O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência
da República, criticou a presidente Dilma Rousseff e o ministro das Relações
Institucionais, Ricardo Berzoini, pela postura do Palácio do Planalto em
relação aos prefeitos do PMDB no Rio de Janeiro que decidiram apoiar a
candidatura tucana. Segundo Aécio, o Palácio do Planalto parece fazer uso de
uma equipe de servidores públicos, a exemplo do servidor Cássio Parrode Pires,
para objetivos eleitorais.
Nesta quinta-feira, uma reportagem publicada pelo EXTRA e
pelo jornal “O Globo” mostrou que, no último dia 12, Cássio enviou à assessoria
de imprensa do PMDB do Rio um e-mail solicitando a lista dos prefeitos que
haviam comparecido, na véspera, ao almoço de lançamento da chapa Aezão — que
prega o voto em Luiz Fernando Pezão para governador e em Aécio Neves para
presidente.
A Secretaria de Imprensa da Presidência da República
respondeu ao EXTRA que a presidente Dilma Rousseff não comentaria o episódio. A
assessoria de imprensa da pré-campanha presidencial de Eduardo Campos (PSB),
ex-governador de Pernambuco, informou que o presidenciável não comentará o
episódio. O PSDB e o PSB vão à Justiça contra a presidente Dilma Rousseff, para
solicitar investigação por suspeita de cometimento de crime eleitoral.
Leia abaixo a entrevista com o senador Aécio Neves.
O que o senhor achou do episódio do envio do e-mail pelo
Planalto?
É mais uma lamentável evidência de que lideranças do PT não
sabem o que é público e o que é partidário. Não sabem o que é republicano, não
sabem diferenciar. Mas, se eles não aprenderam, vão ter que entender isso na
Justiça. É o descompromisso do discurso da presidente, que se apresenta falando
em novas relações políticas, mas isso contrasta com a prática cotidiana do
governo. A que serve isso, se não para retaliar ou constranger? Isso é usar o
servidor público, o que é pago com o dinheiro público, para fazer campanha.
O senhor acredita que o servidor Cássio agiu isoladamente?
Não, e o próprio ministro Berzoini já disse que não. Isso é
uma ação vedada ao servidor público. É uma ação eleitoral. Em 2006, o ministro
Berzoini se tornou nacionalmente conhecido como foi pego financiando dossiês
falsos contra o Serra. Ele foi denominado pelo ex-presidente Lula como chefe
dos aloprados. Ele deve ter gostado desse estilo. É a mesma forma aloprada de
agir. É algo absolutamente questionável sob todos os aspectos.
Queremos que ele
explique no Congresso Nacional. Isso pode ser uma central eleitoral de
constrangimento, de punição de prefeitos que tenham uma orientação política
diferente do governo. É aquela velha história. O PT se apropria do estado como
se fosse seu e acha que pode utilizá-lo em benefício de seu projeto político.
Não pode. O Brasil está cansado desse tipo de atitude não republicana. É ilegal
O Palácio do Planalto não pode ser um comitê eleitoral.
Alguns prefeitos criticaram a postura do ministro Berzoini.
O que o senhor achou das palavras dele?
É um profundo desrespeito aos prefeitos. A presidente Dilma
Rousseff está se afastando cada vez mais dos prefeitos por causa disso. O
Palácio do Planalto sempre achou que, com a força da caneta e da arrogância
eleitoral, podia controlar os votos e a cabeça das pessoas.
Por que o senhor acha que o Aezão incomodou tanto o Palácio
do Planalto?
Agora, o governo está percebendo que, a cada dia, por mais
que cedam ministérios, diretorias de empresas, qualquer coisa em troco de apoio
na campanha, cada vez mais eles percebem que o sentimento dessas lideranças se
afasta do governo. As pessoas querem mudança. A presidente Dilma não terá o
sangue e o suor dos membros desses partidos, que não querem se sujeitar a isso.
As recentes alianças firmadas no Rio foram tachadas de
“suruba” e “bacanal”. O senhor acha que, aos olhos do eleitor, elas possam
parecer uma incoerência?
Eu não acredito. Há uma construção política nova no Rio de
Janeiro. Quando eu vejo setores do PMDB e de outros partidos vindo para me
apoiar, eu tenho que agradecer. Eu não tenho cargos. Eu tenho que oferecer a
minha história pessoal, a minha coragem de mudar o Brasil. Quando eu vejo que
as pessoas vêm para a minha campanha, eu só tenho a comemorar. As minhas armas
são essas. Minha arma não é a máquina pública, o cargo na diretoria de uma
estatal ou de um ministério. (Link Extra)
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