Eduardo Schiavoni
Do UOL, em Americana (SP)
Do UOL, em Americana (SP)
- Estadão ConteúdoRepresa Jaguari-Jacareí, na cidade de Vargem, no interior de São Paulo, na divisa com o sul de Minas Gerais em abril
O Sistema Cantareira, que fornece água para cerca de 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo e para outros 5 milhões em Campinas, tem seu nível próximo a 21% da capacidade, contando o volume morto. Se ele for excluído, o nível se aproxima de 3%.
De acordo com o engenheiro e pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Antônio Carlos Zuffo, também consultor do consórcio e responsável pelo estudo, isso significa que, a partir desta data, todo o sistema estará operando exclusivamente com o chamado volume morto, que não deve durar mais que cem dias.
"Em se mantendo as atuais condições de chuvas, a água do Cantareira, sem contar o volume morto, só dura até 7 de julho", disse.
25.jun.2014
- O fluxo do rio Atibaia, em Campinas (SP) caiu inesperadamente de seis
metros cúbicos por segundo para 4,65. Ele é responsável por 95% do
abastecimento do município. Segundo a Sanasa (Sociedade de Abastecimento
de Água e Saneamento S/A) se a vazão chegar a quatro metros cúbicos, o
município deve pedir ao governo estadual o aumento de abertura do
sistema Cantareira
Para o especialista, desde o fim do ano passado, deveria ter sido implementado um sistema de rodízio ou de racionamento para evitar o esgotamento do recurso.
Segundo o secretário-executivo do Consórcio PCJ, Francisco Carlos Lahóz, é urgente a necessidade de adoção de rodízio no abastecimento de todas as cidades que utilizam a água do Sistema Cantareira. "Isso já tinha de estar vigorando desde o começo do ano.
Além disso, medidas emergenciais, como a captação de água de lençóis freáticos e a construção de reservatórios, já deveriam ter sido executadas de forma emergencial para diminuir o consumo das águas do Cantareira", informou.
Chuvas
Pelas contas da própria Sabesp, o volume morto poderia garantir o abastecimento das regiões atendidas pelo Cantareira por cem dias. Com isso, a intenção é atravessar o período de estiagem, que tradicionalmente vai até setembro.A partir de então, com a chegada da primavera, o volume de chuva aumentaria e seria capaz de, além de garantir o abastecimento, recompor as reservas do Sistema Cantareira.
Para Zuffo, no entanto, não há garantias de que as chuvas voltarão em volume suficiente para acabar com a crise hídrica. Dessa forma, a situação, para o próximo ano, pode ser ainda pior que a registrada em 2014. "Se não chover acima da média, chegaremos ao próximo ciclo de seca com os reservatórios ainda mais combalidos e sem reservas. Isso obrigaria que medidas drásticas fossem tomadas. Simplesmente não iremos ter de onde tirar água e o racionamento e o desabastecimento serão uma imposição", disse.
O evento realizado pelo Consórcio PCJ contou ainda com a participação da consultora Rosana Garjulli, uma das responsáveis pela implantação e pela execução do projeto de abastecimento do Ceará, uma das regiões consideradas modelo no quesito gestão de água.
Ela defende que a região precisa imediatamente fazer a adequação do uso da água com o volume captado para evitar problemas. A região de Campinas tem uma vazão autorizada para captação de 4 m³/s. "É com isso que ela tem que trabalhar. Da mesma forma a Grande São Paulo. Querer captar mais que isso é a receita certa para o sistema entrar em colapso, ainda mais na atual situação", disse. A Grande São Paulo tem autorização para captar 27 m³/s.
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