Cresce
a violência nascida da intolerância
Falar em violência no Brasil, nos últimos 30 anos, chega a ser redundância.
[curiosamente, em 1985, se encerrou o último Governo Militar do ciclo
iniciado em 1964 e teve inicio a chamada Nova República e a corrupção, a
roubalheira, a desordem começaram a campear sem controle e sempre em ascensão.]
Há, é certo, políticas públicas
que, em algumas regiões metropolitanas, como as de Rio e São Paulo, conseguiram
reduzir bastante a taxa de homicídios, termômetro usual para mensurar-se o
nível de segurança pública. Mas há outro tipo
de violência em ascensão, algo diferente, tão ou até mais grave, a qual
esses indicadores clássicos não conseguem captar na sua totalidade.
O noticiário tem trazido uma mistura indigesta de atos de pura selvageria em linchamentos espalhados pelo país. Destacou o caso não menos bárbaro do torcedor assassinado ao ser atingido por um vaso sanitário jogado de cima do estádio do Arruda, em Recife, e tem acompanhado a sucessão sem-fim de embates violentos nas ruas de grandes cidades, principalmente São Paulo e Rio. Tudo junto compõe o clima de mau humor e exasperação que toma conta do país. Parece haver no ar uma eletricidade capaz de produzir faíscas a partir de qualquer situação banal. Rixa no trânsito, fila no banco, e assim por diante.
Pode-se fixar em junho do ano passado, na explosão de manifestações de ruas, inicialmente espontâneas, o marco zero do atual processo de degradação da convivência social. Mais precisamente quando aquelas manifestações foram sufocadas pelo oportunismo de grupos radicais,
[grupos
radicais a serviço do desgoverno Dilma, orientados pelo famigerado Foro de São
Paulo, que procura, desesperadamente, pretextos para adoção de medidas radicais
que consolidem o ainda incipiente domínio das esquerdas sobre o Brasil.
Tentaram em 35, em 64 e foram
vencidos.Serão novamente e mais quantas vezes
for necessário.]
aproveitando-se daquela mobilização contra precariedades na infraestrutura e nos serviços
públicos, para estabelecer um
padrão de atos cada vez mais violentos, com depredações de bens públicos,
privados e agressões. Entre os alvos, policiais e imprensa profissional.
A intolerância também ganhou as ruas.
O ápice
da escalada foi o assassinato do cinegrafista Santiago Andrade, da TV
Bandeirantes, em fevereiro, na Central do Brasil, pelo disparo criminoso de um
rojão por Fábio Raposo e Caio Barbosa, dois integrantes dos grupos de vândalos
que atuam nesses ataques. A devida reação das instituições de Estado, Polícia e
Justiça fez arrefecer a ação de black
blocs e aparentados. Mas eles estão de volta.
O motivo inicial foi a tarifa dos
transportes públicos. Logo, a Copa entrou na agenda dessas organizações
e, nas últimas semanas, em São Paulo e
Rio, cresce nesta agenda a questão da moradia, com a atuação orquestrada, nas duas cidades, de invasores de
imóveis e terrenos.
O modelo é o de sempre: ocupação,
resistência e passeatas, com desfecho violento — depredações, barricadas
erguidas com rapidez e logo incendiadas, para dificultar o avanço dos
batalhões de choque. Qualquer grupo de poucas dezenas de pessoas tem conseguido
paralisar áreas vitais de São Paulo e Rio.
[as
paralisações só ocorrem em consequência da leniência da polícia, que é motivada
pelo cumprimento de ordens superiores ou
o receio dos integrantes da força policial serem acusados de qualquer ato que
resulte em ferimentos ou mesmo morte dos baderneiros ou de algum transeuinte.
Desde o inicio deste século se tornou
rotina a Polícia ser sempre acusada por qualquer fatalidade que ocorra em uma
ação de repressão.
Morreu alguém, vitima de bala perdida
ou outra fatalidade, durante um confronto PM x traficantes, baderneiros,
criminosos, sempre a Polícia é responsabilizada – policiais são sumariamente
presos, a palavra de um criminoso vale mais que de todos policiais integrantes
da guarnição de uma viatura.
Esquecem, os que responsabilizam a Polícia, que não foi aquela instituição que promoveu a
baderna, o confronto. Tais atos foram organizados por criminosos – traficantes,
baderneiros e lixo similar – e a Polícia foi chamada para cumprir seu DEVER de
restabelecer a ORDEM.
A cada ano transcorrido, desde 1985,
mais se justifica mudar o dístico da Bandeira Nacional de ORDEM E PROGRESSO
para ATRASO E DESORDEM.]
O Código Penal e a própria
Constituição, no
sentido mais amplo, têm sido revogados na prática, diante de um poder público inerte. [inerte e interessado no crescimento da baderna, da criminalidade, da anomia.] Ou quase. É correto o cuidado das
autoridades em não produzir um cadáver que possa ser manipulado a fim de
turbinar os protestos. Mas a paralisia catatônica também não é a melhor
postura.
Está
evidente que há algo em curso, planejado,
na linha da radicalização e da intolerância anárquicas. Até mesmo o atual momento de
tensão em algumas favelas cariocas, em que o tráfico tenta retomar espaços
perdidos para UPPs, tem sido aproveitado para se espalhar a violência em
bairros da cidade, numa aliança espúria, tácita ou não, com criminosos.
[tendo como regra geral à desmoralização da polícia; até a mãe de alguém
que morre durante uma ação policial, movida pela dor da perda, se arvora em
perita e sua palavra tem o ‘poder’ de confrontar um laudo oficial;
Também a ação humanitária de
policiais em socorrer uma vítima de bala perdida – já morta ou agonizando –
produz uma queda do corpo de uma viatura e tal gesto é interpretado de pronto
como uma ação criminosa dos policiais, que são imediatamente presos.
Logo após é constatada a boa fé dos
policiais, a nobreza de suas intenções, e são soltos.
Dias depois a ‘justiça’ decreta a
prisão de dois daqueles policiais sob o argumento dos mesmos terem se envolvido
em conflitos anteriores nos quais houve vitimas fatais.
Em outras palavras, os policiais são
tratados pela má consequência do gesto humanitário de agora com base no fato de
que em operações policiais havidas no passado tiveram a felicidade de matar em
vez de morrerem.]
Militantes desses movimentos
chegam a perseguir pessoas em locais públicos, no estilo dos grupos
nazifascistas nas décadas de 30 e 40, na Alemanha, na Itália e na Áustria.
[militares octogenários são atacados por vândalos na saída do Clube
Militar no Rio;
Oficiais com mais de 80 anos de idade
são ‘escrachados’ por supostos atos que praticaram há mais de 35 anos quando
tinham o DEVER de reprimir traidores terroristas e entre os que promovem e
apoiam tais ‘escrachos’ tem um tal de Ivan Marx, membrodo Ministério Público.]
Há dias, o próprio ministro-chefe
da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, conhecido pelo trânsito
fácil com organizações sociais, foi afrontado por um desses militantes, no Rio.
[Gilberto Carvalho foi vítima do seu
próprio veneno, já que ele é um dos mentores do Foro de São Paulo que tem a
batuta para reger as ações criminosas dos bandidos do chamado MST = ‘movimento
social terrorista.]
A questão
vai, portanto, além de divergências partidárias —, embora se saiba que esquemas políticos têm aproveitado a
radicalização com objetivos eleitorais. Esta infiltração é detectada há
algum tempo no Rio de Janeiro. A
insegurança pública ganhou, portanto, de meados do ano passado para cá, este ingrediente explosivo de organizações
semiclandestinas radicais. Elas têm todo o direito de se pronunciar, mas desde
que nos limites da lei. Não é o que acontece.
O clima,
já ruim, se deteriora, e o surto de incivilidade em todo o país é ainda mais
aprofundado pela onda de linchamentos e atos de selvageria cometidos já para
além das fronteiras da barbárie. Mesmo
que linchamentos sejam um trágica tradição no país, casos vinham se
sucedendo até que, na segunda-feira, a
dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi trucidada por vizinhos, na
periferia de Guarujá, litoral nobre paulista, por ter sido acusada, na página no Facebook do “Guarujá Alerta”,
de sequestrar crianças, para sacrificá-las em cerimônias de magia negra.
Era mentira. E mesmo que fosse verdade, ali
o Brasil retornou à Idade Média da caça literal às bruxas, a serem incineradas
em praça pública.
[os
sequestros fossem fatos e, comprovadamente, sua autoria fosse da dona de casa, o linchamento seria o remédio
natural e eficaz a ser aplicado.]
O
sociólogo José de Souza Martins, professor da Faculdade de Filosofia da USP,
estimou, em entrevista ao “O Estado de S.
Paulo”, que haja três ou quatro casos no Brasil, por semana. Souza Martins
fala com a autoridade de quem estuda
linchamentos há 30 anos, já tendo catalogado dois mil. O Brasil deve ser o
país em que mais se faz “justiça”
pelas próprias mãos, afirma o sociólogo.
O sintoma de descrença no Estado é claro. Como diz o professor, em um dos
seus livros: “O linchamento não é uma
manifestação da desordem, mas de questionamento da desordem.”
Desordem existente porque há um
poder público — todo
ele, nos mais diversos níveis — incapaz
de agir para que a lei seja cumprida. Por black blocs ou quem seja. Que
esta sucessão de selvagerias, país afora, faça todos refletirem sobre os rumos
que a sociedade toma. No caso das autoridades, elas devem redobrar a atenção
com a ordem pública. Mas não se trata apenas de um caso de polícia. Há uma séria questão nisso tudo que é a
percepção popular — mesmo que não seja verbalizada por todos — da falência de instituições. A situação
se agrava com o péssimo exemplo dado por
partidos políticos, do PT ao PSDB, pelo
envolvimento de correligionários em casos de corrupção.
O mau exemplo do PT
chega a ser mais daninho, por ter conquistado o poder com a aura de extrema
seriedade e honestidade.
Ao trair as promessas de defesa intransigente da ética dá grande contribuição, infelizmente, ao descrédito da população diante dos poderes constituídos. Não há culpado único por todo este drama social.
Ao trair as promessas de defesa intransigente da ética dá grande contribuição, infelizmente, ao descrédito da população diante dos poderes constituídos. Não há culpado único por todo este drama social.
Fonte: O Globo – Editorial
BLOG PRONTIDÃO
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