O objetivo desta estratégia é fazer a demarcação (e se possível, ampliação) de território através de uma série de processos lançados geralmente a partir de indivíduos ou grupos de esquerda contra indivíduos ou grupos de direita.
A lógica é bastante clara: se há um processo judicial (por qualquer motivo que seja), a pessoa que é processada tem que se defender, e portanto isso já lhe causa transtornos. Quando os processos são lançados em quantidade volumosa, obviamente os transtornos são ainda maiores. E lembrando de uma das máximas de Sun Tzu, em uma guerra é importante tirar a capacidade de ação do inimigo.
Vamos entender como funciona a coisa toda, através de um exemplo envolvendo o apresentador José Luis Datena.
Em meados de 2010, eu escrevi um post sobre o fato de Datena ter falado mal de ateus em seu programa. Ele recebeu uma saraivada de processos e parece que recentemente um dos ateus militantes teve ganho de causa. Entretanto, ofensas muito, mas muito maiores, são lançadas contra os cristãos pelos neo ateus. E nenhum cristão os processa.
Assim que o processo foi ganho pelo ateu contra Datena, neo ateus e esquerdistas em geral comemoraram nas redes sociais com frases como “Esfregamos algo na cara desses cristãos” ou “Colocamos um cristão no lugar dele”, e daí por diante.
Só esse efeito psicológico já é outra demonstração do potencial que é processar um adversário, principalmente se os processos ocorrem em larga escala.
Quando um grupo inicia guerra de processos contra o outro, a tendência é que o grupo lançando os processos sempre leve vantagem, nas várias situções.
- Primeira: Mesmo que o grupo lançando os processos não vença em nenhum deles, a MERA NOTÍCIA divulgando que um dos lados está sendo processado já conferirá uma espécie de autoridade moral para o proponente da ação.
- Segunda: Caso exista um ganho de causa, mesmo que seja para um indivíduo, esta vitória será comemorada como uma vitória de um grupo contra outro, portanto gera um grande efeito psicológico de motivação para a luta.
- Terceira: O melhor dos mundos ocorre quando um indivíduo ou grupo vence processos contra o outro grupo, e essa vitória abre JUDISPRUDÊNCIA para mudanças no tratamento legislativo, beneficiando o grupo vencedor.
Resumindo, então, temos três situações principais para a guerra de processos, quanto aos resultados:
- Mesmo sem vitória, quando feita em quantidade, pode gerar notícia de que um grupo está sendo processado.
- Em caso de vitória simples, pode servir para desmoralizar o lado perdedor, e aumentar a motivação interna do grupo.
- Em caso de vitória que gera jurisprudência, pode impor uma lei que beneficie o seu grupo, em detrimento de outro.
Imagine agora que este político esteja indo bem nas pesquisas, mas faça uma declaração do tipo “Eu gosto mesmo é de mulher, sinto orgulho disso”.
Não há nada de errado na declaração, certo? Mesmo assim, vários grupos LGBT poderão processá-lo por homofobia.
Realize a situação em que 150 processos de indivíduos diferentes, todos motivados ou financiados por ONGs, tenham sido lançados contra o candidato.
Este candidato agora estará tão envolvido em responder as acusações que não vai mais ter tempo de fazer sequer campanha. Ele terá que ficar na defensiva em quase todas as suas declarações, dizendo “eu não sou homofóbico”, quando devia estar na ofensiva. E ainda: a cada batelada de processos, notícias do tipo “Candidato X é processado por homofobia” poderão surgir. Variações como “Grupo LGBT se revolta contra homofobia do Candidato X”.
Esta última já seria a configuração da primeira das 3 situações que citei no que diz respeito aos resultados da ação.
No segundo caso, caso alguém vença uma das ações, poderão comemorar e dizer coisas como “Pessoas sábias vencem a ultra-direita reacionária homofóbica” e coisas do tipo.
No terceiro caso, é possível até que surja uma jurisprudência garantindo que ninguém mais possa expressar orgulho de ser heterossexual, ou até surgir uma lei duríssima contra esse tipo de declaração. Aí já é o melhor dos resultados.
É por isso que a estratégia é executada em tamanha quantidade pelos esquerdistas, e infelizmente os conservadores não estão percebendo isso. E por gerar tanto resultado, os esquerdistas não vão parar tão cedo de executá-la.
E o que fazer para reverter o sucesso da estratégia aplicada pela esquerda? Simples.
A neurolinguística diz que devemos estabelecer rapport com aqueles com quem nos comunicamos. Isso significa que se alguém gosta de falar de forma amena e serena, que sejamos serenos com ele. Se alguém gosta de levantar o tom de voz, que levantemos o tom de voz também. Enfim, é a “calibração” da comunicação.
Se um grupo se comunica com o outro processando-o quando surgir o primeiro traço de oportunidade, logo a resposta a esse grupo deve ser em forma de processo também.
No caso da norte-americana Jessica Ahlquist, seria o caso de processá-la por preconceito contra a religião, pois se a mera manifestação religiosa a incomoda ela poderia ser processada por cristofobia. (Esse vídeo do Olavo de Carvalho dá uma boa explicação sobre cristofobia)
Já no caso de José Datena, ele poderia processar vários neo ateus pelas contínuas ofensas que fazem contra os religiosos. Aliás, vários religiosos poderiam seguir o caminho e lançar quantidades enormes de processos a cada ofensa que recebem.
E, por fim, imaginem o hipotético Candidato X, que citei, recebendo 150 processos de comunidades LGBT. Ele poderia lançar de volta processos contra todos os que o chamarem de “homofóbico”, pois ele poderia acusar seus adversários de denunciação caluniosa. Aliás, qualquer um que for chamado de homofóbico, sem sê-lo, poderia respondê-los com um processo. Se for chamado de fascista (e isso não for verdade), poderia respondê-los com um processo também.
Essa seria a situação onde a guerra de processos seria travada por ambos os lados: esquerda e direita.
Mas, por enquanto, os esquerdistas estão em larga vantagem nesta guerra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário