Ontem, em cerimônia de liberação de verbas para "mobilidade urbana" em
São Paulo, a presidente Dilma Rousseff atacou com agressividade a gestão
FHC, sentada ao lado do governador tucano Geraldo Alckmin. Entre outras
coisas, disse a presidente, aplaudida por uma claque trazida de Mauá,
por um prefeito petista:
"Tenho perfeita consciência de que no passado não se
investiu em obras de mobilidade urbana nessa dimensão."
E prosseguiu a presidente:
"No governo Lula nós começamos a fazer investimentos em
mobilidade urbana. Naquela época [em 2005] chegaram para mim e disseram: 'Viva,
o FMI [Fundo Monetário Internacional] nos deixou investir R$ 500 mil'. Porque
naquela época o FMI deixava ou não. Quando nós pagamos o FMI, ele parou de dar
palpite."
Como se não bastasse as colocações fora do contexto da cerimônia, com objetivo puramente eleitoreiro, a presidente prosseguiu:
"O governo federal não tinha programa de habitação.
Porque habitação não é ter feito dois ou três, é ter escala do programa em um
país com 201 milhões de habitantes".
Notem bem. Era uma cerimônia para liberação de verbas para "mobilidade
urbana". Mas é muita pureza, beirando ao amadorismo, que o governador
tucano do maior estado do país, não estivesse preparado para fazer um
discurso à altura. Com elegância e educação, mas com consistência. O que
Geraldo Alckmin poderia dizer, antes do discurso da presidente?
É muito simples. Bastaria dizer o quanto São Paulo investiu em
mobilidade urbana nos 20 anos do PSDB. Os bilhões de dólares. E que o
estado recebeu, em contrapartida, um mínimo do governo federal. Que São
Paulo é responsável por tantos por cento da arrecadação total do país.
Que possui tantos por cento da população. Que é um estado que pode, como
naquele momento, contrair empréstimos, pois tem liquidez e é bem
gerido. Que bom que estavam ali governador e presidente da República
pensando no país e, sem nenhum interesse político, trabalhando pelo bem
do povo.
Enfim, há uma série de bons argumentos para contrapor qualquer
crítica, especialmente sabendo que aquele seria um evento eleitoreiro e
qual o tom que Dilma Rousseff dá neste tipo de cerimônia.
Ao que consta, Geraldo Alckmin fez um discurso protocolar.Tipo uma saudação. Tanto é que o mesmo não consta da página oficial
do palácio. À tarde, em Santos, tentou remediar, em outra cerimônia.
As
manchetes já estavam na internet e os jornais fechados. O discurso de
Dilma está lá, na página do Palácio do Planalto, servindo de material de
propaganda para a dura campanha eleitoral que se aproxima. Dilma,
ontem, nenhuma surpresa, estava vestida com um colete de guerra. Alckmin
com aquele mesmo velho e surrado colete de 2006. Uma pena.
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