Em artigo
publicado hoje no GLOBO, o presidente do Conselho Regional de Medicina
do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) resume bem a postura do governo
Dilma em relação à saúde pública no país, citando especificamente o
programa Mais Médicos. Sidnei Ferreira toca no ponto certo ao frisar o
caráter eleitoreiro do programa: “Ocultando a verdade e distorcendo os
fatos, a presidente tenta, desesperadamente, contabilizar os últimos
dividendos do investimento eleitoral”.
Ele se referia ao comentário esdrúxulo da
presidente Dilma, de que os médicos estrangeiros eram mais atenciosos
do que os brasileiros, e esta seria a razão pela qual prefeitos estariam
substituindo uns pelos outros. Nada mais falso! Como Ferreira lembra, o
motivo é mais comezinho e prosaico, e também mesquinho: agindo assim,
os prefeitos jogam a conta para o governo federal, apenas isso:
Na verdade,
médicos brasileiros estão sendo substituídos por médicos estrangeiros
pelos prefeitos pelo abjeto motivo de diminuir ainda mais os
investimentos na saúde e fazer propaganda eleitoral, enganando a boa
vontade e a crença do povo. O cidadão pode ser enganado por confiar, por
não resistir à propaganda de bilhões de reais, mas não é bobo. As
denúncias se multiplicam e pode ser que as despesas tenham sido em vão.
No seu
contumaz autoritarismo, o governo, esquecendo a responsabilidade
conferida pelo voto, não usou o Revalida e tirou dos conselhos regionais
o dever de registrar os médicos do programa. Sabia que os conselhos não
registrariam médicos estrangeiros que não fossem submetidos ao exame,
inaptos a atuarem no nosso país. Restou o direito e dever de fiscalizar.
A acusação feita pelo presidente do
Cremerj é séria. Ele alega que as autoridades não cumpriram as leis, e
sequer deram respostas dignas às suas indagações e solicitações.
O Cremerj diz ter encontrado algumas unidades de saúde com médicos
estrangeiros fazendo assistência, atuando sem supervisão ou preceptoria,
sozinhos. Não foram avaliados e não se sabe se têm ou não capacidade
para tal.
Para Sidnei Ferreira, o governo carece de
“sensibilidade democrática”. Vale tudo pela eleição, para se perpetuar
no poder, até mesmo “brincar” com a saúde do povo brasileiro. O Tribunal
de Contas da União está de olho nas irregularidades, e os médicos estão
indignados: “A negação do diálogo com as entidades médicas, o
desrespeito e a soberba do governo transformam a decepção no desejo de
lutar em defesa da profissão, da medicina de qualidade que praticamos e
do atendimento digno que a população merece”.
O presidente do Cremerj cobra mais
responsabilidade do governo. Mas sabemos que isso é pedir demais quando
se trata do PT. Confesso que tenho dificuldade de entender como alguém
pode votar no PT, a menos que coloque interesses mesquinhos acima de
valores básicos da sociedade. Mas um médico? Aí já julgo algo
impossível. Que médico seria capaz de dar seu voto a um partido que
trata como bode expiatório dos males da saúde pública a própria
categoria de médicos brasileiros?
O diagnóstico está claro: os problemas
são agravados pelo populismo e pela demagogia do PT. O remédio também é
bastante evidente: tirar o PT do poder nas próximas eleições!
Rodrigo Constantino
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