nos eleitores, apelar para o terrorismo eleitoral.
O badalado vídeo feito pelo marqueteiro
João Santana, mostrando um risco de retrocesso a um país miserável, como
se graças ao PT isso fosse coisa do passado, representa uma guinada à
estratégia fascista do medo. Sem condições de oferecer um futuro
ensolarado, sem projetos para conquistar sonhos, restou ao PT a saída
reacionária: sua grande bandeira é preservar o status quo das “conquistas” sociais. Diz Reinaldo:
Depois de
quase 12 anos no poder, o PT não tem futuro a oferecer. Por mais que o
filminho de João Santana tenha as suas espertezas técnicas, a verdade é
que a peça terrorista revela o esgotamento de uma mitologia, e tenho cá
minhas desconfianças se o vídeo não será contraproducente, ainda que
peças assim sejam submetidas previamente a pesquisas qualitativas.
A linguagem e
a estética de esquerda repudiam, por natureza, o presente. Sem os
amanhãs sorridentes, o dia que virá, a Idade do Ouro, como cobrar o
sacrifício do povo, a sua mobilização, o seu ímpeto revolucionário, suas
paixões sanguinolentas? Nas campanhas petistas de 2002, 2006 e 2010, o
passado era demonizado, sim, mas o eixo estava num presente que mirava o
futuro. […]
Estou a
antever a derrota de Dilma? Ainda não. Apenas evidencio que o PT não tem
mais nada a oferecer. Se emplacar mais quatro anos de mandato, o país
ficará refém da capacidade de planejamento e de administração de
gestores e estrategistas como Aloizio Mercadante e Guido Mantega. Se a
presidente for reeleita, são eles os portadores da utopia. E isso parece
pavoroso.
Bota pavoroso nisso! É uma imagem
assustadora, e basta olhar para a Argentina ou a Venezuela para ter
ideia do resultado. O PT matou o futuro do Brasil, e matou isso na
expectativa do povo. Agora, apela para um risco fictício de retrocesso,
que é real justamente no caso de sua permanência no poder. Preservar o
país como ele está hoje, eis a grande oferta do PT nessas eleições, na
melhor das hipóteses. Quem pode se mobilizar por isso?
É um PT reacionário em vez de
revolucionário, ao menos no discurso. É um PT fascista, incutindo medo
para evitar mudanças e continuar no poder. Mas o PT reacionário não tem
futuro a oferecer. E, assim sendo, não tem futuro, não irá sobreviver,
pois é impensável um país pobre como o nosso aceitar que esse presente
terrível é o melhor que temos disponível. O povo deseja sonhar com um
futuro melhor, e este o PT não é capaz de oferecer.
Ou alguém acha que é
possível ter bons sonhos com Mercadante e Mantega?
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