Nas eleições de 2010, o PT entoou o mantra de que ninguém pode ser
considerado culpado antes da sentença transitar em julgado. E a segunda
vacina dos petistas saía da boca de Lula, que dizia que o mensalão não
tinha existido e que ele, ao fim do processo, provaria isso.
Não contava
com Joaquim Barbosa e com a sua imensa credibilidade junto ao
eleitorado. O PT, de forma burra e imbecil, para alegria da Oposição,
abriu guerra contra Joaquim Barbosa.
Neste momento, inclusive,
encaminhou um abaixo-assinado com 300 assinaturas atacando o presidente
do STF, exigindo que ele libere os mensaleiros corruptos José Dirceu,
José Genoino e Delúbio Soares para o teatrinho do trabalho externo.
A
oposição está com um prato feito à sua frente, para comer do jeito que
lhe aprouver. O PT é um partido corrupto. Os seus maiores líderes foram
condenados e presos.
O PT inteiro ficou solidário com estes bandidos e
que confiança um eleitor pode ter num partido que defende criminosos?
Como se não bastasse, explodiu a roubalheira na Petrobras, quando Dilma
era presidente do Conselho de Administração.
Um diretor amigo de Dilma e
Lula, com quem tinha sólido relacionamento, está na cadeia. A matéria
abaixo é do Valor Econômico e mostra o terror que se abate sobre o
Partido do Mensalão, quando o assunto é corrupção.
A três meses e meio da eleição, dirigentes do PT avaliam que
nunca antes, desde 2005, os efeitos do mensalão se fizeram sentir sobre o
partido como agora, nas eleições de 2014. A situação é atribuída sobretudo ao
desgaste produzido pelo julgamento da Ação Penal 470, entre agosto e dezembro
de 2012.
Foram 53 sessões do Supremo Tribunal Federal (STF),
transmitidas ao vivo pela televisão, que expuseram as vísceras do PT e do
governo Lula.
Em 2013 foram à pauta os embargos infringentes, sem tanta
audiência quanto o julgamento da AP 470, mas o bastante para enxovalhar a imagem
do partido mais popular do país. Dirigentes históricos foram presos.
Nas duas eleições realizadas desde então (2006 e 2010), Luiz
Inácio Lula da Silva foi reeleito e elegeu Dilma Rousseff sucessora. Ambas
decididas no segundo turno.
Os efeitos do mensalão foram moderados na eleição para a Câmara, em 2006 - o partido caiu de 91 para 83 deputados, mas se manteve entre os grandes da Câmara.
Os efeitos do mensalão foram moderados na eleição para a Câmara, em 2006 - o partido caiu de 91 para 83 deputados, mas se manteve entre os grandes da Câmara.
Partido avalia que só agora sente efeitos da Ação Penal 470
No período que antecedeu o julgamento da AP 470 - a ação do
mensalão -, a direção do PT bem que tentou transformar o escândalo numa página
virada. Acabou aprisionada no discurso de que os acusados de participar do
esquema tiveram um julgamento político. Não funcionou.
Prova disso é que o presidente do STF e relator da AP 470,
Joaquim Barbosa, tocaiado pelo PT durante todo o julgamento, é o segundo mais
influente cabo eleitoral do país. Segundo a última pesquisa Datafolha, 36% dos
entrevistados responderam que votariam num candidato indicado por Lula, enquanto
26% apoiariam um nome apoiado por Barbosa - a ex-senadora Marina Silva (PSB,
ligada ao Rede Sustentabilidade) ficou em terceiro com 18%.
Em algum momento do processo eleitoral de 2014, o PT julgou
que poderia eleger uma superbancada para a Câmara dos Deputados. Houve quem
falasse em 130 deputados federais. Mas isso foi antes de junho de 2013, quando
a presidente Dilma ainda sustentava índices de aprovação na casa dos 57%.
Na esteira do mensalão, o PT perdeu alguns de seus
principais puxadores de votos, como José Dirceu, João Paulo Cunha e José
Genoino, em São Paulo. O partido agora aposta no ex-presidente do Corinthians,
Andrés Sanchez, para puxar votos no Estado. Mas por enquanto ele é apenas isso
mesmo: uma aposta.
Com a queda de Dilma nas pesquisas e Lula no banco de
reservas, cada vez com menos chances de entrar em campo no lugar da presidente,
o PT se articulou para construir pelo menos uma fortaleza em um dos três
maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio. Se perder a
eleição presidencial, o governo de um desses três Estados será importante para
a reestruturação do partido. Basta lembrar que São Paulo e Minas é que
asseguraram a sobrevivência do PSDB, nesses quase 12 anos de exílio do governo
federal.
Não é à toa que o PT comprou uma briga com o PMDB, no Rio de
Janeiro. Pelas pesquisas conhecidas, o senador Lindbergh Farias tem hoje tanta
possibilidade de se eleger para o governo do Estado quanto seus principais
adversários do PMDB (Luiz Fernando Pezão) e do PDT (Anthony Garotinho).
Mas
quando Lula abraçou o nome de Lindbergh, no ano passado, o PT tinha uma
expectativa mais otimista em relação à candidatura do ex-presidente da UNE.
A avaliação sobre as possibilidades de Alexandre Padilha, na
disputa pelo governo de São Paulo, também já foi melhor. Ele corre o risco o
até de ser largado ao mar, se Paulo Skaf comprovar que pode ser o nome dos
partidos aliados no segundo turno.
Em nenhum Estado o PT é o grande favorito. A exceção é
Minas, o único dos três maiores colégios eleitorais em que lidera as pesquisas.
O que não deixa o PT mais otimista em relação ao futuro de seu candidato, o
ex-ministro Fernando Pimentel. Natural. Em Minas, o apoio de Aécio Neves (PSDB)
tem tudo para ser decisivo na eleição para o governo.
Dilma foi muito pressionada por uma parte do PT a prestar
solidariedade aos réus do mensalão, mas manteve-se à distância, baseada nas
pesquisas. Entre partidos aliados do governo, avalia-se que o PT também
"puxa" Dilma para baixo, nas pesquisas.
O mensalão é só o eixo. Há o escândalo envolvendo a
Petrobras, mais recente, e outros que só agregaram valor à associação feita da
imagem do PT com a corrupção.
De Erenice Guerra, acusada de tráfico de
influência quando Dilma ainda era candidata, ao deputado André Vargas (PT-PR),
que não consegue explicar sua relação com o doleiro Alberto Youssef, passando
pelas consultorias do ex-ministro Antonio Palocci.
A direção do PT já se deu conta do estrago que o tema
corrupção, um dos estandartes das manifestações de junho passado, pode
representar nas eleições.
A palavra de ordem de Lula é para o partido é dar
respostas imediatas às denúncias, como aconteceu recentemente com o deputado
André Vargas, "convidado" a se desfiliar do partido (O PT fez isso
com Delúbio Soares, no escândalo do mensalão, mas depois readmitiu o seu
ex-tesoureiro). Luiz Moura (PT-SP), flagrado numa reunião com um integrante da
facção criminosa PCC, foi suspenso.
A questão da corrupção, parece ser mais latente em São
Paulo, onde o partido enfrenta outros problemas, como a rejeição à
administração do prefeito Fernando Haddad.
Impressionam os índices de São
Paulo, medidos pelo Datafolha. O secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, ficou
particularmente intrigado com as simulações de segundo turno.
Dilma perde até
para Eduardo Campos, por 43% a 34%. "Estes números não teriam grande
significado se na lista de primeiro turno a disputa trouxesse uma informação de
razoável equilíbrio", analisa. "Não foi o caso. Na lista plena Campos
teve apenas 6% de indicação".
O senador Aécio Neves (PSDB), o candidato no encalço de
Dilma, já tenta tirar proveito dessa situação. Numa comparação de sua
candidatura com a de Eduardo Campos, o tucano disse que ele é o
"adversário histórico do PT". Campos, até bem pouco tempo, convivia
sob o mesmo teto com Lula e a presidente Dilma.
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