terça-feira, 17 de junho de 2014

Gilberto Carvalho veste a fantasia de defensor da democracia e inimigo da ditadura, para defender propostas ditatoriais e tentar destruir a democracia

gilberto


Quando eu digo que algumas pessoas da direita ainda estão na infância política quando pedem “intervenção militar” (e pelo fracasso da Marcha da Família, são pouquíssimos os que pensam assim), eu não estou brincando. 


Os marchistas (termo que uso para definir aqueles direitistas que ainda sonham com uma intervenção militar, como em 1964, o que jamais vai ocorrer) falam aquilo que sentem, quase como um desabafo, mas sem qualquer traço de estratégia política. 

É somente na infância que as pessoas tem o direito de se limitar a dizer o que sentem, especialmente quando pensam ideias erradas, tanto em termos morais como estratégicos.


Enquanto isso, Gilberto Carvalho tem um plano para implementar um programa ditatorial e sabe que seu partido, o PT, tem arquitetados diversos projetos para tentar solidificar uma ditadura no estilo da Venezuela por aqui. 


Porém, como podemos ver em uma entrevista que ele deu à última edição da Carta Capital (nas bancas), o discurso dele jamais fala em implementação de uma ditadura, mas de mais democratização. 


Ou você acha que ele vai falar o que sente? Estratégia política, meu filho…

Para mostrar que eu não estou exagerando, veja este momento, quando ele defende o decreto ditatorial de Dilma Rousseff:
O decreto de certa forma antecipa o debate eleitoral radicalizado. Além disso, há um papel hoje desempenhado muito fortemente na mídia por um setor organizado de direita que combate qualquer forma de democratização, de aproximação de setores populares com o governo.
Deu para notar o padrão, não? Para ele, a proposta ditatorial de Dilma é uma “democratização”. 

Mas o que existe de “aumento de democratização” em um decreto que permite o aparelhamento estatal com organizações sociais já vinculadas ao governo? 


Qualquer pessoa intelectualmente honesta sabe que a democratização já existe de forma plena, com o direito ao voto para todos. Já a implementação de “conselhos” cria uma “tropa de elite” que nem de longe representa todos os cidadãos. 


Não passa do truque dos sovietes, quando grupos de cidadãos são eleitos para servirem de fachada para o governo. Quando estes grupos atuam (sempre escolhidos e financiados pelo próprio governo), os governantes totalitários dizem: “Vejam, é a sociedade participando”.


Para termos uma ideia da dimensão do truque (e já que estamos em ritmo de Copa do Mundo), imagine que a CBF resolva criar três conselhos de pessoas, pagas pela própria entidade, e com uma única finalidade: validar tudo que a CBF fizer. 


A partir daí, se alguém reclamar, o presidente da CBF dirá: “Ei, não falem mais nada, pois a sociedade civil participou das decisões”. Em suma, esse é o truque dos sovietes e o decreto de Dilma não passa disso: um truque sujo para implementar uma ditadura.

Mesmo sabendo ser praticamente um líder de implementações totalitárias, Carvalho imputa essa culpa aos direitistas. 


Veja o nível da cara de pau:
Temos um fenômeno novo no Brasil: uma direita militante que se expõe, diferentemente de um passado recente, quando ainda como rescaldo da ditadura estes setores envergonhavam-se.
Observe a tentativa de associar a direita à ditadura. É obvio que ele sabe que nenhum dos colunistas de direita apoia ações ditatoriais, mas para ele isso não importa. 

A propaganda dele é tão repetitiva quanto falsa: ele diz defender democracia, e garante que seus oponentes querem ditadura.
Agora leia isso, onde ele se repete quanto ao quesito “defensor da democracia”:
[...] independentemente da disputa eleitoral, há uma vigilância permanente contra qualquer forma de avanço da democracia. Taxa-se de inconstitucional tudo aquilo que pode representar uma partilha do poder.
Na ótica dele, a criação de sovietes é “avanço da democracia”. Duro é ele explicar como a estipulação de conselhos (criados pelo próprio governo, para que estes conselhos finjam representar toda a sociedade) vai significar “mais democracia”.


Veja abaixo um truque do qual já falamos ontem:

O que mais me preocupa é uma certa pregação do ódio. Quando você usa adjetivos como “petralhas”, você planta o ódio. Tenho receio de que a eleição vá além do debate político e que se tente criar uma divisão na sociedade. Eles nos acusam de dividir a sociedade, mas quem planta essa divisão é quem prega o ódio.

O jogo aqui é Imputação de Ódio no Discurso Dialético do Oponente. Ou seja, qualquer coisa que o oponente disser contra os petralhas, é chamado de “discurso de ódio”. Mas será que ele reconheceria que chamar direitistas de “coxinhas” seria também “discurso de ódio”? Claro que ele jamais reconhecerá isso, pois o jogo que ele joga só deve ser jogado contra direitistas.


Esse é Gilberto Carvalho, um sujeito incapaz de falar algo sem usar um estratagema vergonhoso e desonesto. Mas é como já disse: para essa gente, a linguagem não é uma ferramenta, mas uma arma.


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