08/05/2014
às 15:41
Por Felipe Frazão, na VEJA.com:
O ajudante de pedreiro Lucas Rogério
Fabrício Lopes, de 19 anos, que confessou ter participado da morte
brutal da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, disse nesta
quinta-feira à Polícia Civil que dois outros agressores foram executados
por traficantes que atuam no bairro Morrinhos, no Guarujá (SP). Fabiane
foi espancada até a morte no último sábado após ter sido confundida
como uma suposta sequestradora de crianças na região.
Lopes foi
detido por policiais militares nesta madrugada e teve a prisão
preventiva decretada pela Justiça. Preso no 1º Distrito Policial do
Guarujá, ele admitiu ter dado duas pancadas com a roda de uma bicicleta
na cabeça de Fabiane, conforme registrado em vídeos feitos pela
multidão. Lopes também disse que outras pessoas que participaram do
linchamento fugiram de Morrinhos. Os policiais fazem buscas por outros
agressores identificados em vídeos feitos pela população.
Segundo
investigadores, há relatos de que traficantes estariam aplicando
castigos em moradores de Morrinhos em represália ao espancamento de
Fabiane. “Soube que muitas pessoas que participaram do linchamento
fugiram do Guarujá”, afirmou Lopes à polícia. No depoimento à polícia ao
qual o site de VEJA teve acesso, Lopes apontou a participação de dois
outros agressores, identificados como Alex, o “Pote”, e Pepê. Segundo
Lopes, Pepê é seu vizinho e vestia uma bermuda de cor vinho no dia do
espancamento. Ele usou um fio elétrico para amarrar Fabiane. Lopes disse
que a mãe de Pepê foi até a sua casa e avisou que ele tinha sido morto
por marginais.
Lopes
disse ter “escutado boatos de que Alex (Pote) também sumiu, junto com
Pepê, e deve ter sido morto por marginais”. Alex aparece nas imagens de
bermuda preta e sem camisa amarrando as pernas da vítima, segundo Lopes.
Eles jogavam futebol juntos no bairro. “Ele [Alex] agrediu muito a
vítima e, a todo o momento, dizia ‘é ela mesmo, tem que matar’”,
relatou. Segundo Lopes, crianças também participaram do linchamento:
“Várias crianças estavam com madeira na mão e ameaçavam bater na
vítima”.
O
espancamento começou por volta das 14h15 de sábado, quando Lopes saiu de
casa ao ouvir a gritaria e se envolveu no crime. Os boatos diziam que a
mulher “arrancava o coração e os olhos de crianças para rituais de
magia negra”, declarou. Quando era adolescente, Lopes chegou ser
apreendido por seis meses na Fundação Casa por tráfico de drogas. Ele
disse “estar muito arrependido, e que foi influenciado por boatos nas
redes sociais e pessoas que estavam no local acusando Fabiane de matar
crianças”.
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