sexta-feira, 16 de maio de 2014

O PT reacionário não tem futuro--Rodrigo Constantino VEJA




Tchau, futuro!


Socialistas sempre prometeram o paraíso na Terra para conquistar seguidores dispostos a todo tipo de sacrifício no presente. É assim que o ímpeto revolucionário sempre funcionou, como substituto das religiões, só que em vez de vender um paraíso após a morte, ele era oferecido ainda em vida, sendo mais sedutor, portanto.


Já os fascistas preferem vender medo, explorar o risco de uma catástrofe iminente ou o retorno a algum passado mítico, idealizado, em que havia quase perfeição e o sentimento de orgulho nacional era avassalador. Esse tipo de mensagem costuma funcionar bem em épocas de crise, de humilhação generalizada, como após a derrota em uma guerra ou a destruição da moeda.


O PT, que sempre foi revolucionário e com claras inclinações socialistas, adotou o discurso fascista, reacionário. É o que mostra Reinaldo Azevedo em sua coluna de hoje na Folha. Incapaz de manter acesa a chama da esperança em um futuro melhor, restou ao governo Dilma adotar a tática do medo, incutir pânico nos eleitores, apelar para o terrorismo eleitoral.


O badalado vídeo feito pelo marqueteiro João Santana, mostrando um risco de retrocesso a um país miserável, como se graças ao PT isso fosse coisa do passado, representa uma guinada à estratégia fascista do medo. Sem condições de oferecer um futuro ensolarado, sem projetos para conquistar sonhos, restou ao PT a saída reacionária: sua grande bandeira é preservar o status quo das “conquistas” sociais. Diz Reinaldo:


Depois de quase 12 anos no poder, o PT não tem futuro a oferecer. Por mais que o filminho de João Santana tenha as suas espertezas técnicas, a verdade é que a peça terrorista revela o esgotamento de uma mitologia, e tenho cá minhas desconfianças se o vídeo não será contraproducente, ainda que peças assim sejam submetidas previamente a pesquisas qualitativas.


A linguagem e a estética de esquerda repudiam, por natureza, o presente. Sem os amanhãs sorridentes, o dia que virá, a Idade do Ouro, como cobrar o sacrifício do povo, a sua mobilização, o seu ímpeto revolucionário, suas paixões sanguinolentas? Nas campanhas petistas de 2002, 2006 e 2010, o passado era demonizado, sim, mas o eixo estava num presente que mirava o futuro. […]


Estou a antever a derrota de Dilma? Ainda não. Apenas evidencio que o PT não tem mais nada a oferecer. Se emplacar mais quatro anos de mandato, o país ficará refém da capacidade de planejamento e de administração de gestores e estrategistas como Aloizio Mercadante e Guido Mantega. Se a presidente for reeleita, são eles os portadores da utopia. E isso parece pavoroso.


Bota pavoroso nisso! É uma imagem assustadora, e basta olhar para a Argentina ou a Venezuela para ter ideia do resultado. O PT matou o futuro do Brasil, e matou isso na expectativa do povo. Agora, apela para um risco fictício de retrocesso, que é real justamente no caso de sua permanência no poder. Preservar o país como ele está hoje, eis a grande oferta do PT nessas eleições, na melhor das hipóteses. Quem pode se mobilizar por isso?


É um PT reacionário em vez de revolucionário, ao menos no discurso. É um PT fascista, incutindo medo para evitar mudanças e continuar no poder. Mas o PT reacionário não tem futuro a oferecer. E, assim sendo, não tem futuro, não irá sobreviver, pois é impensável um país pobre como o nosso aceitar que esse presente terrível é o melhor que temos disponível. O povo deseja sonhar com um futuro melhor, e este o PT não é capaz de oferecer. 

Ou alguém acha que é possível ter bons sonhos com Mercadante e Mantega?

Rodrigo Constantino

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