07/05/2014 08h09
Companhia atrasou planos e não instalou monitoramento no Rio Piracicaba.
Ação de contingência 'esquece' emergências por seca, segundo documento.
Rio Piracicaba nesta terça (6): Sabesp não implantou monitoramento, diz MP
Entre as condições desrespeitadas estão prazos para revisão de estudos hidrológicos e entrega do plano de contingência para situações emergenciais, além da não implantação, manutenção e operação de estações de monitoramento e inexistência de ações para reduzir a dependência do Cantareira para o abastecimento da Grande São Paulo.
Um inquérito civil do Gaema acompanha o processo de renovação da outorga. A autorização de uso das bacias vence em agosto deste ano. Devido à crise hídrica no estado de São Paulo, as negociações que seriam realizadas em 2014 foram suspensas no início deste ano e não há previsão para retomada.
A promotora Alexandra Facciolli Martins afirmou que a prioridade do inquérito é garantir que a nova outorga dê segurança às bacias PCJ, mas disse que não estão descartadas ações para tentar punir os eventuais responsáveis pelo descumprimento das obrigações previstas em 2004.
Milhares de peixes foram encontrados mortos no
Piracicaba em fevereiro
Piracicaba em fevereiro
Segundo o parecer técnico incluído no inquérito, a Sabesp entregou plano de contingência para represas do Cantareira com dois anos e meio de atraso e, ainda assim, o documento não contemplou as situações de emergência para períodos de cheia e de escassez hídrica, como previa portaria de 2004 do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee).
A análise técnica da Promotoria cita como situação de emergência e de "risco iminente para o meio ambiente" a mortandade de peixes ocorrida no Rio Piracicaba em fevereiro devido à baixa vazão. Contudo, segundo o parecer técnico, o plano de contingência adotado pela Sabesp, com aprovação do Daee e da Agência Nacional de Águas (ANA), "restringe-se apenas aos eventos extremos em períodos de cheias, com ênfase ao risco para estruturas hidráulicas". Ainda conforme o MP, a obrigação que era da Sabesp de elaborar o plano de contingência foi "transferida" para os Comitês das Bacias PCJ em fevereiro de 2014.
Monitoramento
Outra exigência feita à Sabesp em 2004 era a de implantar, manter e operar estações de monitoramento contínuo dos níveis de água em pontos de controle do sistema. O parecer técnico da Promotoria afirma que há equipamentos instalados e operados com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), mas destaca que a Sabesp "não participou em quaisquer das etapas de implantação, manutenção e operação das estações de monitoramento contínuo do Rio Piracicaba", que é um dos afluentes do Cantareira.
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DependênciaEstudos apresentados pela companhia de saneamento para redução da dependência do Sistema Cantareira, também conforme exigências de 2004, foram reprovados pelo Daee e pelo governo paulista, segundo o parecer técnico. Em 2008, o estado criou um grupo de trabalho para propor alternativas de aproveitamento de água na Macrometrópole de São Paulo. Os resultados eram previstos para maio de 2009, de acordo com o MP.
Após quatro anos, em agosto de 2013, foi apresentada minuta do Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista. O parecer técnico do Ministério Público conclui que "não existe nenhuma ação concreta para que a Sabesp reduza, de fato, a dependência do Sistema Cantareira, através da redução das vazões outorgadas".
Sabesp, Daee e ANA
A Sabesp informou em nota oficial que ainda não foi notificada pela Promotoria sobre o parecer técnico. A mesma resposta foi dada pelas assessorias do Daee e da ANA, também por meio de notas. Apesar do entendimento do Ministério Público de que houve descumprimento das condições para a outorga de 2004, a promotora Alexandra afirmou que Daee e ANA entendem que não houve falhas da Sabesp no cumprimento das obrigações.
Represa Jaguari-Jacareí, do Sistema Cantareira, na quarta-feira (30)
A primeira autorização para retirada de água das bacias PCJ foi em 1974, teve vigência de 30 anos e permitia captação máxima de 33 metros cúbicos por segundo. Em 2004, a outorga foi renovada por mais uma década e houve a redução da vazão permitida para os atuais 31 metros cúbicos por segundo. Em 2013, no início dos debates sobre a nova outorga, os Comitês PCJ encaminharam proposta para que a vazão nas cidades do interior suba de cinco para pelo menos oito metros cúbicos por segundo na nova fase.
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