Dirigente reclama de mudanças no governo, mas também põe culpa na Fifa ao ressaltar problemas: "É verdade que temos uma responsabilidade moral"
Jerome Valcke voltou a reclamar da organização da Copa do Mundo
– Vivemos um inferno, sobretudo porque no Brasil há três níveis políticos, houve mudanças, uma eleição, e não discutíamos mais necessariamente com as mesmas pessoas. Foi complicado, porque a cada vez tínhamos que repetir a mensagem – disse Valcke, segundo o jornal, durante o evento.
Sem diminuir o tom crítico, o dirigente lembrou que receber uma Copa do Mundo é muito diferente do que organizar outros eventos.
– Lembro que me diziam: como você pode duvidar do Brasil? Nós organizamos o carnaval do Rio todos os anos com três milhões de pessoas. Mas no carnaval são pessoas do Rio, pessoas que têm seus apartamentos, estão na praia e ficam lá. As pessoas achavam que era fácil, mas organizar uma Copa é um trabalho de verdade. É uma responsabilidade real.
Após o evento, no entanto, Valcke usou outras palavras ao ser abordado por repórteres brasileiros.
– Não foram três anos de inferno. Foram três anos complicados, mas tanto para o Brasil quanto para nós. O trabalho não foi cumprido de uma parte ou de outra. Tivemos complicações relativas à estrutura do país, em relação a investimentos que talvez começaram tarde, uma incompreensão em relação à dimensão do evento.
Valcke esteve em Cuiabá recentemente: dirigente citou a cidade para falar de atrasos
Atrasos e responsabilidade da Fifa
Além das críticas à forma de organização brasileira, Valcke disse que a Fifa tem sua parcela de responsabilidade em algumas questões que geraram protestos.
– Quanto à crítica sobre as despesas, é verdade que nós temos uma responsabilidade moral. Dou um exemplo: num dado momento havia um certo número de pessoas, no Brasil, entre eles políticos, que se opunham à Copa do Mundo.
Ao se mostrar incomodado com as mudanças de poder no Brasil com o passar do tempo, <b></b> Valcke indicou ainda que a entidade terá que rever algumas medidas no futuro. Ele diz que a "mais alta autoridade" deve estar associada à candidatura do Mundial, não um governo simplesmente.
O secretário-geral da Fifa reconheceu ainda que precisou diminuir algumas exigências, por exemplo, com as estruturas temporárias. Mesmo assim, disse que nem tudo ficará pronto a tempo.
– São muitos detalhes. Não digo que tudo estará concluído. Em uma cidade como Cuiabá, há estruturas na cidade que não são diretamente relacionadas à Copa. Portanto, haverá certamente obras nos entornos. Mas nos estádios teremos o que precisamos.
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