Folha
RIO DE JANEIRO - Apesar dos anos de treinamento no quartel e de
exercícios de tiro ao alvo com milhares de disparos, fica combinado que,
nos tiroteios entre polícia e bandidos nas favelas cariocas, qualquer
bala que atinja alguém –idosos, mulheres, crianças ou mesmo policiais–
terá sido disparada pela polícia.
São os policiais que, equipados com mira telescópica, acertam a cabeça das velhinhas na porta do barraco. Ou, apatetados como os das comédias de Buster Keaton, matam-se uns aos outros.
Supondo que os policiais sejam melhores atiradores do que os traficantes –se não forem, algo está errado–, não se entende que não saibam contra quem estão atirando. Os paisanos tombados nos combates, por exemplo, nunca pertencem às hostes do crime.
São moradores a caminho da igreja ou rapazes em visita à avó. Como os bandidos não matam ninguém e também não estão entre os mortos, a violência no morro deve ser causada por uma guerra entre facções da polícia.
Tudo isso indica também um grave desperdício. Imagine o que não se investe em contingente, tempo e dinheiro na captura de traficantes carimbados –às vezes, com o sacrifício de inocentes– para que eles sejam logo libertados por um juiz zeloso da "progressão da pena" ou da "falta de provas".
Sem falar nos bem-comportados que saem para gozar o Natal em família, esquecem-se de voltar e retomam seus hábitos de ordenar execuções e atacar as UPPs. Donde, para que prendê-los?
Só se sabe que, com ou sem motivo e pelo menos uma vez por semana, um grupo de "moradores" –atenção às aspas– sairá por alguma comunidade depredando postos de atendimento médico, agredindo enfermeiros, botando médicos para correr e destruindo benfeitorias a custo implantadas ali.
No passado, havia o teatro de protesto. Hoje, o "protesto" é um teatro.
São os policiais que, equipados com mira telescópica, acertam a cabeça das velhinhas na porta do barraco. Ou, apatetados como os das comédias de Buster Keaton, matam-se uns aos outros.
Supondo que os policiais sejam melhores atiradores do que os traficantes –se não forem, algo está errado–, não se entende que não saibam contra quem estão atirando. Os paisanos tombados nos combates, por exemplo, nunca pertencem às hostes do crime.
São moradores a caminho da igreja ou rapazes em visita à avó. Como os bandidos não matam ninguém e também não estão entre os mortos, a violência no morro deve ser causada por uma guerra entre facções da polícia.
Tudo isso indica também um grave desperdício. Imagine o que não se investe em contingente, tempo e dinheiro na captura de traficantes carimbados –às vezes, com o sacrifício de inocentes– para que eles sejam logo libertados por um juiz zeloso da "progressão da pena" ou da "falta de provas".
Sem falar nos bem-comportados que saem para gozar o Natal em família, esquecem-se de voltar e retomam seus hábitos de ordenar execuções e atacar as UPPs. Donde, para que prendê-los?
Só se sabe que, com ou sem motivo e pelo menos uma vez por semana, um grupo de "moradores" –atenção às aspas– sairá por alguma comunidade depredando postos de atendimento médico, agredindo enfermeiros, botando médicos para correr e destruindo benfeitorias a custo implantadas ali.
No passado, havia o teatro de protesto. Hoje, o "protesto" é um teatro.
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